A walk to remember

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#Elena P.O.V. #

Luke caminhava de mãos nos bolsos, apesar de estar de noite o ambiente estava surpreendentemente quente, eu admirava-o discretamente por baixo das pestanas sempre que nos aproximávamos de um poste de luz na rua para poder olhar para ele e ver o seu cabelo loiro perfeitamente desgrenhado e os seus olhos azuis e o silêncio fez-me divagar nos meus pensamentos por alguns minutos. Ele nunca ia gostar de alguém como eu, sou demasiado comum, pele nem muito clara nem muito morena, cabelo pouco abaixo dos ombros quase a chegar a meio das costas castanho, a minha roupa era como a de qualquer outra rapariga, o meu corpo não é nada de perfeito apesar de achar que não sou magra ou gorda demais, não tenho piada mesmo quando acho que sim e sou pequena. Luke, pelo contrário, é alto, loiro de olhos azuis, tem uma barba pequena loira muito sexy, aquelas covinhas... Oh meu Deus... Eu também tenho covinhas mas acho que não me ficam nada bem até porque tenho umas bochechas esquisitas.

- Estás muito calada Elena. - disse-me alto o suficiente para eu ouvir á primeira mas ainda seria considerado baixo por qualquer pessoa que ouvisse.

- Estou a pensar. - apressei-me a responder.

Não percebia porquê era tão fechado, as únicas vezes que se abria era quando estava a cantar então decidi mudar de estratégia.

- Cantas muito bem. - fui sincera.
A iluminação era pouca mas foi suficiente para vê-lo tentar esconder um pequeno sorriso quando as pontas dos seus lábios se elevaram um pouco.

- Elena, não te entendo.
O quê? O que queria aquilo dizer? Ele é que dava uma de mister misterioso e volátil e não me entendia??

- Tem ali um café adorável com uns docinhos maravilhosos. Elena, gostarias de me acompanhar? Provavelmente vamos é ter que esperar um bocado está sempre lotado. - nem me deixou lhe responder, mudou logo de assunto, às vezes irrita-me profundamente mas sempre gostei de desafios suponho que é isso que ele é.

- Sim. - Porquê não? Tudo para passar mais tempo com ele.
Quando entramos um rapaz dirigiu-se a nós.

- Brad, mesa para dois. - apressou-se Luke a dizer ao acenar-lhe com a cabeça e o rapaz pareceu admirado franzindo o sobrolho.

- Esperem um pouco. - disse-nos Brad por fim.

Estava de cabeça baixada, sentia os olhares focarem em nós... Em Luke para ser mais específica, quem conhecia a banda ficava contente e comentava, as raparigas que não conheciam a banda ajustavam-se nas suas cadeiras para parecerem mais altas, pegavam em seus telemóveis como se fossem um espelho para arranjar os cabelos.

Ouvi duas raparigas falarem:
- Quem é aquela?
- Não deve ser ninguém importante, um gato daqueles nunca sairia com alguém como ela.

Sentia-me envergonhada e queria enterrar-me no chão para deixar as minhas lágrimas escorrer, não era por me criticarem, era por doer que elas tivessem razão. Luke olhou para mim, devia ter ouvido o que elas disseram e como se percebesse o que eu estava a sentir, agarrou-me pela cintura e puxou-me para si, o seu toque tinha algo elétrico. Quando estava perto dele agarrou a minha mão e entrelaçou os seus dedos nos meus, baixou-se o suficiente para os seus lábios tocarem nos cabelos que tapavam a minha orelha e sussurrou:
- Está tudo bem Elena, eu estou aqui contigo.

Pegou numa mecha de cabelo que me tapava os olhos e colocou-a delicadamente atrás da orelha, atrevi-me a espreitar por baixo das pestanas para as raparigas e os queixos delas quase caíram, sentia-me bem...

Brad tinha que nos interromper, chegou e indicou-nos uma mesa num canto do lado oposto da janela e a cerca de 13 passos do balcão.

