I | Detetive

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"[...] Seus olhos fulgorosos atingiram o anjo como flechas de metal aquentado: "siga teu caminho", ele disse. "E não tente olhar por nós de onde as sombras dançam a chegada dos mortos; Cada um de nós cria seu próprio inferno, e você, há de buscar o teu através dos pecados que carrega."

[...]

Os ecos se espalham pelo corredor, anunciando que em cima daquelas scarpins pretos acabava de adentrar o escritório a mais respeitada detetive da D.I.C Vestida em seu elegante terno de 140 mil wons, Chou Tzuyu trazia embaixo do braço direito o relatório do que seria o último caso de toda sua carreira. Os boatos sobre ela e a comandante do departamento, a temida Jeon Soyeon , sempre existiram. Diziam eles agora que o caso entre elas havia terminado, já que a esposa de Soyeon, Song Yuqi, andava visitando demais o escritório de Jeon. Nem todos tinham a ousadia de fazer esse tipo de comentário, mesmo que a maioria dos agentes fantasiassem um caso romântico entre a chefe e a sua detetive favorita.

Em contrapartida, alguns acreditavam que Tzuyu estaria doente, por isso estava se afastando do cargo. Investigar era sua maior paixão, o que tornava suspeito que apenas aos 29 anos Chou estivesse abrindo mão de toda aquela adrenalina de estar em campo para passar o resto de seus dias trancada em um escritório minúsculo e fedorento.

O fato é que Chou Tzuyu era um livro fechado, um mistério intrigante e sem resolução, como nos filmes de suspense. Todos os seus aprendizes, ou até mesmo aqueles que sonhavam com o cargo dela sem ao menos estar próximo de tê-lo, buscavam de forma desesperada impressioná-la e demonstrar seu mais absoluto respeito. A detetive se aproxima de sua sala uma última vez, ignorando os desejos de bom dia dos administradores que para ela se tratavam apenas de meros interesseiros. Na porta, o adesivo que dizia "Detetive Chou" começava a ser removido pelo velho Cho Kyuhyun  , o que dava certeza àquelas que duvidaram de que o fim de uma lenda estava realmente próximo.

— Detetive. — o velho homem acena com a cabeça em um rápido cumprimento.

— Senhor Cho. — Chou repete o gesto, abrindo a porta e desaparecendo para dentro de sua sala.

Ponderando em sua cadeira, a esperar pela detetive, sua chefe abre um sorriso generoso ao vê-la passar pela porta, quase como se estivesse confessando uma certa felicidade em tê-la por perto.

— Animada para o seu último dia? — perguntou Jeon Soyeon.

— Espero que seja um dia calmo, não quero continuar estendendo meus trabalhos por aqui.

— É uma pena. — Lamenta Jeon — A D.I.C nunca teve alguém como você.

— Terá melhores. — diz certa, colocando a pasta que carregava sobre a mesa — O relatório sobre a garota do lago está pronto.

— E o que me diz sobre?

— Eu aconselho que prendam o namorado dela o quanto antes. — Chou cruza os braços — Eu avisei que havia incoerência no depoimento dele. Encontraram vestígio de pele embaixo das unhas dela, você não acreditaria se eu te dissesse de quem é.

— Muito bem. — Soyeon se coloca de pé, atravessando para o outro lado da sala onde a detetive se encontrava parada — Vou solicitar uma medida de prisão preventiva.

Jeon aproxima seus lábios do ouvido de Tzuyu, que move-se rapidamente para seu cabideiro, onde deixa seu casaco e parte até sua mesa, ignorando as investidas de sua chefe. Soyeon sorri frustada, nunca teria quaisquer chances com Tzuyu, nem mesmo no seu último dia de trabalho. A mais velha abre a porta, e quando seu corpo está quase que completo para fora, seu rosto ressurge pela fresta da porta, chamando a atenção de Chou.

— Ah, Detetive.

— Sim?

— Já encontramos alguém para te substituir.

Seven | SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora