Descenso: Ruptura (Parte 2)

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Xiao Zhan acordou no meio da noite para tomar água, mas assim que saiu do quarto viu a luz da suíte de Yibo vindo do fundo do corredor - já que a porta do menor estava entreaberta.

Mexendo a cabeça e arqueando as sobrancelhas o ator caminhou pela casa, e foi de encontro a claridade. Quando chegou na porta do escritor, Xiao Zhan entrou calmamente no cômodo que estava gelado ao extremo, fazendo com que ele se encolhesse, e esfregasse as mãos nos braços.

Ele viu o mais novo deitado com um pano cobrindo os olhos, a luminária refletia o pouco de pele branca como jade que estava fora do lençol. O menor estava encolhido com a coberta até o pescoço, e sua boca estava entreaberta, como se estivesse respirando com alguma dificuldade.

O ator se aproximou da janela, e confuso a fechou, já que não queria que Yibo ficasse doente.

Não querendo acordar o menor, Xiao Zhan ficou alguns instantes observando como Yibo dormia como uma criança com medo da escuridão.

Ele não pôde deixar de ficar encarando por minutos os lábios em formato de coração e piscou repetidas vezes, saindo do quarto com passos apressados, mas tentando não fazer barulho.

Xiao Zhan seguiu o caminhou para a cozinha, bebeu água, e voltou para o quarto de hóspedes.


- Eu só posso estar pirando. - O ator dizia para si mesmo enquanto tentava voltar a dormir.

- ..., mas por que ele estava dormindo com a janela aberta?

- Xiao Zhan, pare de se preocupar, sim? Durma! Durma! - tentando entender a situação, Zhan fechou os olhos, e acalmando a mente dormiu pelo resto da madrugada.


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A manhã logo chegou, mas a luz do sol não apareceu.

A chuva cessou dando lugar a primeira neve do ano em Xangai. Em meio ao inverno rigoroso, a cidade tomou uma coloração branca por conta dos flocos de neve, deixando muitos animados, e outros solitários. Era inegável como uma estação podia mexer tanto com o sentimento das pessoas, causando muitas vezes até mesmo o sentimento de vazio ou calor – por mais que o exterior estivesse congelado.

Xiao Zhan acordou não tão cedo.

Mesmo que ele estivesse aquecido, quando viu a neve pelo grande vidro da sala, a sensação de vazio lhe pegou. Ele odiava o inverno, não gostava de chuva e não gostava de neve, mas sempre usou delas para fugir da ansiedade, e isso fazia com que ele se sentisse hipócrita.

Saia na chuva porque todos estavam muito preocupados para perderem tempo olhando para si. E também agradecia a neve por deixar alguns tipos de fãs em casa, lhe dando um pouco de espaço pessoal.

Era doloroso para ele. Ele não queria pensar assim, mesmo que sua vida fosse boa, e ele estivesse repleto de amor, não deixava de ser cansativo, e ele não podia negar querer descanso. Mas odiar e agradecer tanto o tempo era estranho para ele.


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Deixando os pensamentos de lado, Xiao Zhan foi a cozinha preparar o café para Yibo, já que sempre foi o menor que fazia isso por eles, e naquela noite parecia claro que o escritor havia dormido mais tarde que ele.

O ator fez para si um chocolate quente, e para Yibo um café preto sem açúcar - do jeito que o mais novo gostava.


- Ele bebe café demais. Deveria comprar descafeinado e trazer dá próxima vez. - Xiao disse colocando uma colher suja na pia.


Como passava das 11h e Yibo não havia acordado, Xiao foi de encontro a ele. Batendo na porta do quarto do menor, e entrando depois de um tempo.


- Yibo..., Bo-Di, acorde.

- Eu já fiz o café. Na verdade, está quase na hora do almoço.


Mesmo que Xiao continuasse chamando o mais novo, Yibo não dava sinais de que iria acordar.

Se aproximando dele, Xiao Zhan começou a balança-lo sutilmente.


- O café vai esfriar. A primeira neve também chegou, levante e veja.


- ... Zhan-Ge. - Depois de ser balançado, e chamado continuamente, Wang Yibo apenas conseguiu murmurar o nome de Xiao, que quase não entendeu.


- O que houve Bo-Di?


Ficou claro para Xiao Zhan que Yibo não estava bem, já que ele não tinha forças o suficiente para abrir os olhos, e mantinha as sobrancelhas tão franzidas que formava sulcos e vincos claros no rosto impecável de jade. Yibo até mesmo estava tendo calafrios.

Xiao Zhan segurou os braços de Yibo por cima das cobertas, tentando acalmar o corpo do menor. Depois levou uma das mãos a testa do escritor, que estava extremamente quente.


- Você está com febre porque dormiu com a janela aberta! Eu vou pegar o remédio e trazer algo para comer.


Yibo rapidamente balançou a cabeça em negação.


- Não. É o meu estômago. Estou com dor de estômago, mas não se preocupe Zhan-Ge. - O mais novo sussurrou encolhido como uma bola, pressionando o abdômen por baixo do edredom.


- Estômago? Então além de febre você está com dor de estômago?

- Como não me preocupar? Você está tremendo, com febre e dor de estômago, e quer que eu fique tranquilo? Dá última vez eu tive uma queda por conta do ritmo de filmagens, você faltou me matar pedindo para que eu me cuidasse, agora você está realmente doente, e eu não devo me preocupar? Deixe de ser assim. - Xiao Zhan disse depois de voltar da cozinha com dois remédios, uma bacia com água, e uma toalha para regular a temperatura do outro – os dias indo na casa do escritor ajudaram nessa situação.


- Eu estou acostumado. Você sempre fala como se ficar internado por exaustão não fosse nada.


- Eu sei que você se preocupou naquela época, e que eu estava me negligenciando, mas o que você está fazendo agora? Pelo menos eu tinha você e meus irmãos ao meu lado. Mas se eu não estivesse aqui você avisaria alguém? Te conhecendo eu duvido. Seu irmão só ficaria sabendo quando você já estivesse morto.


- ... Não é como se eu não quisesse morrer. Eu apenas não posso fazer isso. 


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