CAPITULO 5

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OLÍMPIA
Eu odeio viajar, algumas pessoas pensariam que eu sou maluca já que para alguns viajar é uma das melhores coisas da vida, mas não para mim que sou o tipo de pessoa que é apegada a rotina e além disso odeio aviões, a ideia de ficar a vários metros de distância do chão firme me deixa em pânico.
— Você está bem? — escuto a voz do meu chefe e suspiro. — Sei que não gosta de voar.
Ainda não superei o que aconteceu essa semana, por um momento pareceu mesmo que ele iria me beijar e pior eu me peguei ansiando por isso. Caramba! Eu me inclinei para ele, acho que nunca fiquei tão próxima do senhor Miguel. A nossa relação sempre foi estritamente profissional, e na minha cabeça eu escondo muito bem a atração que sinto por ele. Por um tempo me senti culpada por nutrir tais pensamentos a respeito do meu chefe, pois são totalmente inadequados. Nos primeiros dias, há cinco anos, eu não podia olhar nos olhos do homem sem ficar corada como uma adolescente boba que conhece o garoto dos sonhos, mas com o tempo fui aprendendo a controlar e camuflar meus sentimentos em relação a ele, nunca passei a linha profissional que nos divide.
Mas quando ele tocou o meu rosto e cuidou do machucado que sofri, por um momento eu vacilei e isso me deixou apavorada, ao ponto de que quando saí da sala dele corri para o banheiro, ficando vários minutos lá dentro tentando controlar a minha respiração e o meu coração que batia descompassado.  Depois quando já me sentia mais calma tentei fazer com que os pensamentos racionais prevalecessem em minha cabeça: o Miguel é um homem bonito, charmoso e que tem um magnetismo impressionante sobre as mulheres ao seu redor, não tem por que eu me torturar por me sentir atraída por ele. O  momento de interação que tivemos só aconteceu porque bati a cabeça muito forte e fiquei desorientada por algum tempo, isso não vai afetar nosso relacionamento profissional; só depois de ter isso claro nos meus pensamentos que fui capaz de sair do banheiro e enfim me concentrar no meu trabalho.
Voar de executiva tem suas vantagens: a cabine que nos isola do resto dos passageiros é um conforto, mas ficar presa com o Miguel em um espaço tão reduzido é sempre desafiador, o cheiro do seu perfume toma totalmente o ambiente me envolvendo, me provocando, me cativando...
— Você não me parece bem, até ignorou a minha pergunta — Miguel fala, me tirando dos meus pensamentos e sorrio sem graça antes de responder.
— Não é a primeira vez que viajamos juntos e o senhor sabe que voar não é minha atividade favorita. — Me orgulho de mim mesma por conseguir falar sem gaguejar.
— Eu sei, por isso evito carregar a senhorita — ele fala me surpreendendo, eu não sabia que ele tinha esse cuidado para comigo. — Mas dessa vez vou precisar de você, quero resolver todas as pendências que a empresa tem em Orlando, em tempo recorde. Andei lendo as notícias internacionais e esse novo vírus parece que é uma realidade cada vez mais próxima e não quero correr risco de estar fora do Brasil.
— Acho que não vai ser nada ou as autoridades já teriam começado a fazer alguma coisa — falo tentando ser confiante.
— Mas é melhor não arriscar, por isso pedi a sua presença, assim você me ajuda a resolver tudo com maior rapidez e voltamos no próximo fim de semana.
— Certo, eu já adiantei muita coisa mesmo do Brasil. A Molly é uma secretária bem competente e arrumamos tudo para tornar nossos dias produtivos, marquei a nossa passagem para a quinta à noite, então não vou ter tempo nem de dar um pulinho no parque, droga — falo sem pensar e ele me olha querendo rir. — O que foi? Minha criança interior ama a Disney, você não pode me julgar chefe, o sofrimento de viajar é totalmente pago quando vou no mundo mágico. – Assim que termino de falar o avião dá uma balançada e sem querer eu grito e fecho meus olhos, apertando meus dedos em punho ao ponto das unhas machucarem a palma de minhas mãos.
De repente sinto uma presença ao meu lado e sinto as minhas mãos sendo acariciadas para que eu as relaxe e então meus dedos são entrelaçados em uma mão forte e macia, sei que ele está ao meu lado na poltrona, mas não consigo abrir os olhos.
— Senhor, por favor se sente na sua cadeira, vamos passar por uma turbulência. — Escuto alguém falar, com certeza deve ser a aeromoça.
A simples menção da palavra turbulência tem a capacidade de fazer a ansiedade crescer em meu peito, me oprimindo de modo que respirar deixa de ser um ato mecânico do meu corpo e eu preciso me esforçar ao máximo para conseguir que o ar chegue aos meus pulmões.
“Eu vou morrer, o avião vai cair e eu vou morrer” é o que se passa na minha cabeça enquanto o avião todo treme assim como meu corpo.
— Eu vou ficar aqui ao lado dela — escuto o meu chefe falando, ainda  na segurança do escuro que meus olhos fechados proporcionam, sinto o rodeando a minha cintura e então estou presa no acento pelo cinto de segurança.  — Ei  fica calma, eu estou aqui com você tenta respirar fundo e pensar em coisas boas. Turbulências são normais e nada de ruim vai nos acontecer Olímpia, olha tô pensando até em te dar um dia de folga e você vai poder ir para a Disney comprar bugigangas e ver a Cinderela.
— Ver a Bela... a minha… princesa favorita é a Bela – falo com a voz embargada pelo medo, mas a estratégia de me distrair pode funcionar, a mão quente dele cobrindo a minha e sua respiração assim tão perto do meu rosto também são distrações bastante eficazes.
— Combina com você, a Bela no caso, corajosa, bonita, gosta de ler... — Bonita? Ele me acha bonita? Por um segundo eu até esqueço o que está acontecendo ao meu redor, mas quando o avião dá um tranco mais forte eu me encolho ainda mais. — Se concentra na minha voz apenas, sei que falar é mais fácil que fazer, mas te garanto que logo a tudo vai passar e vamos ficar bem.
A turbulência dura por volta de quinze minutos e Miguel não soltou minha mão ou parou de conversar comigo um segundo sequer, eu não convivo com esse lado protetor e aberto do meu chefe, que é sempre bastante distante e reservado, ele me conta que o filme preferido dele e Rei Leão e então entramos em uma assunto super maduro: filmes de animação. Eu com meus olhos fechados pelo medo, só fico escutando sua voz e sentindo seu toque.  Sei que não devia, mas aproveito o momento e a segurança que o chefinho me passa.
— Pronto Olímpia você pode abrir os olhos agora, já passou e estamos todos bem. — Faço o que ele pede e abro os olhos devagar, com pesar, solto sua mão e ele então volta para sua poltrona à frente da minha.
— Obrigada chefe, não sei o que faria sem você.
—  É sempre um prazer te servir Olímpia.
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Oi gente, como vocês estão?
Já foram no Instagram conferir a capa de Quarentena com meu chefe que vai pra Amazon?
Se ainda não foi da um pulinho lá, @robertasamirautora, que a capar está a coisa mais linda...
Também estou apresentando um pouquinho de Oli e Miguel por la.
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⏰ Última atualização: Dec 16, 2022 ⏰

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QUARENTENA COM MEU CHEFE - DEGUSTAÇÃO - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora