Prólogo - A origem de tudo

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No início dos tempos, o Universo não era como conhecemos hoje. Era vasto, mas quase inabitado. Existiam poucos seres, em sua maioria titãs filhos dos deuses ancestrais. Contam as lendas antigas que a luz provinha de um luminar supremo no centro: a Estrela Áurea. A essência de todo o espaço estava naquele astro, ela era o pilar do equilíbrio universal. Qualquer dano causado a ela, por mais simples que fosse, geraria consequências inimagináveis. Mas o mal não existia, e poucos seres cogitavam sequer se aproximar da estrela.

Mais que um lugar, o Universo era alguém. Um ser regente. Um deus soberano que organizava tudo como deveria ser, e cuidava para que tudo permanecesse em seu lugar. Ele era o possuidor da Áurea e era sua responsabilidade protegê-la e governá-la com retidão, usando o seu poder com sabedoria. Ele criava mundos e mais mundos, estrelas e mais estrelas, astros luminosos e não luminosos, todos com uma importância para a ordem universal.

Ele tinha dois filhos: Paladino, o primogênito, e Ramiro, o caçula. Os dois deuses acompanhavam o pai em todas as suas viagens, observando-o e aprendendo com ele tudo que era necessário para ser um bom líder. Um dia, o poderio da Áurea seria transferido para o mais habilitado entre os dois.

Os jovens príncipes se dedicavam para serem cada vez melhores, e estavam sempre no mesmo nível de aprendizado. No entanto, eles brigavam entre si, discutindo quem seria o mais poderoso. E o Universo não gostava disso. Ele via que a inveja brotava no coração de seus filhos, e que essa constante guerra pela superioridade poderia trazer más consequências à sua criação no futuro.

Quando chegou o dia de escolher o novo soberano universal, o deus pai reuniu todas as divindades antigas no Grande Salão Sagrado para a cerimônia. Todos estavam curiosos sobre como o herdeiro da Áurea seria eleito.

- Caros irmãos e irmãs! - começou o Universo - Aqui estamos nós para essa tão importante reunião, onde o poderio da Áurea e, com ele, o domínio de todo o Espaço será transferido de mim para um de meus filhos. Teremos todo o destino da criação traçado hoje, aqui. Portanto, será necessária uma análise minuciosa dos talentos e capacidades dos príncipes. E essa análise será realizada através de um duelo. Os dois deuses pelejarão entre si, e aquele que se conservar em vida será o vencedor.

Os príncipes se espantaram. Será que o poder valia a vida de um irmão? Mas, quando pensaram em dizer alguma coisa, já não estavam no recinto. Os irmãos foram transportados a uma arena, e o duelo foi iniciado.

Eles permaneceram alguns segundos atônitos, olhando um para o outro. Até que Paladino rompeu o silêncio, criou uma espada prateada e avançou contra o irmão. Já que esse era o único jeito, não havia escapatória: um dos dois teria que sair dali morto. Ramiro, porém, criou apenas um escudo para se defender. Não ousaria tocar em um fio de cabelo de seu irmão mais velho, ainda que isso significasse perder tudo que havia lutado tanto para adquirir.

Cada golpe da espada de Paladino era defendido pelo escudo de Ramiro, e cada vez os dois se cansavam mais. Até que Ramiro, já exausto, foi jogado ao chão com um golpe. Ele estava fraco e machucado, sem forças para continuar se defendendo, e Paladino se aproveitou disso. Aproximou-se do irmão caçula e ergueu sua espada. Porém, quando foi efetuar o golpe de sua vitória, algo o barrou, e os dois irmãos foram transportados novamente para o Salão Sagrado.

O salão virou um caos. O panteão murmurava entre si, dizendo: "O Universo deixou o amor aos filhos superar o cuidado da criação", "Prefere ver o espaço em conflito a sacrificar um de seus filhos".

- Silêncio! - bradou o deus pai. - O que acabaram de ver não foi uma demonstração de fraqueza paternal, mas sim o verdadeiro teste: Paladino nos mostrou ser um guerreiro poderoso, que luta pelo que quer, independentemente do que irá perder, e Ramiro é sábio e virtuoso, pois preferiu perder a vida a derramar o sangue de um irmão. As bases da criação são essas: o poder e a sabedoria. E, a partir de hoje, meus filhos governarão juntos, cada um com seu dom, e um dependerá do outro para ser bem sucedido.

- E o que você pensa que irá fazer? Transferir a Áurea aos dois? Sabe que isso é impossível! - perguntou, indignado, o panteão.

Então, o Universo tomou uma atitude drástica. Invocou a Estrela Áurea, e ela apareceu.

- Como última ação sendo o possuidor deste astro, Estrela Áurea, eu te ordeno: divida a sua essência, e cada parte pertença ao filho mais habilitado para si!

A Estrela, então, ascendeu ao ar, e partiu-se em duas partes, causando uma grande explosão cósmica, cujo resplendor e força puderam ser vistos e sentidos em todo o Espaço. Todo o panteão foi arremessado para trás, e poeira e fragmentos do astro se dispersaram pelo Cosmo, formando as Nove Dádivas Celestes, objetos poderosíssimos que foram mantidos em segredo por gerações.

Quando tudo se acalmou, as partes da Estrela, que ainda flutuavam, se transformaram em chamas, que deslizaram no ar até repousarem nos príncipes. Uma chama violeta repousou sobre a cabeça de Ramiro e outra azul escuro, sobre o peito de Paladino. Eram a sabedoria e o poder que fundaram toda a criação, os Dons de Equilíbrio.

Com a explosão, o deus pai desapareceu e nunca mais foi visto. Em sua homenagem, seus filhos nomearam a criação com o nome do deus fundador: Universo. Os deuses se dispersaram pelo Espaço, formando famílias e povoando planetas. E os descendentes dos deuses governadores nasceram com os dons de seus pais, sendo divididos entre os Paladiuns e os Ranemirus.

Sombra & Luz: o elo entre reinosOnde histórias criam vida. Descubra agora