Cap 4 - A guerra de Easton Gray

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Leiftan olha ao seu redor, vê Rhea com um olhar desesperado, ela dava pequenos passos para trás tentando alcançar Leiftan sem precisar correr.
O silêncio deve contar do lugar. O vento balançava as folhas das árvores fazendo os troncos fracos pelo frio ranger.
As criaturas se aproximavam mais, deixando os dois cada vez mais cercados. Era um campo aberto e plano, a neve cobria o chão. Ao redor deles havia muitas árvores, praticamente cercavam as duas crianças.

Leiftan não conseguiu decifrar se eram humanos ou animais, na verdade era uma mistura dos dois.
Eles eram altos e esqueléticos, tinham chifres compridos em uma textura amadeirada, os olhos eram penetrantes, brilhantes em um tom avermelhado. As mãos eram grandes com unhas pontudas e afiadas como navalhas.

O que realmente deixou Leiftan mais intrigado era o ponto claro no peito das criaturas que chegava exaltar algum tipo de brilho, a pele das criaturas era cinzenta, um cinza manchado em preto na maior parte do corpo.
Leiftan já havia visto muitas criaturas diferentes, mas nunca nada daquele jeito.

—Leiftan...Eu estou com medo. — Rhea fala com a voz trêmula.

Leiftan olha para a garota, uma das criaturas havia entrado no meio dos dois. Agora Rhea estava de costas para um deles sem que percebesse. A poucos centímetros de encostar nela.

Leiftan olha a situação sem saber o que falar ou o que fazer.
A criatura coloca uma das mãos no ombro de Rhea. O nervosismo consome cada centímetro do corpo dela.
As mãos da criatura subiam pelo pescoço de Rhea deixando um rastro de sangue.
As unhas da aberração passaram como navalhas rasgando a pele fina e pálida da garota.

— Rhea! — Leiftan grita e corre em direção a menina.

Duas das criaturas o seguram por trás.
Rhea tenta se debater para se soltar, mas seus impulsos são em vão.
A criatura que segurava Rhea agora vira seu rosto de frente para ela.
Seus olhos se encontram com o de Rhea.

Rhea tenta tirar a faca do bolso de sua roupa mas falha ao deixar ela cair e afundar na neve. A criatura olha para a faca que havia acabado de cair e volta a atenção para a garota dando um sorriso que fazia a espinha de Rhea se arrepiar por completo.

Cada vez a criatura apertava mais o pescoço de Rhea fazendo com que ela ficasse cada vez mais roxa.
A visão de Rhea estava ficando turva, ela não conseguia mais enxergar Leiftan, apenas um borrão. Os braços agora transitórios de Rhea tentavam arranhar ou tirar as mãos da criatura de seu pescoço, mas a criatura era bem mais forte que a pequena Rhea.

A grande criatura vira-se em direção a Leiftan para mostrar o que estava fazendo com sua amiga. Os olhos de Leiftan estavam vermelhos e cheios de lágrima, além de um enorme desespero correndo por seu corpo, ele também estava sentindo raiva.

O sangue de Rhea escorria pelos braços e pingava na neve branca no chão.
Mais uma vez Leiftan tenta se soltar mas as criaturas apertavam mais seus braços. Elas não estavam machucando ele, era como se eles apenas quisessem machucar Rhea.
A criatura que segurava Rhea estava com o peito mais brilhante que antes, como se ele estivesse sugando toda a energia de Rhea para si próprio.

Uma voz feminina chama a atenção de Leiftan que olha para os lados procurando o que poderia ser. Leiftan olha entre as árvores com curiosidade, procurava mas não consegue ver nada.
Logo ele perde a concentração na voz da mulher.
Um barulho que Leiftan já sabia o que poderia ser o deixa em transe.

Ele estava com medo de olhar, já sabia o que havia experimentado. Tudo parecia estar em silêncio agora, ele não ouvia mais os passarinhos ou o choro de Rhea. Tudo parecia um zumbido em seu ouvido. Alto e contínuo.

Ele se vira devagar já vendo sua amiga Rhea no chão. A garota estava deitada de barriga para baixo e com metade do rosto afundado na neve. Rhea estava desacordada. Leiftan não conseguiu ver se a garota estava respirando. A única coisa que Leiftan conseguiu prestar atenção era na quantidade de sangue que havia envolta do pescoço da garota e no chão.

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