Beijo. (2)

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- Aposto que não sabe nem digitar o próprio nome! -disse um deles balançando um telefone na frente do rapaz.

- Ei!!! -gritou Hiro surgindo atrás deles que encararam assustados, já que o rapaz era bem alto e forte, enquanto eles ainda eram jovens ratifico. - Saiam. -mandou cruzando os braços.

- Não, a rua é pública idiota!

- Não me diga engraçadinho, se não saírem eu faço questão de tirar vocês, como vai ser? -eles olharam entre si enquanto Miguel se mantinha quieto de cabeça baixa.

- A gente não quer problema, só estou brincando com ele, até você vai achar engraçado, ele veio de um lugar que as pessoas não tem celular! -afirmou rindo enquanto Hiro se mantinha sério.

- Eu não vou repetir.

- A gente vai embora, mas é só porque a gente é da paz. -os três se viraram para direção oposta e saíram.

- Obrigado. -disse Miguel se virando para encarar Hiro, o jeito que ele o encarou com um olhar de alívio fez o coração do rapaz bater mais rápido.

- Não agradeça, agora você está me devendo. -Hiro se aproximou dele com um sorriso malicioso.

- Eu não sei exatamente como as coisas funcionam aqui, quanto eu te devo? -Miguel tirou a bolsa das costas, mas foi interrompido.

- Não me deve dinheiro, quero outra coisa.

- O que?

- Um beijo. -disse Hiro se aproximando mais dele.

- Mas nós somos homens... -respondeu Miguel ficando com a pele branca de seu rosto vermelha e dando um passo para trás.

- Eu não ligo, dívida é dívida. -a medida que Miguel se afastava Hiro se aproximava.

- Mas eu nunca beijei ninguém... -contou abaixando a cabeça.

- Poxa... -Hiro saiu de perto dele. - Nesse caso eu espero você dar um beijo em alguém especial para você e depois pode me dar o que deve.

- Obrigado, mas como vai me achar?

- Você trabalha com meu tio Nakada, sei exatamente onde ir cobrar a dívida.

- Que legal! -disse ficando empolgado sorrindo, Hiro reparou que ele tinha covinha que deixavam o sorriso dele mais fofo. - O senhor Nakada foi a melhor pessoa comigo desde que sai da comunidade, você também veio do Japão?

- Não, só visitei alguns parentes lá a alguns anos, mas meu japonês é muito bom.

- Isso é incrível, você não parece nada com seu tio, é bem... -Miguel o olhou de cima a baixo meio sem graça. - Você é bem maior que o senhor Nakada... -Hiro riu do jeito que ele ficou sem graça dizendo aquilo. - Prazer sou Miguel!

- Hiro.

- Obrigado por me ajudar, não posso pagar seu beijo depois, se eu encontrar alguém especial vou me casar com essa pessoa e não posso trair ela beijando você, então. -Miguel puxou ele e o beijou, Hiro se assustou, não esperava por aquilo, mas pegou o rapaz pela cintura e enfiou a língua na boca dele, Miguel o afastou alguns segundos depois seu rosto estava vermelho e o de Hiro também. - Está pago?

- Sim, pago... -respondeu tomando fôlego, Miguel deu um sorriso sem graça e se virou meio envergonhado.

- Então tchau!

- Espera, vou te levar para casa como cortesia. -na verdade o beijo só atiçou Hiro.

- Não precisa, não é tão longe.

- Eu insisto, minha casa é caminho. -Miguel olhou em volta, não tinha se acostumado ainda a andar pela cidade.

- Tudo bem então... -eles começaram a andar juntos, ambos pareciam com vergonha naquele momento.

- Então, você viveu a par do mundo aqui fora?

- Sim, meus pais são extremamente religiosos, eu estudei na escola local, não tinha acesso a internet, então tudo o que eu sei sobre o mundo aqui fora é que todo mundo é depravado.

- E eu só confirmei isso para você né?

- Sim! -afirmou soltando uma risada sem querer.

- Desculpa, mas porque saiu de lá?

- Eu descobri muitas coisas erradas sobre os outros membros do lugar, não me sentia bem lá, então decidi que se é para falar uma coisa e fazer outra, prefiro ficar aqui fora e fazer o que me der vontade.

- Corajoso, eu ainda estou criando coragem para dizer aos meus pais que sou gay e você fugiu sem olhar para trás.

- O que é gay? -Hiro o encarou esperando ele dizer que a pergunta era brincadeira, porém Miguel se mantinha sério como se realmente quisesse saber o que era.

- É homem que sente atração por outro homem, nunca imaginei que ia ter que explicar isso.

- É isso, na minha comunidade chamamos de outra coisa, mas acho que você não vai gostar de saber já que é um.

- Já sei que quero passar bem longe desse lugar.

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