Cap 10 - A porta

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Leiftan ainda não conseguia entender o que havia acontecido a pouco tempo atrás, ele se senta na cama enquanto ouve os passos de Aeryn e Dorian ficando cada vez mais longe, até que ele não pudesse mais ouvi-los. Seu sonho ainda parecia tomar conta de sua cabeça, como quando você se apaixona por alguém e não consegue mais tirar essa pessoa de seus pensamentos. Mas Leiftan estava decidido de que aquilo não era apenas um sonho, pelo menos era um sonho diferente como os que ele tinha costume em ter, mas o que deixava Leiftan mais intrigado era o fato de Aeryn ter ficado aparentemente desconfortável, ainda mais quando Leiftan citou o nome de Leda.

-Ótimo...acho que já está na hora de levantar. - Leiftan fala sozinho.

Leiftan já havia se acostumado a falar sozinho. Não que isso fosse algo novo na vida do menino, mas antes ele tinha sua irmã Ellowen e seu irmão Hegon, com quem ele costumava a conversar sempre que quisesse. Atualmente, Leiftan prefere falar com as paredes ou consigo mesmo quando Mysha ou Aeryn não estão por perto.

Talvez, Leiftan estivesse aprendendo suas técnicas de falas solitárias assim como Davy, mas isso não era discutível para Leiftan, já que o menino acreditava que a maneira que Davy se portava era surpreendentemente algo de um homem completamente lunático e desprovido de qualquer grande capacidade de pensar em muitas coisas, que dessem certo, é claro.

Leiftan caminha até sua janela ainda vendo a espessa camada de neve que cobria todo o chão do jardim do castelo. Sua meia irmã mais velha, Nyx, estava ao lado de fora, ela parecia concentrada, mas não ao ponto de não notar que Leiftan estava a vendo pela janela. Nyx acena para Leiftan e dá um pequeno sorriso carinhoso para o seu irmão.

Leiftan pensa em acenar pelo menos por um segundo, mas assim que o menino vê seu irmão Griffin, seu sorriso some automaticamente. Nyx até poderia ser uma irmã atenciosa quando Leiftan precisava, mas seu defeito era ser grudada em Griffin como malditos gêmeos ou coisa do tipo. Griffin ao contrário de Nyx, não consegue conversar apenas por 1 (um) minuto com Leiftan sem ofende-lo ou perder a paciência.

Leiftan sai de seu quarto, enquanto caminhava, seus sapatos fazem barulhos um tanto engraçados que enchiam o corredor, fazia Leiftan se lembrar dos sapatos de Hestia quando ela corria atrás dele para dar um cascudo ou uma bronca. Leiftan dá um suspiro lembrando de quando ainda morava no castelo com sua família, ele podia afirmar que não era um sonho, estava muito longe disso, mas ele cresceu em Effry.

No meio do caminho, enquanto ainda estava andando, ele vê novamente a porta de onde ouviu Aeryn gritando com alguém à alguns dias atrás. Talvez fosse o quarto de Mysha. Leiftan queria arriscar, sua curiosidade estava o matando por dentro. Leiftan olha para os lados e fica em silêncio por um tempo antes de ir até a porta, ele gostaria de ter certeza que ninguém iria aparecer e lhe dar um grande sermão.

A porta estava bem a sua frente, nada poderia impedi-lo de ver o que estava guardado atrás daquela porta. A mão de Leiftan vai em direção a porta e gira a maçaneta de prata com uma serpente desenhada no meio. Um pequeno arrepio percorre pela espinha de Leiftan quando a porta se abre e uma brisa gelada escapa do lado de dentro desse quarto escuro, o menino não conseguia ver nada, mas podia ouvir que algo ou alguém estava ali.

Um grunhido baixo como de alguém ferido, chama atenção de Leiftan que entreabre ainda mais a porta. Leiftan dá um pulo logo em seguida quando alguém puxa a maçaneta logo ao seu lado. Por alguns instantes Leiftan se recusa a olhar quem estava ao seu lado, ele respira fundo e continuava a olhar para a porta de madeira de carvalho negro a sua frente, sua visão havia escurecido repentinamente por conta do susto.

Uma voz ranzinza ao pé do ouvido do Leiftan já o fez perceber quem era. Graças aos Deuses era apenas Davy, ou infelizmente era Davy. O velho parecia furioso como Leiftan nunca havia visto antes, certamente havia algo que Leiftan não poderia ver ali, não teria sentido toda essa bronca e desespero por conta de algo fútil.

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