XIII | Identidade

290 54 24
                                    

[...] Ele ergueu sua fúria sob os mortais, ninguém conhecia teu nome até colidirem com sua maldição. Lúcifer mostrou-se poderoso diante dos homens, fazendo-os temer o Inferno. A Besta tinha nome e sobrenome, os quais nunca se deixariam esquecer por toda a eternidade. A fé em Deus jurou proteção, mas àqueles que não acreditaram em Deus e no Diabo, conheceram-vos pessoalmente no dia do julgamento final."

• • •

16h43, o sol iniciava seus trabalhos para esconder-se no horizonte, anunciando o fim de mais um dia. Chou Tzuyu e Minatozaki Sana voltavam ao departamento com tais faces cansadas, o dia mão estava favorecendo-as. Aliás, nenhum dos últimos estavam. A mais velha dirigia seu carro em silêncio enquanto se perguntava como seriam os crimes seguintes e quais novos mistérios eles trariam. Ao seu lado, a de cabelos curtos tinha sua cabeça encostada no vidro do carro, incerta se continuaria no cargo após falhar em seu primeiro caso como detetive.

Não havia um diálogo audível entre elas, mas se talvez pudessem usar a telepatia, muito provavelmente chegariam naquele mesmo assunto que ambas tinham em mente: Jane Doe e os Sete Crimes Capitais. Ela provou, diversas vezes, que estava sempre um passo à frente da polícia. Enquanto a maioria discutia o fato dela ser uma assassina cruel e fria, os pensamentos na cabeça de Minatozaki Sana ressaltavam. como aquela mulher era inteligente. Estava tudo calculado desde o início, até mesmo antes de Minatozaki sonhar com o cargo de principal detetive da D.I.C. Kang Seulgi, um ano antes, foi amarrada naquela cama, sendo descoberta pela de cabelos curtos exatamente quando assumiu seu cargo. Poderia ter sido outro em seu lugar? Ou Jane Doe sabia quem assumiria o posto de Chou Tzuyu? Seria esperta o suficiente para ter sido ela mesma quem colocou Sana naquele caminho? Mas por quê? Qual o objetivo, afinal? Era um enigma brilhante e ao mesmo tempo assustador.

A mais velha pigarreou, chamando a atenção da outra detetive que nota o carro parado no estacionamento do Departamento. Chou destravou as portas e ambas abrem-as ao mesmo tempo, saindo do veículo. Mantendo o mesmo calar, elas seguem pelo elevador, onde Tzuyu seleciona o andar antes de tomar a primeira atitude.

- Minatozaki? - ela chama.

- Sim?

Chou a prende contra a parede de aço e beija seu pescoço com os lábios molhados, subindo-os até que sua respiração quente alcançasse as bochechas coradas da mais nova. Sana arfa, soltando todo o ar dos seus pulmões dando um leve gemido durante o ato.

- Eu quero você, Minatozaki. Eu quero muito.

- Você sabe que não podemos.

- Estou com os dias contados nesse lugar, logo não seremos mais colegas.

- E o que seremos então?

- O que você quiser.

A mais baixa sorri, despertando a mesma reação na outra. As portas se abrem e do lado de fora, elas andam lado a lado como se aquilo não tivesse acontecido segundos antes. O departamento estava agitado como de costume, funcionários se espalhavam por todos os cantos, preenchendo as mesas no centro do cômodo. O teclar dos computadores, o barulho da máquina de café preparando uma nova dose, o virar de páginas dos relatórios do dia. Naquele mesmo horário, todos os dias, tudo parecia o mesmo.

Mas as coisas estavam prestes a mudar no segundo que aquela mulher entrou pela porta da frente. Suas roupas estavam ensanguentadas e ela carregava um sorriso típico de sociopata no rosto. Ela pode ver as detetives caminhando à distância, o momento perfeito para seu espetáculo.

- Ei! - grita ela - Estavam procurando por mim?

A moça levanta as mãos acima da cabeça, chamando a atenção de todos os presentes. Sana é a primeira a se virar, avistando um rosto muito conhecido por si. "Não... Não...", seu cérebro tentava negar aquele pesadelo. Não podia ser ela todo esse tempo brincando consigo, não novamente.

Seven | SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora