O filho do dono do morro e Ela

Capítulo 1

ISABELLY

Mais uma vez eu chego chorando em casa, subo direto para o meu quarto e nem respondo a minha mãe que tenta falar alguma coisa comigo. Jogo a minha mochila no chão do meu quarto que está sendo iluminado somente pela luz que entra da janela.

Eu me odeio, odeio essa vida de merda que estou levando, odeio o ensino médio, odeio o diretor da porra daquela escola, odeio os professores e os alunos, eu odeio meu corpo.

Se eu não fosse tão "fofinha" como eles dizem eles não teriam motivo pra fazer bullying comigo, que merda eu não sou "FOFINHA" eu sou uma idiota gorda. Eles não sabem como eu queria ter nascido com outro corpo, ser bonita igual a essas atriz de novela. Eu queria ser magra, com cabelo liso e tudo que essas outras garotas são, eu queria ser qualquer outra garota menos eu.

Eu queria poder ter um namorado, eu queria não ser tão zoada, queria não dá motivos pra eles me chamarem de "balofa", " Isa a orca", " baleia fora d'água", ou de "fofinha", eu queria não odiar ser eu e que alguém gostasse de mim pelo que eu sou.

Ouço minha mãe bater na porta do quarto e chamar meu apelido.

Mãe: Isa, posso entrar?- ela pergunta já estando dentro.

Isa: Você já tá aqui, eu não posso nem ter privacidade.- seco as minhas lágrimas com as mãos.

Mãe: Meu amor você tá chorando de novo.- ela vem pra perto de mim e me abraça.

Isa: Mãe, eu não aguento mais aquela droga de escola.- começo a chorar de novo só que dessa vez nos braços da minha mãe.

Mãe: Eu vou na escola falar com o diretor, não é possível que permita um absurdo desses na escola.- minha mãe começa a ficar nervosa.

Isa: Não mãe, não faz isso.- olho pra ela e imploro.- Eles vão fazer pior se a senhora ir lá.- minha mãe começa a chorar também.

Mãe: Desculpa a mamãe filha, é tudo culpa minha.- Fico vendo a minha mãe se culpar, queria poder dizer que não é culpa dela, mas eu nunca quis ir pra uma escola particular ela praticamente me obrigou.

Isa: Eu só quero sair de lá.- sou sincera.

Mãe: Você não pode dar esse gostinho pra eles minha filha.- olho incrédula pra ela.

Isa: Eles vão me destruir se eu continuar naquela escola, vou ficar louca mamãe.- choro mais ainda.- eu prefiro mudar de escola do que ser internada em um hospício.

Mãe: Já entendi minha filha.- ela me conforta.- Amanhã mesmo vou buscar sua transferência, vou conversar com seu padrasto quando ele chegar, fica tranquila.

Isa: Obrigada mãe, te amo.- abraço minha mãe o mais forte que eu consigo.

Mãe: Não precisa agradecer, foram 3 meses infernais vendo vc passando por isso tá na hora de tomar alguma atitude.

Eu conversei mais um pouco com a minha mãe, ela saiu pedindo pra eu descansar enquanto ela faz a  janta. Fiquei no quarto o restante do dia pedindo a Deus que a nova escola fosse a melhor coisa que iria me acontecer.

Estou no último ano do ensino médio, com meus 17 anos, mas não tive um dia de paz nessa escol a em que eu estudo, pois ele infernizam minha vida com o maldito bullying.

No outro dia mamãe chegou falando que já tinha conversado com meu padrasto e que eles decidiram me mandar pra morar com a minha vó, no morro, até eu me formar e que depois eu decidia o que eu gostaria de fazer com a minha vida. Eu concordei com tudo o que eles me disseram qualquer lugar é melhor do que essa escola aonde eu estava.

No mesmo dia que a minha mãe pegou minha transferência eu comecei a arrumar as malas eu não queria perder tempo nesse lugar, queria recomeçar e que o meu Deus fosse bondoso comigo, e eu vivesse uma vida tranquila com a minha vó. Eu amava morar com a minha mãe e o padrasto mas infelizmente os jovens daqui foram bem cruéis comigo.

Mãe: Toda semana eu vou mandar dinheiro pra você ok?- Falava ela enquanto se despedia.

Isa: Ok.- abracei ela.

Mãe: Obedeça a vovó ok?

Isa: Ok.- me soltei dela e olhei pro meu padrasto que colocava as minhas coisas no porta malas do carro dele.

Mãe: Vai dá tudo certo lá, e me ligue pelo menos três vezes na semana ou eu ligo, entendeu?- me encara séria

Isa: Entendi mãe, agora eu tenho que ir se não o papai vai ficar estressado.- chamar meu padrasto de pai é algo natural desde que eu era bem novinha.

Mãe: Tem razão, vá logo e tome cuidado, e se começar a namorar eu quero saber.- sorrio do último comentário, eu não sei quem seria o corajoso que iria querer ficar comigo.

Entro no carro com meu padrasto e ele começa a dirigir enquanto eu procuro alguma música no rádio, me animo quando começa tocar a música "idiota" do jão.

Pai: Espero que tudo seja melhor pra você por lá.- ele fala enquanto mantém os olhos na estrada.

Isa: Eu também.- confesso.