Capítulo 17

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— Como vamos fazer? Você vai primeiro e depois eu vou? — Soraya pergunta assim que eu paro o carro no estacionamento da empresa.

Minha assistente passou o fim de semana todo na minha casa. Ontem a tarde, eu a acompanhei até o seu prédio e pegamos roupas e seu material de trabalho. Depois disso ela voltou lá pra casa e passamos o resto do domingo juntas.

— Eu vou primeiro e depois você vai? — Soraya pergunta mais uma vez, por conta do meu silêncio.

Ela está passando um gloss nos lábios e isso acabou tirando toda a minha atenção.

— Qual o problema de irmos juntas? — pergunto pegando minha pasta e tirando o cinto de segurança.

— Nenhum, é só que eu pensei que a senhora não quisesse ser vista chegando com sua assistente —

— Não se preocupe com isso, okay? — saio do carro e vou até o outro lado, a ajudando a sair.
Soraya veio ao meu lado andando rápido empresa a dentro, indo até a minha sala.
Eu ando ao seu lado, tentando acompanhar seus passos rápidos.

Nem ao menos deu para eu observar os funcionários irem para os seus lugares e começarem o trabalho igual todos os dias de tão rápido em que estávamos andando.
Admito que era divertido ver o desespero deles todos os dias. Como se eu não soubesse que mesmo estando na empresa, eles só começavam o trabalho assim que eu pisava no hall de entrada.

Entramos no elevador e Soraya parece soltar o ar em alívio.

— Estavam todos olhando para a gente —

— Ninguém estava olhando pra gente — asseguro, me segurando para não rir de seu nervosismo

— Seria tão ruim assim se envolver comigo? —

— O problema não é você, sabe disso. É que as pessoas falam, as fofocas rolam. E eu não quero que pensem que eu estou me aproveitando de você — ela diz baixo, olhando para os botões do elevador que anteriormente ela tinha apertado.

Me aproximo dela, alisando seu rosto com a ponta dos dedos.

— Você já tem suas inseguranças, não quero que elas aumentem por comentários desnecessários de algumas pessoas — no momento em que ela diz isso eu me sinto um pouco mal.

Não podia mudar o que eu sentia e meu medo.
Eu era insegura, tinha medo do meu futuro ao lado das pessoas. Eram sentimentos que anos de psicólogo e terapia em grupo não resolveram, não era agora que esses sentimentos sumiriam.

— Eu não ligo para o que os outros falam, okay? Não precisa se preocupar, ninguém vai mudar meu pensamento a seu respeito —

Soraya balança a cabeça em concordância e na hora que eu ia me aproximar para beija-la, a porta do elevador se abre.

Anne entra por ela e logo dá uma gargalhada.

— Eu sou oficialmente a empata foda de vocês duas. Mereço um prêmio

— eu não quero concordar, mas é a pura verdade.

Anne sempre chega em momentos importunos. Parece que ela sabe quando Soraya e eu estamos próximas e a ponto de fazer algo que não devíamos na empresa.

— Bom dia, senhora Vieira — Soraya diz formalmente, ignorando as falas da minha melhor amiga.

— Bom dia, Thronicke. Fiquei sabendo do final de semana que as duas tiveram. Eu ia na sua casa mas, Janja falou que era melhor eu deixar vocês sozinhas — Anne anuncia, me deixando um pouco sem graça.

É ruim saber que minhas amigas estão tão atualizadas sobre a minha vida sexual.
O elevador se abre mais uma vez, no andar de Anne, ela se despede de nós duas com um sorriso e sai sem dizer nada.

Why not? | Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora