The Honor Of Five

Cap 7 - Sangue e segredos

Leiftan estava sentado na beirada de sua janela vendo os flocos de neve caírem pelo chão, o mesmo chão que já estava coberto por ela. Na noite passada houve uma nevasca forte que deixou o sul da floresta negra completamente branca como nuvens que cobriam o céu em um dia de verão. Leiftan sopra um pouco de ar quente de sua boca e começa a desenhar passando seus dedos no vidro levemente opaco por conta do frio, ainda não havia saído de seu quarto, ele estava preguiçoso, algo o estava deixando impaciente e não tinha vontade de fazer nada o resto do dia todo.

Enquanto fazia alguns rabiscos em sua janela lembra-se de Rhea, seus pensamentos não mudavam, ele pensava em Rhea mais do que pensava em si mesmo.
Seu dedo indicador vai desenhando o nome da garota na janela, talvez isso fosse o amor, ele não tinha muita certeza . Seu pai não amava Héstia de verdade, nunca soube o que era um amor verdadeiro vindo de pessoas adultas.

Batidas na porta o tiram de seu devaneio, ele limpa o nome de Rhea do vidro com a manga de sua camisa e logo se afasta da janela.*

-Pode entrar. - Leiftan fala indo em direção a sua mesa onde seu caderno de desenho estava aberto com algumas outras coisas sob ela.

A porta se abre e sua mãe entra no quarto, eles não estavam conversando muito, Leiftan não dava chance para a mulher se explicar e Aeryn queria dar espaço para o filho se sentir confortável. 

-Temos visitas, um amigo da família veio conhecer você. - ela caminha e se senta perto da mesa onde Leiftan estava distraído com suas coisas. 

-Certo...posso ir mais tarde? Estou um pouco ocupado no momento. -diz Leiftan enquanto riscava em um pedaço de papel com uma caneta tinteiro velha.

-Pode ser mais tarde. -Aeryn passa a mão pela testa de Leiftan afastando a franja que cobria seus olhos para o lado. -Me diga uma coisa, querido, algo aconteceu?

Leiftan hesita em falar alguma coisa, a ponta de sua caneta já havia rasgado o papel fino a algum tempo, mas ele não havia percebido. O menino solta a caneta a colocando ao lado do pequeno frasco de tinta fresca que estava sob a mesa maciça de madeira e fita sua mãe, havia tantas coisas para perguntar mas não sabia como se expressar a sua frente, seus olhos descem em direção a sua mão que estava sendo coberta pelas mãos de sua mãe. As mãos de Aeryn estavam geladas, não apenas pelo frio intenso que estava fazendo, mas também pelo nervosismo de querer falar com o seu filho e não saber com fazer isso.

-Porque você fez aquilo comigo? Eu era apenas um bebê, certo? -os olhos do garoto encontram com os de sua mãe, os dois transmitiam tristeza e arrependimento.

Aeryn olha para seu filho dando um sorriso desanimado, ela parecia ter milhares de coisas passando por sua mente no momento, seus olhos negros como duas pedras de carvão brilhavam enquanto ela observava Leiftan. 

-Seu pai me procurou, fortuna e glória era tudo o que ele gostaria de receber em troca de um acordo. -ela respira fundo. -Não pedi dinheiro ou tesouros como pagamento para o feitiço, apenas uma criança saudável e que fosse especial.

-Especial como? - Leiftan interrompe sua mãe. - Dorian é o pai de Nix e Griffin, porque ele não poderia ser o meu também? 

-Você é a chave para a profecia! Você pode fazer coisas surpreendentes, querido. -Aeryn da um sorriso doce e gentil para Leiftan. -Eu não posso mais ter filhos com Dorian, é uma história complicada e não iria ser saudável se uma criança nascesse como uma aberração.

Aeryn levanta de sua cadeira e logo se afasta de Leiftan, ela caminha até a janela onde o garoto estava sentado a pouco tempo atrás e olha os pinheiros altos com as folhas congeladas.

-Daemon foi um homem cruel que só pensava em si mesmo, assim que você nasceu, o dinheiro foi ficando cada vez maior para o reino, ele podia ser considerado o rei com mais fortuna que já existiu em todos os dez reinos. - Aeryn suspira. - Ele sabia que isso só estava acontecendo por você estar vivo, foi por isso que ele resolveu levar você de mim.