32 - Sentimentos conturbados

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Lembrem-se que essa fanfic é uma adaptação, então, por favor, me avisem se haver erros de personagens.

Boa leitura :)
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Karina atendeu no segundo toque.   

— Foi o esconde-esconde telefônico mais longo da história. — Disse.   

— É, foi.   

— Tudo bem?   

Pensei que ouvir a voz dela mexeria comigo, me faria lembrar o que vivemos. Talvez até me fizesse sentir melhor. Mas só aumentou minha dor de estômago.   

— Tudo. E você?   

— Morrendo de saudade, Lis.   

— É mesmo? — Era bom saber que alguém pensava em mim.   

— Você lidou com o fim do namoro com mais maturidade do que eu esperava.   

— Ah... Obrigada.   

— Estou dizendo que esperava um milhão de mensagens, mas só recebi silêncio.   

— Desculpa.   

— Não, isso é bom. — Claro. Nada como o silêncio para reviver uma conexão. — Eu vi o seu tuíte. Você entrou no baile de formatura e enfrentou suas amigas sozinha. Mostrou ainda mais maturidade com isso.   

— Não foi bem assim. Uma amiga acabou entrando comigo. — Mas éramos amigas de verdade? O que Chan acabou de dizer era verdade?   

Fiquei surpresa por Rosé ter contado a Chan sobre o falso namoro sem me avisar. Especialmente depois de ele ter ido sentar perto de nós. Rosé devia ter me falado que Chan sabia. E quando ela contou? Hoje?   

Karina continuava falando. A voz dela me fez lembrar como o nosso relacionamento era fácil. Descomplicado. Não havia ex-namoradas para encarar, sentimentos para decifrar ou papéis para representar. Estávamos juntas, só isso.   

O silêncio do outro lado da linha me fez perceber que ela esperava que eu respondesse alguma coisa que nem ouvi.   
— Desculpa. O quê?   

— Quero te ver de novo.   

— Você quer?   

— Quero.   

Pensei em Rosé e no jeito como ela estava perto de Nayeon, rindo com ela.   

— Posso fazer uma pergunta?   

— É claro.   

— Do que você gostava em mim? — Eu me sentia bem pouco agradável.   

— Você é divertida. Tivemos bons momentos juntas. — Foi tudo o que ela disse. E parou, como se fosse uma declaração profunda, como se fosse o suficiente para me fazer voltar correndo. Não que eu a julgasse. Eu tinha certeza de que daria a mesma resposta, se ela tivesse feito a mesma pergunta.   

— A gente se divertia, mas você tinha vergonha de mim.   

— Não tinha.   

— Você não quis conhecer os meus amigos e nunca me deixou conhecer os seus. Isso me magoou, Karina.   

— Uau. Você está... diferente.   

Onde eu estava com a cabeça? Karina não era a resposta para a dor que eu estava sentindo pelo que Rosé havia acabado de fazer.   

— Acho que estou. Tenho que desligar.   

— Espera, Lis.   

— Não posso. Tenho que desligar. — Apertei a botão para encerrar a chamada e olhei pra a entrada do teatro.

Não sabia o que fazer. Acho que pensei que Rosé viria atrás de mim, mas ela não veio. Estava ocupada demais tentando voltar com Nayeon. Talvez eu devesse ouvir o que ela tinha a dizer, mas estava com muita raiva, e não voltaria lá de jeito nenhum. Não com Chan e Nayeon por perto.   

Eu não conhecia essa parte da cidade, mas vi um ponto de ônibus na esquina e várias pessoas esperando, o que indicava que ele poderia passar logo. Tirei os saltos e caminhei até lá. O ônibus chegou cinco minutos depois, tempo de sobra para Rosé ter ido me procurar.   

Ela não foi.   

Portanto, quando o ônibus se aproximou e vi a palavra "Naksan Beach" no letreiro digital, eu entrei. Eu tinha só uma nota de cinco mil wons, e o motorista resmungou enquanto pegava o troco.   

Sentei ao lado de uma mulher usando fones de ouvido, esperando que isso fosse um sinal de que não tentaria puxar conversa comigo, e me segurei para não chorar durante dez minutos.   

Meu telefone vibrou. Ignorei a ligação de Rosé. Em seguida veio uma mensagem. Fiquei com receio de ler, mas li.   

[Rosé]   

Onde você está?   

Não respondi. Não sabia o que dizer. Uma lágrima idiota escorreu pelo meu rosto. Eu a limpei, furiosa. Foi então que a mulher ao meu lado decidiu parar de me ignorar. Ela tirou os fones.   

— Tudo bem com você?   

— Sim, tudo.   

— Sabia que essa é a mentira mais contada no nosso idioma?   

Engoli um soluço.   

— Ah, meu bem, não chora. — E bateu no meu braço de um jeito encabulado.   

— Estou bem. — Repeti.   

Ela deu uma risadinha.   

— Por favor, não colabore com a mentira.   
Outra notificação no celular.   

[Rosé]   

Pensei que você estivesse no banheiro. E comecei a pensar que tinha morrido lá dentro, por isso fui ver se estava tudo bem. E o banheiro estava vazio. O Chan falou que você saiu chateada. Onde você está, Lisa?   

A mulher ao meu lado ainda parecia preocupada.   

— Problemas com garotas. — Falei, finalmente, esperando que ela me deixasse em paz. Mas isso a fez começar um monólogo sobre os adolescentes de hoje em dia.   

[Rosé]   

Se você não responder, vou chamar a polícia. Estou preocupada.   

Digitei depressa:   

[Você]   

Como você falou para o seu amigo que eu sou uma garota de programa, achei que você estava com uma ideia errada sobre a gente. Não sabia que era esse o papel que eu tinha que interpretar esta noite. Arrumei carona para casa.   

O telefone começou a tocar imediatamente. Eu não queria falar sobre isso pelo celular, cor ao lado de uma mulher que parecia pensar sec que os garotos deviam usar coleiras de das choque a partir dos treze anos. Além do sec mais, Mina podia estar ligando para dizer oit que eu estava reagindo como uma namorada, não como alguém que estava saindo com ela pela primeira vez.

Eu estava reagindo como namorada. E não era namorada dela.   

— Já vi que não estou ajudando. — A mulher concluiu.   

— Obrigada por tentar, de verdade.   

O ônibus parou, eu levantei e andei pelo corredor. Senti o cheiro do mar no segundo em que desci. A brisa e o som das ondas foram só uma confirmação secundária de onde eu estava. Eram só oito horas. Eu tinha mais quatro para choramingar pela praia antes de encontrar um jeito de voltar para casa.   

Uma hora depois, ouvi a notificação de mensagem.   

[Rosé]  

Sabia que os seus pais têm um rastreador com GPS no seu telefone?

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IG: @sofhix_

~Sofi

Girlfriend - Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora