Descenso: Insone

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Wang Yibo chegou em casa, novamente após uma das grandes crises causadas pelo TOC. Ele não aguentava mais os próprios surtos internos, e saiu na madrugada chuvosa para esvaecer todo o resto da confusão mental que insistia em ficar impregnada em si.

Mas, depois de algumas horas - que ele nem percebeu passar sentado no meio fio -, um homem desconhecido lhe ofereceu apoio.

No começo ele ficou confuso, principalmente por nunca falar com estranhos, mantendo os poucos diálogos apenas para seus sobrinhos e seu irmão e não para pessoas de fora do seu pequeno círculo social; mas depois conseguiu trocar algumas palavras com o homem um pouco mais alto e, acabou voltando para casa.

Ele sabia que tinha um corpo fraco, podendo facilmente ficar doente, mas mesmo assim havia ficado na chuva interrupta igual a alguém que já havia desistido da vida - Bem, não é como se não fosse isso que estivesse acontecendo.


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Agora em casa, havia tomado banho e colocado as roupas encharcadas na máquina de lavar. Depois pegou um pano e secou o rastro de água que deixou na casa e, descartando o pano ele foi para a cozinha. Abrindo uma grande gaveta ele pegou a medicação e tomou, para finalmente tentar dormir.

O jovem escritor tinha problemas com o sono. Além de não conseguir dormir no escuro sem que tivesse alguém de confiança por perto, tinha uma grande insônia, que muitas vezes debilitava a saúde física e mental dele. Então, como todos os dias, ele iniciou a preparação para dormir.

Deixando a luz do banheiro da suíte ligada e a televisão também - em um canal de música qualquer e com o volume baixo – ele deitou na cama, olhando para o grande teto de vidro que permitia que ele observasse a variação de pontos claros no céu, e a grande lua no meio das estrelas brilhantes. Era esquisito, não podia negar, já que no meio da noite ele sempre puxava um lençol e tampava os olhos, como se pudesse se proteger de tudo que lhe fizesse mal.

Quando estava pegando no sono normalmente seu cérebro entrava em constantes pensamentos e, então acabou lembrando que havia prometido ao homem que o ajudou que enviaria uma mensagem quando chegasse em casa.

Pegando o celular em cima do sofá do quarto, ele digitou a mensagem para a pessoa desconhecida que havia o ajudado.

Não esperando uma resposta tão cedo ele voltou para cama. Depois de mais uma hora com os olhos fechados ele pegou no sono. 


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Xiao chegou em casa depois do acontecido com o homem, e logo tratou de tomar mais um banho e se trocar, já que metade do seu ombro estava encharcado por tentar dividir o guarda-chuva com alguém já totalmente molhado.

ChaiChai encarava ele com desentendimento, afinal, quando uma pessoa sairia de casa em um tempo assim?

Já passava das 4h quando a tela do seu celular piscou, indicando notificação. Ele passou os olhos pela mensagem enviada pela pessoa com o nome gravado com um emoji de guarda-chuva. Era do homem que ele ajudou.

"Eu estou em casa. Obrigada por se preocupar... e me desculpe." - Xiao repetiu a mensagem da outra parte em voz alta. 


- Afinal, por que ele está se desculpando? Por acaso ele matou alguém, e eu aconselhei um assassino? Com aquele rosto eu acharia difícil ele perder a vida sendo alguém ruim... não é? - Agora o ator perguntava ao seu gato, que claramente não lhe deu resposta.

- O que está dizendo? Por que está pedindo desculpas? Não tem porquê disso. - Zhan digitou em resposta.


Como era tarde, ele arrumou algumas coisas e foi para o quarto dormir. Agora definitivamente deveria descansar nos dois dias de folga e, não ficar saindo por aí como se não estivesse exausto - ele percebeu isso quando deitou na cama acabado de sono.


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Yibo acordou às 8h. Mais tarde do que o normal. Depois de tomar banho e fazer as higienes pessoais, ele limpou a casa e fez o café preto que tomava sempre antes de trabalhar. Quando terminou a bebida ele encheu a xícara novamente e, pegando o celular foi para o escritório da grande casa.

Ele estava criando uma nova história, e por algumas questões estava tendo dificuldades que levavam ele a ficar muito nervoso e ansioso, já que os leitores esperavam muito da sua parte.

Sentando na cadeira giratória ele ligou o computador, e respondeu as últimas mensagens do celular.

Ele ficou um tempo olhando a mensagem mandada pela pessoa que lhe deu apoio. Claro, ele sentiu necessidade de se desculpar, já que o homem não tinha nada a ver com a sua crise e mesmo assim parou para lhe ajudar. Mas o homem disse que não tinha porquê se desculpar, então ele se sentiu culpado por escrever aquilo. Observando o celular ele fechou os olhos e pressionou as têmporas - ele realmente tinha a impressão de conhecer a pessoa que lhe ajudou, já que o rosto do outro mesmo no escuro e parcialmente coberto era bonito; os olhos eram característicos e havia uma aura boa sobre ele..., mas quem seria essa pessoa?

Talvez por ter visto ele enquanto tinha a visão turva Wang Yibo estava com dificuldades de associar o homem a alguma pessoa específica. 


- Eu não sei por que, mas sinto que já nos conhecíamos... - Ele digitou, pensando no quanto estava pirando por ser tão direto assim.


Eu tive a mesma impressão, finalmente. Pensei que eu estava pirando. - A outra parte respondeu.


De repente, em um estalo Yibo se lembrou da onde conhecia a pessoa, e chegou a arregalar os olhos em tamanha surpresa. Como pôde ser tão lerdo?

A pessoa que lhe ajudou não era ninguém mais, nem menos, do que o grande ator e cantor, Xiao Zhan.

Ele não sabia o que pensar. Como alguém tão importante viu ele em uma situação constrangedora como a da noite passada? Sim, ele estava acabado, iria se enfiar em um buraco para nunca mais sair.


- Ooh, eu conheci o renomado Xiao Zhan, mas eu estava péssimo. Estou me sentindo prejudicado agora. - Foi a única coisa que conseguiu pensar em escrever para o ator. 


Oh, eu devo me preocupar por você me reconhecer? Você não é um maníaco certo?  


- Quem no mundo não conhece Xiao Zhan? Se eu não te conhecesse eu seria exilado da China agora mesmo.


Eu não sou tão bom assim, nem todo mundo me conhece.


- Não é tão bom? Você está sendo modesto.


Tudo bem, você me reconheceu..., mas por que tenho a impressão de te conhecer também?


Não sei, eu estava irreconhecível naquele dia, então se você me conhecer eu vou ficar surpreso.


Você trabalha com o quê?


Sou escritor.


Escritor... Eu deveria pedir primeiro o seu nome, não faz mais sentido?


Ah... meu nome é Wang Yibo. 


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