Dezesseis Semanas

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    Aquilo estava começando a me incomodar mais do que o normal, graças aos céus os malditos enjoos e o cansaço inexplicável pararam. Aoi disse que agora as coisas seriam mais fáceis, não sei onde ela viu isso, meus seios estavam ficando tão grandes que tentar prendê-los com bandagem já era inútil. O pior mesmo era aguentar Tanjiro e Zenitsu, as visitas em conjunto dos dois caçadores era estressante demais, Zenitsu conseguia ouvir o bebê respirando, Tanjiro dizia que ele tinha um cheiro bom, que eu cheirava bem.

  Os dois palhaços tinham o costume de me trazer comida e ficarem embaixo da mesa colocando as mãos na minha barriga através do Kimono aberto, eles falavam bastante, Zenitsu disse que a criança já me ouvia. Coitado, mal nasceu e eu já o xinguei mais do que qualquer outra coisa. Tanjiro também tinha algumas superstições malucas como eu não poder sentar na porta de casa ou não passar nenhum tipo de vontade, em uma de suas várias visitas eu sem querer mencionei que estava com vontade de comer laranjas, e em algumas horas Tanjiro Kamado estava na minha porta com uma bacia enorme de laranjas.

— Você é louco… – Eu disse, ainda sem acreditar na quantidade de fruta que ele havia me trazido. – Eu disse que não precisava!

— Não pude evitar, eu não quero que o bebê nasça com cara de laranja. – Disse Tanjiro, enquanto me dava mais um pedaço da fruta.

— Um bebê com cara de laranja?! – Zenitsu se virou em nossa direção assustado. – Pelo amor de Deus, coma essas laranjas! Coma tudo!

— Parem de atormentar o Mui, seus idiotas. – Aoi havia chegado, trazendo consigo alguns óleos cheirosos.

  A Kanzaki colocou os potes na mesa, jogando as laranjas de Tanjiro no chão. O Ruivo ficou claramente ofendido com aquilo, mas acabou deixando passar. Aoi abriu um dos potes, o cheiro adocicado invadindo as minhas narinas, eu vi Aoi afundar os dedos naquele líquido viscoso e passar diretamente na minha barriga, massageando o local.

— Isso vai ajudar a manter sua pele hidratada, além do cheiro acalmar o bebê. – Disse Aoi, passando o óleo por toda minha barriga, a deixando brilhante como a lua. – Você tem feito o que eu mandei?

— Sim. – Respondi bufando, eram tantas exigências. 

— Mentira! – Disse Aoi, apontando o dedo na minha cara. – Olha os seus lábios como estão secos, você tem que beber mais água.

   Beba mais água, não coma tantos doces, não passe vontade, não fique acordado até tarde, faça isso, não faça aquilo. QUE INFERNO! Tudo que eu queria era um pouco de silêncio, talvez ler as cartas que me mandavam, as pessoas ainda pensavam que eu estava doente, Zenitsu até mesmo me disse rindo que algumas pessoas achavam que eu estava morto.

   Finalmente paz e sossego, agora finalmente posso voltar a fazer a minha leitura rotineira das cartas, meu atual passatempo é ler as cartas em voz alta e rir sempre que eles mencionam pedidos de melhoras ou qualquer outra coisa. Eu já havia aceitado, era tarde demais pra tentar recuperar o que eu tinha, tudo que me restava agora era esperar que os outros fossem como Aoi, Tanjiro e Zenitsu.

  Os dias foram passando, as visitas de Tanjiro e Zenitsu diminuíram devido ao dobramento de missões, como ambos e Aoi estavam ocupados demais com as próprias coisas. Eu estava sozinho, quando senti olhos queimando sobre mim.

  A sensação de estar sendo observado, em meio a escuridão, eu vi da janela surgirem olhos brilhantes e cor de rosa. Ao princípio meu coração disparou, mas ao perceber quem era me senti aliviado. Nezuko entrou no quarto, rolando pelo chão de madeira até os pés gordinhos e inchados.

  Nezuko colocou a mão em minha barriga, tomando cuidado para não colocar suas garras em Mim. A garota Oni deitou sua cabeça ali, fazendo um barulho como um ronronando, esfregando a bochecha macia na pele um pouco esticada do meu abdômen.

— Você não deveria estar com seu irmão? – Perguntei, a garota levantou a cabeça me olhando com um curto sorriso.

Me lembro de que Nezuko aprendeu a falar, fala pouco e como uma criança pequena, ela se atrapalha nas palavras, mas entende muito bem as coisas ao redor.

— M-me…irmã…o. – Nezuko sorriu, voltando a brincar com a minha barriga. – Prote-... ger…protege…Mui…kito…

   Eu não pude evitar rir da forma como ela havia aprendido meu nome, talvez Tanjiro tivesse a ensinado, era óbvio que Nezuko estava ali para me proteger. Mesmo que não precise de proteção, a garota parece estar aqui a bastante tempo, acho que ver minha barriga maior atraiu sua atenção.

— Nezuko, você sabe o que é isso? – Perguntei, apontando para o meu ventre.

— Be…bê. – Disse Nezuko, sorrindo animada com a palavra fácil. – Bebê!

— Sim. – Sorri, acariciando o cabelo da Oni. – Você gosta de bebês?

  A Oni balançou a cabeça positivamente várias e várias vezes, era palpável sua admiração, o quão encantada ela estava com a minha gravidez. Todos estavam assim…menos eu, a pessoa quem está carregando a criança.

  Nezuko, Tanjiro, Aoi, Zenitsu…todos parecem felizes e por mais que eu já tenha aceitado tudo, não consigo ficar feliz, só consigo imaginar como será minha vida depois disso, se vou simplesmente seguir em frente ou começar tudo de novo.

  Zenitsu havia me dito que as pessoas têm sons diferentes, que nunca é igual, tanto ele quanto Aoi e Tanjiro me vêem como um homem, não importa o quanto as crises de identidade me derrubem, me pergunto se Nezuko me vê dessa forma também.

— Nezuko, como…como você me vê? – Perguntei, a Garota levantou o rosto confuso, virando a cabeça de forma fofa para o lado. – Eu sou um menino ou uma menina? O que você acha?

— Mui…kito é…é… – Nezuko parecia pensativa, talvez eu tenha dado um nó em sua cabeça.

   Nezuko era como uma criança, me conheceu e me viu ser tratado como um homem o tempo inteiro enquanto esteve aqui, de repente eu apareço carregando um bebê, deveria ser confuso para ela. Porém a resposta que Nezuko me deu me surpreendeu, me fazendo ver o quão inteligente ela podia ser.

— Humano! – Ela disse alto, com um grande sorriso no rosto.

   Eu abracei a garota com força, fazia tempo que eu não abraçava alguém assim. Nezuko me abraçou de volta, um abraço coberto de ternura, a ternura que eu precisava sentir. Eu teria ficado ali mais tempo, se não fosse as batidas na janela.

  Um corvo Kasugai trazia consigo uma carta, era o corvo de Genya.

Continua...

Olha quem voltou? Eu mesmo!

Finalmente Quarteto Fodástico acabou e meu foco vai ser 100% aqui ❤️

Como podem ver os momentos fofos já começaram, em breve Genya irá voltar da missão e então vocês segurem um balde e se preparem pra vomitar arco iris pq...

!Spoiler!

Genya papai babão

Mui já começou a aceitar melhor a gravidez, mas isso não significa que ele gosta.

Vejo vocês em breve com mais.


Toda forma de Amar - Genya × MuichirouOnde histórias criam vida. Descubra agora