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Eu estava saindo toda triste da escola quando Júlia veio correndo e enlaçou seu braço no meu.

— Ei, nani.— ela disse toda animada, até perceber minha expressão. — O que houve?

— Não é nada. — eu disse.

— O quê? Me conta agora quem eu tenho que matar. — ela diz parando na minha frente cruzando os braços e eu não consegui não rir.

— É sério, não é nada Júlia. — eu disse novamente.

— Fala logo, Naiane. — ela mandou com seu sotaque italiano.

— Está bem. — suspirei. — Andy vai embora com os pais, vão morar em outra cidade. — disse abaixando a cabeça.

— Não posso acreditar. — ela disse espantada. — Agora entendo porque está triste. — ela me abraça de lado. — Quando?

— Esse final de semana.

— Já sei! E se você fizer uma despedida bem especial para ela?

— Mas aonde? — perguntei desanimada.

— Na minha casa ué. — disse simples. — Vou viajar com meu pai, minha madrasta e meu irmãozinho. Vamos para uma pousada nas montanhas, coisa de família. — ela fez uma careta. — Eu deixo minha chave com você e você pode fazer lá em casa.

— Sério? — questionei com os olhos brilhando de felicidade.

— Sim, sim. Mas... — ela me olhou séria. — Nada de fazer coisinha no meu quarto. Faça na sala ou no quarto do meu pai. — faz cara de nojo e dou risada.
— Você só fala besteira. — eu digo e saímos abraçadas para casa.

Sempre íamos juntas andando para casa, e isso era um dos melhores momentos do meu dia.
Um mês depois da partida da Andy, eu não tinha vontade de sair e nem de fazer nada, meus pais viviam querendo saber o que eu tinha e eu sempre dizia que não era nada, só Júlia sabia, por isso ela planejou um piquenique no parque para me animar e eu acabei indo, mesmo sem vontade.

— Olha só, trate de comer esse lanche que eu trouxe. — ela disse o entregando na minha mão.

Estávamos debaixo de uma árvore, com um lençol estendido na grama e uma cesta cheia de coisas pra comer feitos pela minha mãe.

— Já vou comer. — disse sem paciência. — Você e minha mãe me tratam como uma criança.

— Porque você está parecendo uma. Não quer fazer nada desde que a Andy foi embora e vocês tiveram a sua primeira vez. — diz simples.

— Porque foi algo especial, e eu sou apaixonada por ela.

— Calma amiga, eu tenho certeza que você ainda vai se apaixonar de novo. Você vai ver, vai conhecer alguém que vai te fazer sentir muito mais apaixonada do que você está agora pela Andy. Você vai ser muito feliz. — ela diz sorrindo.

— Será?

— Uhum, e eu serei a convidada especial. — deu risada.

— Tabom amiga. — disse suspirando. — Espero um dia poder contar isso a mamãe, ao papai e às minhas irmãs. Será que eles vão me aceitar?

— Ca, eles te amam muito, e acredite, os pais sempre sabem sobre seus filhos, acho que eles só estão esperando você contar.

— Não sei não, tenho medo. — dei uma mordida no meu lanche.

— Então espera, não precisa contar agora. Será na hora certa. — ela sorriu pra mim.

Aquele sorriso era capaz de iluminar meu dia, nunca imaginei que Júlia me faria tão bem, mas foi ela quem me tirou do fundo do poço depois que sofri minha primeira decepção amorosa.
[...]

Minha Melhor Amiga - NajuOnde histórias criam vida. Descubra agora