- O que vão desejar?

- Elena? - perguntou me Luke cortesmente.

- Tomarei o mesmo que tu. - não fazia ideia dos gostos dele mas como ele conhecia o café e estava sempre lotado qualquer coisa seria bom apesar de eu ter a impressão que aquilo era um restaurante pus me a divagar enquanto Luke pedia.

As toalhas eram brancas com rebordos cuidadosamente trabalhados estavam colocadas na diagonal e assim permitiam que se visse outras toalhas vermelhas escuras lisas a combinar com os guardanapos.

Brad trouxe-nos dois crepes de chocolate e banana e dois iced teas de pêssego.

- Espero que gostes Elena.

- Está ótimo Luke obrigada.

Ele sorriu-me abertamente, a primeira, última e única vez que o tinha feito fora no dia em que nos conhecemos. Já não parecia o Luke que à umas horas atrás estava tão carrancudo.

- No carro... O que me ias dizer? - não queria perguntar aquilo mas estava curiosa precisava de saber e ele era tão misterioso duvidava que me respondesse.

- Eu ia dizer-te aquilo que te disse ao bocado Elena. Que eu não te entendo, mas vá, despacha-te ainda temos que caminhar um pedaço até tua casa e não quero que a tua mãe me mate antes de eu pedir a tua mão.

O quê? Realmente quem não o percebia era eu!! Estava irritada, ele nunca quer saber e de um momento para o outro quer levar-me a casa, a comer para me dizer que não me entende e vai pedir a minha mão?

Comi rapidamente, queria ir para casa, disse a Luke que pagava mas ele insistiu então acabei por desistir, para além de tudo ainda era teimoso.

--

- O que querias dizer com "não te entendo"?

- Elena, passas todo o tempo com Michael, fazem tudo juntos parecem pombinhos e depois tens atitudes que me levam a crer que estás apaixonada por mim.

Merda, como ia sair desta enrascada agora?

- Michael tornou-se uma pessoa muito importante para mim Luke, sim passo os dias todos com ele e não o conheço assim há tanto tempo e talvez seja um bocado repentino tudo isto mas Michael é o meu melhor amigo, creio que isso não vem com instruções e não faço ideia como funciona porque o mais perto que já estive de ter amigos foram duas raparigas que estudavam comigo ocasionalmente e quase não falávamos.

- Elena...

Porra porquê que ele tinha que ser tão sexy a dizer o meu nome? Porquê ele dizia o meu nome vezes sem conta? Isso deixava-me frustrada.

- Luke...

Continuamos a caminhada em silêncio.

- Chegámos... - informei - Queres entrar?

- Acho que hoje não Elena.

Pelo amor da santa eu não o ia morder não conseguia perceber porquê ele me afastava tanto principalmente depois daquele momento no café.

- Luke eu...

Mas antes que eu conseguisse acabar o que ia dizer...

- Shhhhh... Não digas nada Elena.

Ele encostou a sua testa á minha, as nossas respirações eram pesadas, inspirávamos e expirávamos em sincronia, colocou a sua mão direita no fundo das minhas costas e com a esquerda pegava delicadamente nas mechas de cabelo soltas para colocá-las atrás da minha orelha.

- Não te deixes afetar por aquelas raparigas - disse-me por fim - és linda Elena, simplesmente maravilhosa. - acabara com o silêncio e acabara comigo, não conhecia aquele sentimento, apenas dos livros que lia, dos filmes e das séries, nunca me tinha sentido assim por ninguém.

Estava a morder o lábio e tudo o que conseguia pensar era o quanto queria sentir os seus lábios grudados nos meus.

- Tenho que ir - ele disse bruscamente e vi-o afastar-se com o seu ar elegante e ao mesmo tempo despreocupado, aquela graciosidade que apenas Luke tinha.

Divided ↠ l.h. & c.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora