capítulo três

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Eu não conseguia entender o porquê de nosso jogo ser o último.
Apenas me deixava mais ansiosa.
Não tinha visto os meninos o dia inteiro e, provavelmente só os veria em alguns minutos quando tivéssemos que ir para o ônibus.
Os meninos estavam nervosos, então achei melhor não mandar mensagem para nenhum deles. No ônibus a gente podia se falar e torcer para o clima se regular.
Seleção brasileira e baixo astral não era um bom sinal!

Terminei de conferir meu checklist antes de descer para o saguão onde os outros da comissão estariam, para irmos juntos para o ônibus.
A gente sempre entrava primeiro e deixava que os jogadores entrassem por último, para a mídia captar apenas eles.

Fui a segunda a adentrar o ônibus e cogitei sentar ao lado de meu irmão, que foi o primeiro, mas, ao invés disso, fui para outra cadeira e me sentei do lado da janela.

O resto da comissão se acomodou em seus lugares e logo os jogadores começaram a subir. Inconscientemente, eu sabia que estava guardando aquele lugar para Richarlison, mas ele nunca era um dos primeiros a entrar.
Os garotos começaram a se acomodar nos lugares de sempre, exceto por Antony, que, ao invés de se sentar ao lado do Martinelli, como sempre fazia, veio em minha direção e ocupou o lugar vazio ao meu lado.
Richarlison entrou logo depois e se sentou ao lado de Paquetá, mas não antes de franzir a testa pra mim.

—Como foi a organização hoje?— Antony questionou tocando de leve meu ombro e eu respirei fundo

—Tem sido um inferno!— Digo em
resposta e respiro fundo— E como foram os treinos? Soube que você não vai entrar como titular...

—Sim, mas não estou chateado com isso. É claro que eu ia gostar muito de ser titular—Ele fala rindo um pouco e eu sorrio junto— Mas entendo a necessidade de ficar no banco. Eles precisam de um jogador que tenha velocidade e que não carregue o cansaço de 90 minutos de jogo. Posso não ser titular nessa copa, mas na próxima, pode ter certeza!

—Eu tenho!— falo com firmeza e Antony sorri pra mim, agradecido pela confiança

—soube que brigou com uns garotos da espanha...

—Não briguei! Eles que são inconvenientes!—Falo irritada e vejo a cara de julgamento padrão de Antony— Não tenho que lidar com jogador egocêntrico de outras seleções! Ja basta vocês.

—Não somos tão egocêntricos assim!— Antony disse e eu sorri revirando os olhos

Durante todo o trajeto os jogadores não demonstraram estarem nervoso. Muito pelo contrário, eles cantavam e dançavam, ouviam músicas altas e animadas. Realmente parecia que estavam tranquilos com eles mesmos.
Acabaram contagiando todos do ônibus com seu entusiasmo. Não havia ninguém que não estivesse completamente no espírito da copa ali presente.
Todos acreditavam na vitória da seleção.

Quando o ônibus parou no estádio, já sabíamos como seria a recepção. Câmeras para todos os lados, jogadores sendo filmados a cada passo até a entrada no vestiário e, por fim, a equipe técnica que não ficava de fora das filmagens. Era o momento que eu menos gostava.
Não tinha como não aparecer nas filmagens.
Apenas naquela hora, as pessoas lembravam que Tite também tinha uma filha, pois era a única vez que eu aparecia pra o público.

Os jogadores desceram completamente desordenados, mas isso não importava para os repórteres. Eles só queriam imagens boas deles para o pré-jogo.
Desci junto com Antony e tive que me esforçar para não fechar os olhos e sair andando como se fosse cega.
Ter todas aquelas luzes de câmeras apontadas bem em sua direção pode ser bem intimidador.
Antony não parece se importar, ja que segue andando como o príncipe da Inglaterra enquanto eu tenho que me concentrar para dar os passos certos.

Treat you better- Pedri González Onde histórias criam vida. Descubra agora