IX | Informante

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[...] Cada passo contra seu reinado, Lúcifer sempre esteve um a frente para a infortúnio dos céus. Deus soube desde o princípio que havia um traidor entre os anjos, convencido por promessas e cobiças das quais ele nunca teria. "O Diabo mente e um de nós está mentindo como ele o faz", dizia o criador. "Mas vossa graça nunca haverá de mentir para mim, e sim, para si mesmo".

[...]

A manhã surge pela janela da Detetive Minatozaki, colocando-a em pé antes mesmo do despertador o fazer. Ela lava seu rosto e ajeita os cabelos, prendendo-os em um rabo de cavalo. "Ela diz que eles ficam bem soltos", pensa. Rapidamente, Minatozaki desamarra as madeixas, se sentindo uma completa estúpida por tentar impressionar a mais velha. O cheiro do café de Jinni chega até suas narinas, levando-a de encontro com o maravilhoso aroma de todas as manhãs.

— Bom dia, Jinni. — a de cabelos curtos se senta na mesa — Uau, você preparou um banquete, temos motivos especiais?

— Na verdade, temos.

A menor se serve com uma deliciosa xícara de café, enquanto não tira os olhos das grandes e suculentas panquecas com mel e mirtilos.

— Sannie, eu...

— Diga.

— Eu vou para os Estados Unidos.

A mais velha se engasga com um pedaço de massa de panqueca, precisando da ajuda da irmã para conseguir respirar novamente. Ela encosta seu corpo na cadeira e suspira profundamente.

— Meu intercâmbio foi aprovado... Eu queria ter te contado antes. — completa.

— Quando você vai?

— Na semana que vem.

Choi pode ver as lágrimas se formando no rosto daquela que a criou com tanto amor e carinho. Sabia que ela estava feliz, e realmente estava. Mas no fundo, só de pensar no tamanho daquela distância ou dos meses que se passariam sem sua companhia, aquilo parecia ser o mais difícil para Sana.

— Sannie? — chama Jinni.

— Estou feliz por você...

— Sannie, não quero que fique furiosa comigo.

— Não estou, eu só... Só quero que você seja feliz.

— Eu prometo ser, mas preciso da sua benção.

Ela se abaixou ao lado da irmã, que parecia paralisada e com medo do futuro. Jinni abraça sua cintura e tenta evitar um choro doloroso, não conseguindo o fazer. Minatozaki acaricia seus cabelos louros, vendo como sua garotinha cresceu e precisava correr atrás dos seus próprios sonhos, e era natural que ela não estivesse neles. Sana leva as mãos ao seu pequeno rosto, levantando-o para si e abrindo um grande sorriso para a menina.

— Estou orgulhosa, está bem? Muito orgulhosa.

— De verdade?

— De verdade, Jinni.

— Então você não está brava?

— Ficaria se você não aceitasse, muito menos se não prometesse que vai me ligar todos os dias.

— Eu prometo, eu prometo... Caramba, obrigada, Sannie.

Um abraço era todo o conforto que elas poderiam se proporcionar naquele instante. Apesar das longas dificuldades que teriam de enfrentar, elas se amavam muito, desde sempre.

• • •

Mesmo já tendo se servido naquela manhã, a de cabelos curtos pede um cappuccino ao aguardar na cafeteria próxima à biblioteca municipal. Não demora muito até que Chou Tzuyu apareça no seu campo de visão, caminhando tranquilamente em direção a mesa. A mais velha poderia ter se sentado de frente para Sana, o que com certeza facilitaria uma conversa, mas não desta vez. A mais Alta dá a volta e senta-se ao lado de Minatozaki, grudando parte de seu corpo nela. A pele da mais nova se arrepia por completo com aquele toque inesperado, quase fazendo-a queimar seus lábios com sua bebida fervente.

Seven | SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora