5. Demons are beating in my brain

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CAPÍTULO 5 - DEMÔNIOS ESTÃO BATENDO NO MEU CÉREBRO


- Sério, eu tenho uma lista de coisas aceitáveis, - digo, pulando por cima de um monte de pelos. Caralho, o pelo saiu correndo? Balanço a cabeça, estremecendo - Mas andar no esgoto com certeza não está na lista.

Escuto as risadas, mas não obtenho nenhuma resposta.

Tudo bem, não é justo chamar isso de esgoto, por mais que pareça muito com um. É só um porão, em um prédio esquisito e abandonado. Quem não gosta de se aventurar por essas áreas? Cheiro de restos humanos e coisas peludas que correm no escuro.

Muito divertido.

As luzes do corredor piscam e eu olho para trás, irritada.

- Tem como parar com isso? - resmungo - Se eu cair com o rosto em um desses bichos com certeza vou pegar uma doença, ou algo assim.

Outra rodada de risadas me seguem, porém, as luzes se estabilizam.

Mais ou menos.

Eu já tive muitas ideias ruins, mas essa é com certeza uma das piores. Acho que na minha mente maluca não tem problema algum me encontrar com um cara que provavelmente tentou me matar, afinal, qual é a pior coisa que ele pode fazer?

Tentar te matar de novo

Olho para trás, fazendo uma careta.

- Muito reconfortante. Obrigada.

Disponha

Ah, sim, lá estava o senso de humor que eu senti tanta falta. Um espírito piadista. Será que ele faz stand up?

Ignoro as risadas e pulo um segundo monte de pelos. Ok, aqui é uma colônia de ratos, ou então eu estou na Europa.

Por que será que eu nunca viajei? Sempre quis conhecer o mundo, queria aproveitar a vida, considerando que eu aparentemente vivia cercada pelos mortos. Será que eles são mortos mesmo? Ou é isso o que eu me digo para me sentir confortável comigo mesma?

Estou refletindo sobre minha loucura quando finalmente avisto uma luz no final do corredor. Quanto mais me aproximo, mais consigo ver que se trata de uma porta entreaberta. A luz amarelada escapa la de dentro, iluminando o corredor escuro e úmido no qual me encontro. Tento escutar alguma voz, alguma coisa, mas lá só tem silêncio.

- Ele está lá dentro? - sussurro para a escuridão.

As luzes do corredor se apagaram, mas eu não sinto falta dela, na verdade, me sinto confortável com o escuro. Quando era criança, nunca senti medo. Acho que não é possível temer algo que esteve sempre lá.

E eles sempre estiveram.

Só comecei a me preocupar quando um psicólogo me disse que não era real, que eu estava de algum modo projetando e alucinando, então minhas noites começaram a se tornar tenebrosas. Quanto mais medo eu tinha, mais as visões apareciam, mais eu sentia que aquilo iria me consumir até não sobrar nada de mim.

Até que elas pararam. Eu tomava meus remédios, e na escuridão não existia nada espreitando, nada que eu pudesse ver ou ouvir, o que era um alívio. Que adolescente quer ser considerada louca?

Eu só queria ser normal. E a cada minuto que eu esquecia de tomar os comprimidos, elas voltavam, sussurrando coisas sem sentido, me mostrando imagens que na minha cabeça simplesmente não encaixavam.

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