III

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— Ô Carolina, cadê o Denki? — Francisco perguntou, chegando por trás da esposa na cozinha

Ela estava lavando os pratos, e se assustou com a repentina aparição do marido, quase deixando um dos copos de vidro cair. Ela olhou com raiva para ele, deixando o copo sobre a pia com mãos trêmulas enquanto a expressão do Alves se tornava apreensiva.

— Pelo amor de Deus, homem! Me dá um susto desse de novo pra você ver!

— Desculpa, meu chuchu, foi sem querer. — o moreno disse, calmo e de aproximando com cuidado, abraçando a cintura da mulher que tinha os braços cruzados e expressão entediada

— Tá, o que é que você quer? — Ana Carolina revirou os olhos, corando levemente diante das atitudes costumeiras e melosas do maior

— O Hitoshi tá lá fora. — revelou, apontando para algum canto aleatório atrás de si — Ele quer ver o Denki.

— Caramba, por que não deixou o menino entrar, Francisco?! — ela saiu resmungando apressada para fora da casa, indo abrir a porta e convidar o filho de sua melhor amiga

— Mas... Ah, deixa pra lá. — Francisco suspirou, indo entrando na casa até chegar no quarto do filho, a abrindo sem bater e dando um susto no garoto que estava em pé no meio do quarto, com um pijama azul — Que é que tu tá fazendo aí? — Denki iria falar algo, mas logo foi interrompido pelo Alves mais velho — Quer saber, esquece. O Hitoshi tá ali fora querendo falar contigo.

— Oi?! — revirou os olhos — Ave, e ele nem me avisa, aquele arrombado. — reclamou, saindo do quarto

— Olha a boca!

Revirou os olhos mais uma vez, chegando até a pequena sala da casa, observando Shinsou sentado no sofá, com as pernas cruzadas e uma expressão de tédio sem tamanho, que mudou assim que Kaminari parou na frente dele, e então sorriu. Ele estava relativamente arrumado para somente uma visita na casa do amigo.

— O que é que tu quer? — o loiro perguntou desconfiado, cruzando o braços

— A gente vai num rolê com uns caras. — ele informou, o pegando desprevenido

— Hein? Assim? Do nada?

— É. — ele sorriu maior ainda

— Não vai dar, tô sem grana.

— Eles vão pagar pra gente.

O menor fez uma careta desconfiada e ao mesmo tempo aterrorizada, recuando um passo para trás.

— Tô querendo me envolver com esse povo não, Hitoshi, já tô ferrado demais na escola...

— Não é nenhum agiota, sua besta. — o arroxeado respondeu, rude. Se levantou e se aproximou de novo do outro — Bora lá, eles são legais, e são ricos!

— Você não era burro assim antes não, Hitoshi! Onde que alguém é rico na tua favela se não agiota, gênio?

— Eles não são daqui, gênio. — ironizou ao dar um leve tapa na cabeça dele — São lá do Leblon.

— Piorou! — Denki recuou mais uma vez, ainda mais assustado, como se o nome lhe causasse alergia — Como tu fez amizade com aquele bando de engomadinho de Hillux? Tu nem tem dinheiro nem é famoso pra pagar amizade falsa.

— Só vai se arrumar logo, pelo amor de Deus! — o empurrou pelo ombro em direção ao quarto do mesmo — Tenta pôr uma roupa melhorzinha, vamo andar com gente rica, então vê se passa boa impressão pra bancarem a gente de novo na próxima vez.

— Se isso dar em merda a culpa vai ser toda sua, Hitoshi! — ele exclamou antes de fechar a porta do quarto, o deixando do lado de fora — E você que irá pagar minha fiança! — gritou de lá de dentro, fazendo o outro revirar os olhos uma última vez

Picolé Gourmet (ShinKami)Onde histórias criam vida. Descubra agora