Capítulo 11

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eu digo que estou tentando escapar, mas não é verdade. a verdade é que eu estou encarcerada numa prisão que eu mesma criei e não consigo sair dela.
as portas estão abertas para mim e eu me escondo no fundo da minha cela, no lugar mais distante da luz.
eu me acostumei com essa vida patética de inércia e não sei mais viver de outro jeito.
eu deveria me animar para ver a luz do sol se derramar sobre os prédios da cidade, mas estou satisfeita com a vista limitada do meu jardim.
eu me acostumei com essa vida simples, ilusória, eremítica. eu me acostumei a ser um quase nada, a viver dos restos do que eu já vivi, a consumir arte desesperadamente para tentar sobreviver.
para uma prisioneira que é tão habituada ao seu cárcere a ponto de não conseguir deixá-lo, é preciso coragem para dar o primeiro passo rumo a liberdade, mas, meu Deus, por que é tão difícil dar o primeiro passo? 











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