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 Tio, você teve mesmo um dragão?  A pequena menina encarava curiosamente o jovem homem. As perguntas sobre dragões eram comuns e frequentes, não somente pela curiosidade natural de criança, mas porque ela queria saber mais sobre aquela conexão única que se formava com poucos.

 Sim, eu tive.  Os olhos dele se perderam por um momento, recordando da enorme fera que havia partido há poucos anos.  Você provavelmente já ouviu falar dele pelas septãs. Aegon, o Conquistador...

Viserys jogou o nome no ar para que a criança exercitasse a mente e guardasse na memória aquela história tão importante para os Targaryen e para os Sete Reinos. Talvez qualquer outra criança pudesse achar aquilo chato ou maçante, mas a pequena Seraena achava tudo fascinante e sempre estava em busca de aprender. Com a informação de que tinha a ver com a Conquista, a garota repetiu em voz baixa os detalhes, nomeando os três dragões e analisando os dados. Meraxes havia morrido pouco depois. Vhagar era de seu tio-avô, Baelon. Somente restava...

 O Terror Negro foi seu??  a exclamação foi feita em voz alta e arrancou um sorriso genuíno de Viserys enquanto ele assentia com a cabeça.  E como ele era, tio? Era tão grande quanto dizem? Era tranquilo? Foi fácil domar ele?

Uma lista de perguntas surgiu e, para cada resposta, Seraena escutava atentamente, guardando cada pequeno detalhe, mesmo insignificante, em sua cabeça. A gana que a pequena tinha de se informar apenas fazia com que Viserys desejasse ainda mais ter um filho. Quem sabe até mesmo uma filha, tão inteligente quanto ela. Lhe restava fazer uma prece à Mãe para que abençoasse sua querida Aemma. Que sua próxima gravidez acabasse bem, diferente da primeira e única até então.


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A mensagem recém-chegada de Maré Alta deixou Viserys em dúvida. O que seria tão urgente a ponto de Rhaenys solicitar sua presença em Derivamarca? Ele só conseguia concluir que tinha algo a ver com a guerra. Talvez algo tivesse acontecido nos últimos dias e a mensagem chegou justo um dia depois dele ter decidido mandar reforços para Lorde Corlys e Daemon.

Daemon.

Pensar no irmão o incomodava. Incomodava por saber que ele fazia tudo para que seus olhos se voltassem para ele. Para provar um ponto, para provocar ou, simplesmente, porque ele tinha vontade. Jamais o julgaria por estar lutando. Se ele não estivesse, talvez a guerra teria alcançado Porto Real muito antes, mas sabia que tudo aquilo havia começado por conta daquela busca incessante por sua atenção. O rei soltou um suspiro e voltou a prestar atenção na Mão, que acabava de ler a mensagem.

 O que acha disso, Otto?

— Bem, Vossa Graça, não é do feitio da princesa Rhaenys pedir sua presença. Ainda que seja importante, posso ir em seu lugar, é claro. A rainha deve entrar em trabalho de parto em brev-

— Eu irei. — Ele não precisava se explicar e nem tentaria. Otto podia ser o pai de Alicent, mas continuava o servindo e não o questionaria sobre aquilo.

Assim como no nascimento de Aegon, Viserys preferia não se manter por perto. O parto havia sido rápido, até mesmo fácil como sua esposa havia descrito previamente para Rhaenyra, mas tudo o fazia lembrar dela. Aemma. E de sua decisão. E de seu arrependimento. Tinha plena certeza que tudo daria certo, mas ele não podia fazer aquilo. Ao menos dessa vez ele teria uma desculpa para sua ausência.

𝘴𝘦𝘳𝘦𝘯𝘥𝘪𝘱𝘪𝘵𝘺 (𝘥𝘢𝘦𝘮𝘰𝘯 𝘵𝘢𝘳𝘨𝘢𝘳𝘺𝘦𝘯)Onde histórias criam vida. Descubra agora