𝟜 ── to the surface

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Um longo suspiro deixou os lábios da jovem Arryn quando sentiu o bebê se mexer violentamente dentro de seu útero. Suas preces eram diárias para que a gravidez fosse adiante e para que o bebê nascesse bem. Comparando com sua primeira gestação, que terminou muito antes da hora, tudo parecia prosseguir bem até então. Apesar do histórico preocupante, ainda que curto, o que a irmã lhe havia contado havia sido efetivo em acalmá-la.

 Tia, você acha que vai ser menino ou menina? — Aemma havia se esquecido, momentaneamente, de que não estava sozinha e precisou rir do leve susto que tomou ao ouvir a voz da sobrinha.

— Não tenho a menor ideia, querida. — A mulher passou a mão delicadamente por cima da barriga, abrindo um sorriso amoroso quando sentiu o bebê chutando bem onde sua mão se encontrava. — O que você acha que vai ser?

A pequena Seraena, antes focada tentando ler um livro por conta própria, deixou de lado o objeto e prontamente se aproximou da mais velha, colocando as pequenas mãos sobre seu ventre e voltando a ficar em silêncio. Aemma segurou o riso ao vê-la tão concentrada, quase como se estivesse esperando um sinal divino ou uma resposta sussurrada em seu ouvido. Quando o bebê voltou a se mexer, a garotinha olhou em seu rosto e declarou, por fim.

— Vai ser uma menina.

— E como você tem certeza disso, Seraena?

— Eu só sei. — A menina deu de ombros, o que arrancou uma risada de Aemma. Ela puxou a pequena para seus braços e beijou o topo de sua cabeça. — Já tem um nome?

Viserys, desde o princípio, já havia escolhido um nome se acabassem por ter um filho homem. O amor e admiração pelo pai somente crescia, então escolher qualquer nome que não fosse "Baelon", não passava por sua cabeça. Mas sendo uma menina...

— Rhaenyra. — Os pequenos olhinhos a encaravam, curiosa. — Se tiver certeza, e for realmente uma menina, ela vai se chamar Rhaenyra.


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A cabeça de Annora parecia prestes a explodir. Toda aquela situação parecia irreal, uma alucinação tão doentia que a fazia querer vomitar. Os olhos mantinham-se arregalados, os braços imóveis ao lado do corpo, jamais pensando em ousar retribuir aquele abraço. Ela não entendia. Ou, talvez, não quisesse entender.

— Rhaenys, acho que ela precisa se sentar. — A voz de Viserys chegou ao seus ouvidos, mas sua visão encontrava-se embaçada demais para conseguir enxergá-lo. Em algum momento, a princesa lhe soltou, mas também a guiou até uma cadeira para que pudesse relaxar e tentar absorver tudo aquilo.

A jovem estava perdida em sua própria mente. "Seraena" era seu nome? Não "Annora", não "Nora". A princesa a conhecia. O rei a conhecia. Mas era ela mesmo? E se fosse um engano? Como ela poderia conhecê-los, ou eles podiam conhecê-la, quando ela passou grande parte da vida há milhas de distância? E ela não lembrava de nada. Um mísero nome, uma mísera face. Uma voz, um cheiro, um toque. Nada. Apenas aquele pingente, tão pequeno, tão insignificante, era o suficiente para provar de onde viera? E se estivessem errados? E se...

Querida. — Quando voltou a si, ela pôde visualizar Viserys ajoelhado em sua frente, segurando com delicadeza a mão onde o pingente se encontrava. A proximidade não a apavorou dessa vez. Sua mente estava confusa demais para isso. — Nós precisamos conversar. E, talvez... O que tenhamos para contar não seja bom para você.

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⏰ Última atualização: Mar 18, 2023 ⏰

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𝘴𝘦𝘳𝘦𝘯𝘥𝘪𝘱𝘪𝘵𝘺 (𝘥𝘢𝘦𝘮𝘰𝘯 𝘵𝘢𝘳𝘨𝘢𝘳𝘺𝘦𝘯)Onde histórias criam vida. Descubra agora