VI

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2005, Seattle.

Desde aquele desastroso jantar de declaração a um ano atrás eu nunca mais tentei contar a Júlia sobre os meus sentimentos, até porque, desde aquele dia ela e Gustavo ficaram muito próximos, começaram a sair, e a seis meses eles estão namorando sério. Como fiquei com isso? Péssima, porque pela primeira vez vi ela realmente apaixonada por alguém, seus olhos brilham toda vez que fala dele, e quando estão juntos parecem o casal perfeito. Eu sinto ciúmes, mas a vontade de vê-la feliz é maior que isso. Por isso, se ela está feliz eu também estou.
O único problema é que ela cismou que eu também preciso encontrar um amor, e Gustavo concorda com ela, os dois então marcaram um passeio de casal, os dois e eu com uma mulher que faz residência com ele, e eu tentei recusar, mas sabe como é, Júlia sabe como me fazer dizer sim.

— Oi Nai. — ela me cumprimenta com um beijo no rosto assim que eu chego no shopping.

— Oi Kudiess. — sorri. — Oi Gustavo. — o cumprimentei também.

— Que bom que chegou, Mari já está a caminho. — ele diz animado. — Você vai adora-la.

— Tenho certeza que sim. — fingi entusiasmo.

Alguns minutos depois uma mulher alta, apenas um pouco mais baixa que eu, com os cabelos loiros e lisos apareceu, e eu não posso mentir, ela era muito bonita. Ela logo cumprimentou Gustavo e ele nos apresentou.

— É um prazer conhecer a tão famosa Naiane. — ela sorriu para mim.

— Prazer é meu. — sorri. — Não sabia que era tão famosa assim.

— Pois é, Gustavo e Júlia me falaram muito de você, então eu precisava te conhecer. — ela falou direta.

— Vamos comprar as entradas do filme. — Júlia interrompeu

— Vamos. — concordei.

Enquanto o casal ia abraçado na frente, eu fui conversando com Mari atrás, eu estava prestando atenção no assunto, mas meus olhos às vezes me traiam e focavam em Júlia, ela parecia tão feliz ao lado de Gustavo, e eu sabia que não teria essa felicidade com ela nunca.
Compramos as entradas, depois as pipocas e os refrigerantes e fomos para a sala de cinema, Júlia e Gustavo sentaram duas fileiras a frente, deixando eu e Mari sozinhas.

— Você vai embora de quê? — Júlia perguntou a Mari depois que o filme acabou.

— Eu vim de táxi, não tenho carro ainda. — ela sorriu sem graça.

— A Nai pode te levar então. — Júlia disse dando um sorrisinho pra mim.

— Não quero incomodar. — ela falou.

— Claro que não vai incomodar, eu levo sim. — falei.

Fomos no carro conversando, algumas vezes senti os olhos dela sobre mim e ela chegou até a encostar a mão em minha coxa por cima da calça que eu vestia enquanto mostrava o caminho de seu apartamento. Então quando chegou estacionei bem em frente a um prédio antigo.

— Está entregue. — falei me virando para olhá-la.

— Muito obrigada. — ela disse e fui dar um beijo em sua bochecha de despedida, mas então ela virou e demos um selinho.
Quando percebi sua mão já estava em minha nuca e sua língua pedia passagem, então deixei e começamos um beijo lento, quando o fôlego faltou nos separamos.

— Mari, eu não tô pronta pra isso. — confessei. — Eu gosto de uma pessoa.

— E ela gosta de você? — perguntou.

— Não, infelizmente não, mas eu não estou pronta pra um relacionamento sério.

— Eu entendo, eu também não sei se estou pronta pra um relacionamento sério, terminei um namoro de quatro anos a apenas dois meses, mas acho que podemos ajudar uma a outra a esquecer e nos divertimos. — ela disse mordendo o lábio inferior.

Minha Melhor Amiga - NajuOnde histórias criam vida. Descubra agora