Capítulo 4

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Joyce conhecia o temperamento forte do marido, então não foi surpresa quando Jim explodiu com o sobrinho. Tudo aconteceu em questão de minutos, uma hora estava tudo bem e tranquilo, e na outra ambos os Hopper's começaram a brigar. Vance Hopper não era do tipo que abaixava a cabeça, isso Joyce pode perceber bem, mas durante a briga, por alguns segundos ela conseguiu ver uma exitação no olhar do mais novo.

Então quando Vance saiu batendo a porta, ela o acompanhou. O garoto tinha se sentado no capô do carro de polícia de Jim, e mantinha sua cabeça baixa, na visão de Joyce o garoto parecia estar bem mal. Mas não era bem assim...

Mentalmente, Vance pensava em todas as coisas em que gostaria de ter xingado seu tio, na hora da briga, as palavras o atingiram, mas agora ele pensavam mais claramente. Uma coisa a se considerar, era que quando o garoto foi sequestrado, o tio viajou até Denver para ajudar no caso.

Os policiais não pareciam nada empenhados em investigar o sumisso de Vance Hopper, o garoto problema da cidade, o qual todos temiam e muito provavelmente odiavam. Óbvio que os policiais não iam o procurar, menos um problema para a cidade, é claro. A força policial só pareceu se envolver profundamente no caso, quando Bruce Yamada foi pego.

Vindo de família rica, e sendo o exemplo de garoto perfeito aos olhos da cidade, Bruce Yamada era muito amado. Obviamente todos se ofereceram para ajudar na busca, e os policiais revistavam cada beco sujo da cidade, parte disso poderia ser porque a família Yamada era uma grande colaboradora dos projetos da cidade, o senhor Yamada doava muita grana pro prefeito. Se Bruce não tivesse sido achado com vida, a cidade estaria em maus lençóis em quesitos financeiros, o que quase aconteceu, já que o garoto estava bem ferido quando foi encontrado. Todos os garotos estavam...

Billy tinha mordidas e arranhados feitos por um cachorro, fora os machucados internos. Robin tinha um dos lados do pescoço todo ferrado por ter tentado fugir, a pancada na cabeça fez com que sangue escorregue por seu rosto. Felizmente Finney foi o menos machucado, ele não chegou até a segunda fase. Bruce tinha sangue na boca pelos socos, cortes de facas e um braço quebrado. Griffin infelizmente não tinha resistido, ele teve sua garganta cortada e os garotos foram obrigados a conviver com o cadáver do garoto junto deles no porão. E Vance...

O Hopper teve seu nariz quebrado, alguns cortes de pancadas na cabeça, já que nos primeiros dias já que o único jeito do Grabber o manter quieto era o apagando, Vance passou para a segunda fase rápido demais, o garoto caiu no jogo do sequestrador, e por ter lutado mais, teve mais ferimentos tanto internos quando externos. Mas o Hopper preferia apagar essa época de sua vida, preferia fingir que nada aconteceu no verão passado e seguir sua vida.

Vance estava imerso em seus pensamentos, que deu um leve sobressalto quando sentiu braços ao seu redor. Diferente de Billy, Vance não tinha adquirido problemas com toques em seu corpo, mas não percebeu que alguém se aproximava naquela hora. Joyce o abraçou com firmeza, ela não dizia nada, sabia que se quisesse conversar, ele mesmo iniciaria o diálogo. Jim já tinha contado tudo o que o garoto passou, e Joyce sabia que era difícil conversar sobre coisas ruins. A três anos atrás quando Will passou pelas coisas ruins do mundo invertido, foi difícil fazer com que ele se abrisse. E talvez essa seja a chave para ajudar Vance.

Joyce não o entendia, nem Jim e muito provavelmente nem os pais do garoto. Mas Will e Jane... ah, eles o entendiam bem. Talvez não em todas as partes, mas em algumas, sim. E com um pouco mais de tempo, a fachada iria se rompendo.

Joyce continuou o apertando por mais alguns segundos, antes de lhe dar um beijo na testa -o qual Vance o recebeu com uma expressão confusa- e entrar para dentro de casa, logo voltando para perto dele com uma coberta em mãos e a colocando por cima dos ombros do garoto, que ainda olhava a mulher com estranheza.

Joyce se despediu, e por alguns segundos, Vance sentiu um pequeno calor no peito.

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Do lado de dentro da casa, Will observou toda a cena com um pequeno sorriso no rosto. Sua cama ficava perto da janela, e quando viu sua mãe caminhando lá pra fora, passou a observar. No dia seguinte, seus amigos se reuniriam em sua casa para jogar, e seria uma boa oportunidade pra apresentar Vance para eles, suas mãe já tinha o dito que o garoto também tinha seus demônios, e Will queria ajudar, ele sabia bem o quando era difícil.

Ainda com esse pensamento, o Byers se deitou ao lado de Jane, que estava adormecida em sua cama com o Walkie-talkie ainda na mão, retirou cuidadosamente o aparelho da mão da garota, e a cobriu, logo também se cobrindo e apagando as luzes.

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Unlike || Will Byers X Vance Hopper Onde histórias criam vida. Descubra agora