𝟚 ── questions

97 8 0
                                    

Uma jovem Rhaenys folheava lentamente um livro, sempre esperando primeiro pela autorização da pequena menina sentada em seu colo. Ainda que a criança estivesse mais focada nas imagens do que nos textos, vez ou outra ela apontava para uma palavra que conhecia e a repetia, em voz alta, o que era bastante impressionante para alguém que recém havia completado quatro anos de idade.

— E essa palavra aqui? Você reconhece? — Os olhinhos dourados encararam a escrita por longos segundos, buscando em sua mente por algum reconhecimento. — Zal...?

­— Ah! Zaldrīzes! É dragão! — A garotinha comemorou, mas logo seu foco mudou completamente. — Mamãe! A tia Rhaenys pode me levar pra ver a Meleys de perto?

A outra moça no cômodo, que se mantinha quieta até então, revirou brevemente os olhos com o pedido nada surpreendente da filha. A simples ideia de que um dragão tão grande quanto Meleys estivesse perto de uma criança poderia ser assustadora para a maior parte das pessoas, mas a mulher não pareceu demonstrar nada disso.

— Você já perguntou se ela quer te levar? — Ao contrário de seguir as palavras da mãe e pedir educadamente, a pequena passou a apenas encarar Rhaenys, sem abrir a boca. — Filha!

— Ai, que bobagem, é claro que eu quero levá-la! — A princesa riu antes de fechar o livro, largá-lo na pequena mesinha ao seu lado e ajudar a criança a descer de seu colo. — Mas primeiro, você precisa se vestir adequadamente para ir ao Fosso dos Dragões.

Rhaenys nem havia terminado a frase e a pequena garota já havia atravessado correndo as portas, provavelmente seguindo para seu próprio aposento na Fortaleza Vermelha. Após a saída, as duas acabaram por rir alto de toda a situação.

— Você nem pode reclamar dela. Ela tem o seu gênio todo!

— Quem dera... Ela puxou totalmente ao pai!


✲°•.¸✲¸.•°✲°•.¸✲¸.•°✲°•.¸✲¸.•°✲°•.¸✲¸.•°✲°•.¸✲¸.•°✲°•.¸✲¸.•°✲


Olhos dourados observavam Rhaenys, agora acomodada em uma poltrona e interagindo com a pequena Maeve em seu colo, coisa que ela não havia tido a oportunidade de fazer. Annora havia optado por sentar-se em uma cadeira, ainda que o que mais quisesse fosse sair correndo dali. Mesmo que ela soubesse de seus limites com toda e qualquer pessoa, a simples ideia de estar no mesmo cômodo que uma princesa, por mais de um minuto inteiro, era demais para sua cabeça e ela tinha a ligeira impressão de que, qualquer coisa que falasse, poderia instaurar um caos.

— Você realmente puxou sua mãe toda! Sorte a dela! — A risada que saiu da bebê acabou por fazer a criada sorrir, acalmando-a um pouco. Diferente dos irmãos, Maeve havia herdado os cabelos avermelhados e olhos verdes de Meredyth.

— Deve ser frustrante carregar um bebê por nove luas e ele não puxar nada de você. — A fala escapou de seus lábios antes que pensasse melhor. Com Meredyth, ela tinha liberdade para conversar sobre o que quisesse, mas com a princesa... Os olhos violetas se viraram em sua direção e ela congelou, achando que tinha ultrapassado algum limite.

— Por um momento. Mas depois de todo o processo de um parto... Ver o bebê vivo e estar viva é o suficiente para não se importar com quem ele se parece. Às vezes. — Maeve balbuciou algumas palavras embaralhadas, o que levou a roubar a atenção de Rhaenys mais uma vez e dar tempo de Annora soltar a respiração. Aquilo era tensão demais para sua cabeça. A melhor coisa seria ficar quieta e apenas esperar para quando a princesa se retirasse. — Lady Meredyth me contou que você veio de Pentos, junto com ela.

𝘴𝘦𝘳𝘦𝘯𝘥𝘪𝘱𝘪𝘵𝘺 (𝘥𝘢𝘦𝘮𝘰𝘯 𝘵𝘢𝘳𝘨𝘢𝘳𝘺𝘦𝘯)Onde histórias criam vida. Descubra agora