Capítulo 17

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O clima na casa Byers estava horrível.

A maioria dos moradores mal se falavam, Joyce havia pedido uns dias de folga no trabalho, mas ficava quieta na maioria do tempo. Jim saia para o trabalho e voltava tarde, as vezes quando todos já havia se deitado, mas todos na casa sabiam que depois da morta de Alice Creel, ele estava tentando localizar mais algum sinal de atividade suspeita na cidade. Vance já quase não falava com ninguém antes, agora tinha piorado tudo e Jane também já era muito quieta antes, então não mudou muito.

As aulas já haviam iniciado, então nenhum dos adolescentes podiam se dar o luxo de perder tantas aulas logo no na volta. Mas de qualquer forma, não adiantaria nada se matar de tanto pensar no que fazer de agora em diante, o melhor era esfriar a cabeça antes de tomar qualquer decisão importante.

Já estava de tardinha quando Jane se deitou em sua cama com as luzes apagadas, seria um bom momento pra pensar e ficar tranquila. Mas o cansaço da escola falou mais alto e a garota acabou dormindo.

O Mundo dos Sonhos é descrito como um reino onde se formam contos e pesadelos, existem três tipos de sonhos.

O Fisiológico: é aquele que dramatiza algo que acontece com nosso corpo.

O Psicológico: é aquele que exprime nossos estados íntimos.

E o Espiritual: é a lembrança de uma atividade desenvolvida pelo Espírito no mundo espiritual durante o sono.

E nesse momento, Jane se encaixava muito com o terceiro, a única diferença era que ela ainda estava vivendo o sonho. A garota abriu os olhos e se viu deitada em uma grama fofinha, Jane se levantou e olhou ao redor, mas não tinha nada. Era como um grande vazio disfarçado de jardim.

Onze começou a andar na esperança de conseguir achar algo ou alguém, mas não havia nada.

Até que de repente uma figura ajoelhada no chão se fez presente a alguns metros dela, sua primeira reação foi correr até lá, e quando chegou, a garota de surpreendeu ao ver Alice Creel sorrindo gentil enquanto admirava uma flor.

— A-alice...?

— Olá! — olhou para a garota — Você é muito linda Onze, tem a idade da minha filha.

— Você... você morreu, acharam seu corpo e-

— Sim, acharam meu corpo — ficou de pé — Eu não me importei quando ceifaram a minha vida cruelmente, eu não sabia o que era viver faz muitos anos, mas eu não posso aceitar que tenham machucado minha menina. Meu irmão ingrato e amaldiçoado levou minha, ele mesmo a matou com suas mãos, e eu só vou conseguir descansar em paz se tiver certeza que você tem tudo o que precisa para acabar com ele.

— Eu não entendo...

— Vai entender no final.

— Final? Mas final do que-

Foi interrompida quando Alice tocou sua testa com os dedos e o cenário de jardim tomou forma da antiga casa dos Creel.

— Tem algumas coisas que meu irmão não achou prudente mostrar para vocês quando levou a garota Wheeler em uma viajem pelas suas lembranças. Coisas que eu presenciei quando era criança, mas que ele me convenceu de que tudo aquilo fazia parte de uma brincadeira. Quando ele matou nossos pais e tentou me matar pela primeira vez, eu percebi que não era bem isso.

Jane a seguia enquanto a mulher subia as escadas com as mãos entrelaçadas na frente do corpo, ela mantinha a expressão séria enquanto falava.

— Henry tinha uma espécie de laboratório no sótão da casa, nossos pais nunca entravam lá então ele tinha toda liberdade pra fazer o que quisesse.  Uma vez eu subi lá na inocência de que ele aceitaria brincar comigo e presenciei um tipo de experimento com vários tipos de aranhas.

A lembrança mudou, e agora elas estavam no sótão enquanto o a pequena Alice espiava o irmão sentado no chão.

— O que é isso?

— No começo eu não sabia, mas depois entrei escondida aqui e percebi que ele estava misturando os venenos de vários tipos de aranhas pra criar um só.

— E deu certo?

— Mais ou menos, estava dando mas nossos pais descobriram o que ele estava fazendo, injetando daquele veneno nele mesmo e quebraram as coisas dele, o líquido caiu no chão e corroeu o piso. Foi nesse dia que tudo aconteceu, quando ele matou nossa mãe na mesa de jantar.

— Alice, o que você quer me dizer?

— Quero dizer que boa parte do DNA do Henry foi modificado pelo veneno das aranhas, vocês não podem vencer ele com armas normais e coisas do tipo, não vai dar certo.

— Então como nós fazemos?

— Vocês precisam de algo que combata o veneno de aranha, algo que pode ser tirado de um animal predador...

A mulher a olhou com expectativa como se esperasse que Jane completasse a frase, mas garota parecia ainda confusa.

— O escorpião, é um dos predadores de algumas espécies de aranha, vocês precisam fazer o mesmo processo com o veneno e usar nele. Precisa ser no pescoço, que é onde ele injetava antes.

— Você já viu como ele está agora? A agulha vai quebrar se a gente tentar enfiar nele.

— Sei que vocês vão dar um jeito, eu confio que vocês vão trazer a paz pra essa cidade outra vez. Hawkins não sabe o que é ficar totalmente tranquila desde muito tempo, é hora disso mudar — Alice segurou as mãos de Jane dentre as suas — Vocês vão conseguir, você vai conseguir — ela se afastou, seu corpo começando a se desfazer — Adeus Jane.

No minuto em que a mulher desapareceu, Jane sobressaltou na cama, ofegante ela se levantou olhando em volta. Ela não sabia ao certo se aquilo tudo foi real ou foi um delírio dela, mas na situação em que estavam, toda ideia era bem vinda.

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Unlike || Will Byers X Vance Hopper Onde histórias criam vida. Descubra agora