Cap 1 - O bastardo

428 36 102
                                    

O velho consultava alguns manuscritos antigos, os dedos enrugados passando pelas páginas amareladas com cuidado.
O quarto estava iluminado apenas pela luz amarelada de algumas velas, criando sombras dançantes nas paredes de pedra.

O ar era pesado com o cheiro do pergaminho antigo e cera derretida que enchia as narinas de Edemont. Ele balançava a cabeça, a expressão marcada pela aflição, soltando um profundo suspiro de lamentação.

— Temos pouco tempo. — ele resmungou, a voz rouca reverberando no silêncio da sala.

Ele se levantou da poltrona de couro envelhecido, que rangeu sob seu peso, e virou-se para enfrentar o rei Daemon de Effry. Daemon, um homem de meia-idade com cabelos loiros que começavam a mostrar fios brancos, estava à sua frente.

Sua armadura de placas, ainda reluzente apesar do uso, refletia a luz das velas, e o manto de lã pesada pendia de seus ombros largos. O rei parecia exausto, os ombros curvados sob o peso de suas preocupações.

— E o que podemos fazer? — perguntou Daemon, a voz carregada de desesperança.

O velho, cujo nome era Edemont, fitou o rei com olhos vermelhos de cansaço. Rugas profundas marcavam seu rosto, e ele parecia à beira da exaustão. Sor Edemont se sentou novamente na poltrona, passando os dedos pelas rugas em sua testa, o semblante revelando uma irritação crescente.

— O que você quer que eu faça, meu rei? Estamos perdendo a batalha. — disse, a voz carregada de frustração.

Daemon, cuja preocupação era mais que perceptível, exaltou o tom de sua voz, quase em um grito.

— Sor Edemont, o senhor é sábio, venceu todas as batalhas de Ivor. Sempre me ajudou e ajudou ao meu reino, então me diga...o que posso fazer para vencer, Sor Edemont?

Edemont suspirou novamente, olhando para o manuscrito diante dele, após um longo silêncio, ele respondeu.

— Eu amo Leiftan tanto quanto você, vi esse menino crescer, apeguei-me a ele, mesmo sabendo que não deveria, mas você sabe o que tem que ser feito.  — Edemont suspira não gostando das idéias que Daemon tinha para Leiftan. — Acredite, se eu pudesse ajudá-lo, já teria feito há anos, tente entender isso...tudo o que você tem a fazer é entregá-lo para a feiticeira amanhã, nosso reino entrará em ruínas se não o fizer.

Daemon murmurou em resposta, um tom de desgosto na voz.

— Que assim seja...eu nunca deveria ter trazido esse garoto para meu reino. — seus olhos revelavam uma mistura de tristeza e arrependimento enquanto se afastava do quarto.

Sor Edemont ficou olhando fixamente para o fogo alto de sua lareira, as chamas dançavam, projetando sombras inquietas nas paredes de pedra.
O reino iria parar de sofrer, era questão de poucos dias, ele esperava por esse momento impiedosamente. Ele sentiu um calafrio correndo por sua espinha, Sor Edemont se sentia obrigado a salvar o menino, mas não via como fazê-lo.

⚔✦⚔

Leiftan estava deitado em sua cama, suas botas jogadas pelo chão de madeira desgastada. O quarto era simples, com paredes de pedra nua e uma única janela pequena que deixava entrar a luz fraca do entardecer.
O dia tinha sido cansativo, e seu olhar se perdia no vazio, de repente, ele escutou alguém bater à porta, piscou, ainda se sentindo cansado, e se sentou na cama, respondendo.

— Entre! — exclamou, a voz jovem e cheia de curiosidade.

Um dos servos de seu pai entreabriu a porta de madeira maciça e anunciou.

— Seu pai deseja vê-lo, meu príncipe. — o servo disse enquanto segurava a porta como se a mesma fosse cair.

— Tudo bem, diga que vou me encontrar com ele. — suspirou Leiftan.

The Honor Of FiveOnde histórias criam vida. Descubra agora