Abraço. (3)

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  Miguel riu e começou a falar sobre o lugar, por algum motivo não quis contar sobre as coisas erradas que o fizeram decidir sair, mas contou parte da imensa lista de coisas que eram proibidas no lugar onde ele viveu a vida inteira, além de pouca tecnologia, o ensino dos jovens tinham algumas restrições, isso estava atrapalhando muito ele em se adaptar na faculdade e até mesmo no trabalho, então Hiro acabou tendo a brilhante idéia de o ensinar sobre o mundo que Miguel não conhecia.

- Isso vai me custar outro beijo? -perguntou colocando a mão na boca.

- Não... Vou cobrar um abraço. -Hiro abriu os braços, Miguel deu um sorriso e o abraçou.

- Se eu soubesse que podia pagar coisas com meu corpo já teria mobiliado minha casa. -afirmou de forma inocente.

- Nunca mais repita isso para ninguém, as pessoas podem interpretar errado. -eles chegaram na frente do mercado, Miguel estava morando no andar de cima que tinha duas casas.

- Entendido, vai ser muito útil ter alguém me ensinando algumas coisas, foi bem ruim todo mundo rindo de mim hoje por não conhecer o tal do ZAP. -Hiro acabou rindo também. - Não ri.

- Desculpa, foi sem querer, mas eu acho até fofo você não saber quase nada do mundo, vou nessa, amanhã acordo cedo e você também.

- Tá bom, boa noite. -Miguel ia entrando porém Hiro o puxou de volta.

- Espera, tem que se despedir de mim com outro abraço.

- Isso é muito contato físico para quem acabou de se conhecer, você faz isso com todo mundo?

- Só se eu estiver bêbado, é que eu gostei de você.

- Tudo bem. -Miguel o abraçou de novo e entrou.

- Aí meu coração.

  Hiro voltou para casa sorridente, estava completamente apaixonado por Miguel, o beijo e o abraço foram os últimos golpes para ele ficar encantado, ao chegar em casa tomou banho, comeu alguns ovos mexidos e foi deitar na cama, antes de dormir mandou mensagem para Evelyn.

-"Amiga achei ele na saída da faculdade e a gente se beijou."

-"Você não perde tempo, mas achei que seria mais difícil."

  Hiro começou a contar os detalhes de como tudo aconteceu para ela entender, por fim concluíram que era melhor dar tempo para vc saber mais sobre Miguel antes de Hiro começar a criar expectativas, mas apesar de ter dito para amiga que não estava criando nada em sua cabeça, a verdade é que em sua imaginação fértil um futuro alternativo já havia sido criado.

  No dia seguinte após seu treino matinal e trabalhar durante parte da manhã, Hiro saiu para almoçar e foi direto para a loja de seu tio, chegando lá apenas Miguel estava cuidando do lugar.

- Oi gatinho. -cumprimentou dando um beijo na bochecha dele, que se assustou já que não tinha o visto entrando.

- Hiro, quase me matou susto, como vai? -Miguel se levantou meio sem graça e sorriu para ele.

- Vou bem e você?

- Quebrando a cabeça para me adaptar.

- Relaxa, qualquer coisa pode contar comigo.

- Obrigado, achei que não encontraria pessoas legais aqui, mas me enganei.

- Sabe, eu e a minha amiga Evelyn vamos ir ao cinema sábado a noite, você pode vir junto! -Miguel colocou a mão no queixo como se estivesse tentando se lembrar de algo.

- Eu nunca fui a um cinema, meu irmão mais velho uma vez disse que são telas enormes que transmitem a mensagem do capeta. -Hiro começou a rir. - Qual a graça?

- Desculpa, eu também vou ter que me adaptar a lembrar que você veio de outra realidade, às vezes podem transmitir a mensagem do capeta no cinema, mas acho que você vai gostar.

- Não sei se quero ouvir o capeta, sai da religião mas ainda gosto de Deus.

- Olha acho que ontem você fez algo pior que assitir um filme. -afirmou aprontando para o boca dele, Miguel imediatamente ficou vermelho e encarou o chão.

- Tem razão... eu vou com vocês!

- Ótimo, te busco depois do trabalho, não precisa levar carteira, a Evelyn banca tudo.

- Porque ela banca tudo?

- Os pais dela são ricos e divorciados, então além de ganhar de tudo ela ganha em dobro.

- Pobrezinha, deve ser um grande sofrimento ter pais separado. -Miguel fez uma cara de genuína tristeza.

- Não, ela na verdade gosta muito disso.

- Vocês são tão estranhos! -Hiro voltou a rir do jeito que Miguel via as coisas.

- Tenho que ir, tchau! -ele deu um abraço por trás que fez o rapaz ficar arrepiado.

- O que foi isso? -perguntou se virando com o rosto vermelho.

- Um abraço, vou indo!

  Disse saindo correndo, Miguel se sentiu estranho depois de ser abraçado daquele jeito, um tipo de sensação que ainda não havia sentindo.

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