Capítulo 9

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5 anos atrás

Obito - Autora

- COMO PODE REJEITAR A PRINCESA TALIA?! - diz o rei com fúria nos olhos.

- Ela... ela me menosprezou, na frente de todos. O senhor mesmo viu - diz obito, em um tom depreciativo.

- Como se estivessa errada - desdenha o rei - A garota apenas disse a verdade sobre seu comportamento.

- E que parte daquele discursinho era verdade? - Obito já tinha os olhos marejados.

- Ora, a parte em que dizia não teres completa decência em se contentar com qualquer mulher.

- Porque eu gostaria de me casar por amor. E não para o senhor meu pai ter um status maior.

Vossa senhoria então, move sua mão até o rosto de seu filho. Deixando a mostra, seus dedos distribuídos ao redor da maçã do rosto de seu único herdeiro.
Uma lágrima solitária escorre pela lateral esquerda do rosto de Obito.

- Nem é homem o sufisciente para aguentar um tapa sequer. Agradeça por não ser um soco.

Obito apenas se aproxima de seu assento real, desabando ali.
Em seus pensamentos, há apenas uma pergunta. "O que fiz para merecer algo assim?"

- Não queria que as coisas fossem assim. Mas quem disse que você colabora, Obito?

- Já tentou ao menos ter uma conversa civilizada com seu filho? Já pensou que poderia saber muito mais de mim desta forma, pai? - suas palavras saem entrecortadas pelo choro.

- Pois bem, abordamos esse assunto há um tempo atrás. Estávamos de acordo.

Seu pai caminha ao redor da sala de reuniões, com uma expressão indecifrável. Os olhos dele já estavam frios, sem cor. Opacos, para ser específico. Obito já sabia o que iria acontecer.
A noite iria ser mais longa do que desejara em toda sua vida.
Ele sabia que aquela noite era apenas mais uma cicatriz incurável e solitária de sua tragetória.
Ele só deseja que a dor se vá, assim como sua insignificante vida ao olhos do universo.

Dias atuais

Obito

- Aqui estamos, pai - fala olhando aonde seu rei estava deitado. Pálido, velho.

- Olhe só, chegamos até aqui.

- Mesmo depois de tudo o senhor nunca percebeu o que me causou?

- Sabe que tudo foi necessário - sua voz fica fanha, tossindo logo em seguida.

Eu logo solto uma gargalhada. Necessário? Punir o próprio filho através de socos, tapas, usando até mesmo objetos pontiagudos para me dar uma "lição".
Em troca de que? Poder, soberania? Esse homem nunca fez nada que contribuisse realmente para o meu crescimento. Para mim, ele é apenas aquele que me fez existir.
Minha mãe fez todo o resto.

- Tem algo de errado na minha fala?

- Não é nada. Estava apenas pensando no dia em que o ouvi dizer: "prefiro morrer a vê-lo tomar meu trono."

Ele imediatamente se cala. O rosto do rei se fecha, demonstrando desgosto.

- Por favor. Estes são minhas últimas lembranças, não estrague-as - fala irritado.

- Não. Escute - ordeno - a minha vida inteira foi fudida, por conta de você. Só mais um cara de merda, sempre ditando minhas ações por onde quer que eu vá. E hoje, só hoje, eu vou ter a paz que desejei - meus olhos estão vermelhos.

- Pois fique claro que a pessoa responsável pela sua vida merda, é você mesmo. Fiz um favor a deixá-lo a ser um bostinha que não serve nem para casar-

Antes de concluir a baboseira sobre ser "incapaz", eu soco sua boca.

- Já acabou o seu discursinho? - Ele se cala - ótimo. O mínimo que poderia fazer, acabei fazendo. Calando a porra da boca de babacas como você.

Cuspo as últimas palavras com orgulho. Eu sobrevivi a 5 fudidos anos ao lado desse canalha, e finalmente me sinto mais leve. Como se um peso tivesse sido arrancado das minhas costas.

Saio do quarto me sentindo nas nuvens. Mas mesmo depois de tudo, não consigo entender porque meus olhos não param de lacrimejar.
As lágrimas caem sem parar, e mesmo assim, sinto o vazio. Um vazio que achei nunca mais sentir, parece inevitável.

Me recosto sobre a porta, indo lentamente para o chão. Pensando melhor no passado. Ele me fez odiar o mundo, e se pudesse ser ele, nunca me trataria assim.
Ele aceitando ou não, eu ainda era uma criança. Tudo o que queria era estar sozinho.

Um grito ressoante sai do fundo da minha garganta, trazendo ainda mais desespero e depreciação.
Ouço o barulho de passos subindo as escadas.
É a minha luz. A salvação pela qual sempre procurei.
Ao invés de achá-lo, foi ele quem me achou. Perdido na escuridão, a poucos passos de um precipício.

- Obito - Deidara se ajoelha perante a mim - o que aconteceu?

- Só me livrei de todos os meus pecados - passo seu cabelo por detrás da orelha.

Mesmo sendo eu a pessoa com olhos inchados, Deidara também começa uma tempestade em seus olhos. Ele não suporta me vez para baixo, então me abraça.

- Abraços curam tudo.

Ficamos ali, ninguém se atreveu a perguntar nada, apenas ficou ali. Depois que Dei soltou as mãos do meu pescoço, se aconchegou em meu colo, brincando com os botões da minha camisa.
Vez ou outra olhava-me nos olhos, acariciava minha bochecha e dizia que tudo iria ficar bem.

Deidara

Não me atrevi a perguntar nada a Obito, percebi que estava chateado. A rainha havia comentado sobre serem os últimos momentos do rei, mas não acho que esteja lamentando sua partida.
Algo me diz que está apenas em choque. Por fim, decido que é melhor irmos ao quarto, e deixar com que o sono atinja Obi.

[...]

Consegui acalmar um pouco a situação, então neste exato momento está dormindo. Eu consigo ver inocência em seu rosto, e alguém que sofrera com atos injustos.
A rainha tinha razão, apesar de não transparecer, se prestarmos bastante atenção, pode-se perceber que ele andava infeliz.
Ainda bem que consegui impedir a tempo. Fico imaginando como seria difícil uma mãe suportar a perda de um filho.

Acho melhor esperar aqui até ele acordar. Sabe lá o que pode acontecer. As vezes, pode acontecer de acordar no meio da madrugada.
Ajeito meu travesseiro ao seu lado, e fico observando-o até pegar no sono.

Senhorita Feudal (Tobidei/Obidei)Onde histórias criam vida. Descubra agora