Olá, sou Vanessa Daya Liss e, aos 31 anos, gostaria de relatar um capítulo intrigante da minha vida. Quando eu tinha apenas 14 anos, uma noite aparentemente comum se transformou em um memorável 'jantar em família'...
- Vanessa, isso é sério? Que desapontamento! Sua mãe pode não ser um gênio, mas consegue preparar pratos melhores que os seus - lamenta o pai, com um tom de decepção.
A mãe retruca, como se fosse óbvio: -Se eu ousasse servir algo assim para o seu pai, ele me ensinaria tão rapidamente a cozinhar.
-Peço desculpas, Carlos. Se o jantar não está à altura das suas expectativas 'perfeitas'- Vanessa responde, lançando um olhar incrédulo para a mãe. -Você parece tão acostumada com a ideia de ser maltratada por meu pai. Bem, saiba que jamais permitiria que alguém encostasse um dedo em mim. Agora, se me dão licença, perdi totalmente a fome. -Vanessa se levanta e deixa a mesa de jantar, com a indignação estampada em seu rosto.
Sabe, não sei como minha mãe consegue olhar para o rosto do meu pai ainda.
MAIS TARDE - NA MESMA NOITE
22:47h
Lá estava Vanessa, imersa em uma conversa pelo telefone fixo.-Aí amiga, sério? - perguntou Penélope.
-Sério, Penélope. Estou tão cansada da minha mãe se rebaixando por um cara sem noção.
-Poxa amiga, você fez bem em dizer aquilo . Ainda bem que meus pais estão sempre dispostos a me agradar - respondeu Penélope com gratidão.
-Privilégio de ser filha única, rs.
-Sim, ontem pedi um par de All-Stars e, no dia seguinte, eles já me entregaram o cartão de crédito - riu Penélope.
Enquanto Vanessa estava imersa na conversa, um grito repentino ecoou do quarto de seus pais.
-Vanessa!! Está tarde, vá dormir!- ordenou a voz de sua mãe.
-Desculpa, Penélope, tenho que ir dormir. Boa noite.
-Boa noite, gata - despediu-se Penélope antes de Vanessa desligar o telefone.
Enquanto Vanessa se encaminhava para seu quarto, captou a conversa de seus pais à distância.
-Você viu, Vanessa? Ela só fica nesse telefone durante a noite -mãe
-Eu sempre disse que essa garota é folgada, mas você nunca acreditou- replicou o pai
-Está sempre trocando o dia pela noite. Bem, tenho refletido sobre o que você disse, amor- mãe
-Sobre ela trabalhar? Acho uma ótima ideia. Pelo menos assim ela para de passar o tempo no telefone- pergunta o pai.
-Exatamente. Vou entrar em contato com o Jorel amanhã cedo, depois dela ir para a escola. Parece que ele precisa de uma atendente para a loja dele - confirmou a mãe. Vanessa, ouvindo isso, sentiu uma onda de raiva, especialmente porque detestava Jorel. Sempre que ia lá para fazer compras, ele a assediava. Ela também ouvia histórias de outras meninas que passavam pela mesma situação, ou até mesmo parentes delas. Jorel, de 31 years , era o dono da "Loja de 1,99", embora fosse raro encontrar algo a esse preço por lá. Ele ajudava no atendimento da loja e as meninas da escola de Vanessa frequentemente falavam sobre suas experiências desagradáveis com ele, acusando-o de assédio. Algumas até tinham trabalhado lá, mas saíam logo em seguida, alegando o mesmo comportamento. Embora um boletim de ocorrência tivesse sido registrado contra ele, não havia provas suficientes para incriminá-lo. No entanto, Vanessa manteve a calma e, calculista, dirigiu-se ao seu quarto. Sentando-se em sua cama, pegou seu caderno e uma caneta preta que estava ali e começou a escrever. Vanessa adorava escrever, era seu refúgio diário para encontrar conforto na maior parte do tempo. Ela criava histórias com personagens felizes, permitindo-lhe escapar de sua dura realidade.
NA MESMA NOITE 25/05 00:10
Após escrever, ela guardou seu caderno e caneta na escrivaninha preta ao lado da cama, quando alguém bateu à porta."Quem será, meu Deus?" se questionou, já cansada. Ela se dirigiu à porta e a abriu, revelando seu pai.
'Pai? -surpreendeu-se, devido ao horário.
-Acordada até essa hora, né?- "Neh" era um apelido carinhoso que seus pais costumavam usar para Vanessa, abreviando seu nome como uma expressão de afeto. No entanto, eles pararam de chamá-la assim quando ela tinha apenas 11 anos. (Ela estranhou que ele a chamasse assim novamente).
-Eu estava escrevendo... Mas já estava me preparando para dormir - respondeu com um vazio em seu tom.
-Filha, eu sei que você ama escrever, mas o pai já disse que isso é perda de tempo
-Eu sei...- respondeu secamente.
-Mas não é sobre isso que o pai quer falar com você.
-Talvez eu já saiba o que vai dizer.
-Olha, você vai fazer 15 anos nesta sexta-feira e acho que já é hora de começar a trabalhar. Mesmo que fique com raiva de mim e de sua mãe, essa não é uma decisão sua. E não pense que o dinheiro que receberá poderá ser gasto com o que bem entender; vai ajudar em casa.
-Eu já sabia, vão me colocar para trabalhar com o Jorel, aquele seu amigo. Não confio nele.
'O Jorel é meu amigo e eu confio nele."
-Que sabe que se foda, Estou cansada disso tudo, cansada de como você trata mamãe e a mim!
Carlos, após ouvir as palavras de Vanessa, a atingiu com tanta agressividade que ela caiu na cama.
-Você está louco?! -ela exclamou, assustada.
Ele rapidamente cobriu a boca de Vanessa. -Desculpa, papai. Filha, o papai está com raiva. Você sabe que nunca colocaria um dedo em você - disse, retirando a mão da boca dela. Vanessa, com um olhar raivoso, permaneceu calada.- O Jorel nunca colocaria a mão em você. Eu sou amigo dele há quase 17 anos.
-Acho que você não o conhece tão bem.
-Por que diz isso, Vanessa?
-Esquece não importa .
-Está bem, mas estou aqui.
-Eu sei, ela respondeu, confusa.
-Bom, boa noite, pequena.