Trinta e Seis Semanas

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    Nove meses, nove malditos e fodendo meses. Nessas últimas semanas Genya mal tem ficado em casa, não por conta das missões, mas por estar ocupado construindo o novo cômodo na casa de Himejima. Muitas das coisas da criança já tinham sido levada pra lá, Tanjiro, Inosuke e Zenitsu estavam ajudando Genya a carregar as últimas coisas, todos se preparando para o nascimento do bebê.

— Você está bem? – Aoi me perguntou, fazia um tempo que eu não via a Kanzaki. – Não está ansioso?

— Um pouco…– Respondi, olhando para a minha barriga.

  Desde a última briga com Shinobu, Genya não deixou que ela tomasse a frente da minha gravidez, mesmo que Aoi estivesse ocupada com as coisas da mansão borboleta ela mesmo arrumava um jeito de me ver.

  A Kanzaki revisava as últimas anotações de Shinobu, como tudo que restava era esperar o bebê nascer não tinha muito o que fazer. Tudo que restava era esperar pela dor insuportável de parir uma criança, Aoi disse que me ajudaria, seria a primeira vez dela fazendo um parto, mas a Kanzaki disse que já havia auxiliado alguns durante sua vida.

  Aoi e eu estavamos conversando quando eu Genya apareceu, o Shinazugawa parecia irritado, entrando com tudo e batendo a porta. Genya se jogou de joelhos no chão, abraçando meu corpo e escondendo o rosto na minha barriga. Eu sentia as lágrimas do Shinazugawa molharem o meu kimono, ouvindo ele soluçar.

— Aoi-chan…você pode nos deixar sozinhos por um minuto? – Pediu Genya, secando suas lágrimas com as costas das mãos.

— Claro, Gen. – Disse Aoi, timidamente indo para fora.

Genya não disse nada, apenas aguardou que Aoi saísse para que pudéssemos conversar. Meu coração se sentia pesado, alguma coisa dentro de mim dizia que aquela conversa não seria algo bom.

— Eu briguei com meu irmão, de novo. – Disse Genya, soltando um riso sarcástico e falso, apertando minhas coxas por cima do Kimono. – Eu só queria recuperar a minha família, queria que ele ficasse ao meu lado, que fosse feliz com a gente, mas ele sempre dá um jeito de fugir, de me afastar…

  Naquele momento eu não sabia o que dizer, tudo que eu falasse não teria sentido, não confortaria o coração de Genya.

— Falta pouco pra nossa filha nascer… – Genya disse dando um sorriso, enquanto beijava minha barriga, erguendo sua cabeça e olhando diretamente para mim. – Eu preciso de uma resposta, Muichirou.

  Meu coração começou a acelerar, uma resposta…o que eu poderia dizer? Genya e eu, uma família? Dois homens, sendo um deles um homem trans, mais uma criança que possivelmente era um demônio. Naquele momento meu peito se apertou, não queria magoar Genya, mas eu não conseguiria…

— Eu sinto muito, Genya. – Eu disse, vendo a expressão de Genya mudar, seus olhos se enchendo de lágrimas. – Mas eu não posso dar a família que você quer.

— Rejeitado duas vezes no mesmo dia…– Genya disse mordendo os lábios, um pequeno filete de sangue escorrendo de sua boca. – Tudo bem.

  O Shinazugawa se levantou, secando as lágrimas com as mãos, ele parecia triste e irritado.

— Genya, você tem certeza que vai criar essa criança sozinho? – Perguntei, me levantando.

  Era visível o quão grande Genya era perto de mim, pela primeira vez me senti intimidado pelo seu tamanho.

— Pensa bem, você é um corpo sozinho, mesmo com ajuda não vai conseguir dar conta de tudo. – Eu dizia, o mais calmo possível, tentando não irritar ainda mais o Shinazugawa. – Hinatsuru vai cuidar bem da criança, ela tem outras duas mulheres pra auxiliá-la e Uzui ainda é um Hashira, tem o suficiente para dar uma vida confortável ao bebê.

Toda forma de Amar - Genya × MuichirouOnde histórias criam vida. Descubra agora