Um Clichê Adolescente (só q não)

𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 [5√]

Quando finalmente todos tinham entrado em seus carros e se dirigiam para a escola, eu e Yuri saímos de dentro da casa. Caminhamos até um carro conversível preto, acho impressionante como esses mauricinhos esbanjam tudo que tem. Antes que eu pudesse abrir a porta, ele impediu, ficando na minha frente, com minhas costas grudadas na lataria do carro.

Puta que pariu, dessa distância eu consigo sentir o seu hálito de menta.

- Não tive a oportunidade de dizer, mas caralho, você tá linda!

Pude sentir minhas bochechas ficarem um pouquinho vermelhas, talvez esteja sendo uma das primeiras vezes daquela experiência. Mas, algo talvez me cheirava muito estranho.

- Ah! Muito obrigada!? Você também está é... apresentável.

Ele deu uma risada, era nítido que eu estaria tímida demais para aquilo. Abriu a porta para mim, dando espaço para entrar. Coloquei meu cinto e a bolsa em meu colo, mexendo na cordinha que a segurava. Ele deu a volta no carro, entrando no lado do motorista.

Ficamos uma parte do caminho no completo silêncio, de qualquer maneira, a escola seria longe da casa de Elis, então o caminho ficou insuportável.

- Então, Lorena... Eu tenho te observado a algumas semanas, você não é tão invisível como imagina.

Yuri falou enquanto olhava para a estrada, escura e deserta, parecendo um filme de terror.

- Como assim?

Perguntei enquanto olhava a afeição de seu rosto, um sorriso ladino sarcástico, chegou a me dar arrepios. Mas, ele parecia nervoso também, uma de suas pernas batia o carpete do carro incansavelmente.

- Você, ser tratada ou até se fazer como a sombra do Luke - Ditou dando uma pausa dramática, neste ponto eu mexia na parte interna das minhas unhas - Assim, tem mais atenção do que imagina...

Eu tenho mais atenção do que imagino? A única atenção que imagino é de quando esbarram em mim no corredor, ou até quando chego na escola com Luke. Mas olhares assim? Nunca imaginei.

- Por que tá dizendo isso?

Perguntei, estranhando um pouquinho aquilo. Acho que precisaria parar um pouco de me preocupar tanto e largar meu sexto sentido. Às vezes, ele pode estar errado, né?

- Nada, por dizer... Ei, posso passar na cabana da minha família antes? Eu preciso pegar uma coisa.

Seu pedido fez minha cabeça martelar mais ainda, ele não poderia me largar na escola primeiro e depois pegar? O que era tão importante para ser pego agora?

- Você não pode, sei lá, pegar depois?

- Eu prometo ser rapidinho, não vamos demorar nada.

Suspirei, estranhando.

- Tudo bem, se for rápido.

- Eu prometo que sim!

E então, ficamos em silêncio. Eu não sabia perguntar nada, e ele não tinha nada para responder. Tocava Cruel Summer da Taylor Swift no rádio, e ele cantava baixinho.

- Eu posso até gostar da Taylor, mas Lana é muito superior.

Ditou, e eu não respondi. Eu sabia que tinha algo estranho, tem algo, quem não gosta da Taylor Swift? Peguei meu telefone, mandando apenas minha localização em tempo real para a primeira pessoa na minha agenda de contatos.

- Tá falando com quem?

- Ah, ninguém! Tava só tirando as notificações da tela.

Ele só respondeu com um 'hum' e continuou dirigindo. Prestei atenção em seus movimentos com cuidado, até ele abrir o porta luvas e pegar uma arma, apontando ela pra minha cabeça. CACETE, EU SABIA QUE TINHA ALGO ERRADO!

- Coloca tua bolsa no banco de trás, e fica quietinha, anjo.

O apelidinho dele me deu nojo. Joguei a bolsa no banco de trás, levantando minhas mãos com um certo receio. Ele deu um sorrisinho satisfeito, entrando em um terreno parecido com um sítio.

A única coisa que rodava em minha cabeça era, porque caralhos Yuri estaria apontando uma arma pra mim com um sorriso meio maníaco. Eu juro, descrevendo o rosto dele seria, sobrancelhas baixas, olhos mais abertos e um sorriso de orelha a orelha.

Quando ia perguntar algo, só senti uma dor na minha cabeça, a batida do cano da arma em mim, me fazendo desmaiar. Eu tô fudida...