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Apesar de gostar de acompanhar meu pai nos coquetéis executivos,nesse dia eu estava extremamente exausta e aproveitando quase nada da companhia de quem vinha e se juntava comigo à mesa.

Estava sentada, parcialmente, longe dos demais, entediada. Observando minha mãe à distância, notei que sempre dava atenção às esposas dos empresários mais posicionados e respeitados da incorporadora de Fernando Zor ,um homem mão de ferro e coração de aço.

Não me surpreendi quando ele praticamente exigiu ao meu pai, que fazia questão da minha presença no coquetel. Não era segredo para ninguém que esse senhor nutria um interesse explicito por mim. Ele e toda a sua junta corporativa somente de homens. Pela permanência do cargo do meu pai, me via obrigada a aceitar esses tipos de convites, mas já estava de saco cheio.

Sempre que eu tinha chance, desviava de seus olhares, pertinentes, para qualquer lugar longe de seus olhos. Fernando era bonito e elegante. E tinha uma pele clara sedutora, bem cuidada; e os cabelos pretos , que para mim, era a parte mais imponente e marcante de sua beleza fisica.

Mas ainda assim, esse homem me causava calafrios na alma. Senti-me desconfortável quando a flagrei dizendo algo para seus subordinados e depois riram balançando a cabeça. Menos Fernando. Ela não sorria em nem um momento. Não o conhecia bem, mas percebi em todas as vezes que o via em meio a muitas pessoas, em circunstncias sociáveis, que não era de sorrir. Não sorria nunca. Mostrava-se o tempo todo sério, olhar autoritário, que causava frio nas entranhas.

E, apesar da minha certeza de que eu era seu alvo de conquista, sentia seus olhares sempre como se estivesse pronta para dar uma ordem, e não fazer qualquer jogo de conquista. Em alguns momentos raros, depois de descobrir quem era realmente o senhor Zor, ainda tive vontade de receber uma cantada sua somente para ver como se saía na conquista. Mas nunca aconteceu nada disso. Nem algo similar.

Quando Fernando se desvencilhou do grupo de executivas e se dirigiu para a minha mesa,tive que me empertigar e respirar fundo.

Tomei um gole da bebida especial na taça e virei o rosto, fingindo estar focada em outra vista, quando ele se aproximou querendo atenção.

-A solidão não é uma boa companhia.- Disse, sem cortesia. Sem sequer colocar um riso na boca. Olhei-a bem, esperei algum tempo até responder.

- Melhor sozinha que mal acompanhada. Não concorda? - Fernando parecia ter ficado mais inflexível, sem galanteio no olhar.

Levantei para sair dali, sem ao menos pedir licença. Não me importava que meu pai era um dos administradores secundários da Incorporadora, ser mal educada era a minha única opção naquele momento; a que eu achava mais confortável e até digna.

Insatisfeita com minha postura, Fernando levantou, assim que me pus às suas costas, e, antes que eu tomasse distância, agarrou meu braço como se eu fosse umas de sua serviçais.

Arregalei os olhos, meu coração acelerou rapidamente, assustada pela pegada bruta. Parecia ter a força de um homem que levava uma rotina no octógono.

-Você ainda vai ser minha, Maiara Carla. Vai ser uma senhora Zor. - Profetizou, certo de suas palavras - E todas vão morrer de inveja, cobiça, por me verem com a mulher mais bela de Belo Horizonte.

Repuxei o braço com tudo, quase desiquilibrando para trás. Senti uma profunda angústia quando olhei bem dentro de seus olhos. Não consegui falar nada; sequer dizer o que ficou entalado na garganta: que ela era uma louca! E que não havia nenhuma possibilidade de eu ser a "sua senhora", Saí às pressas desse lugar, deixando minha mãe e meu pai para trás.

Meses depois, após uma longa temporada de desfile na Itália, voltei para a casa e percebi que as coisas andavam muito estranhas, suspensas. Minha mãe estava mais agressiva que antes e meu pai muito preocupado, quase não falava, se comunicava. Sempre foi carinhoso e atencioso comigo, ao contrário de Almira. E com a minha chegada ele sequer se animou, pelo contrário, me evitava como se tivesse vergonha.

Curiosa para rever Fernando Zor e também para buscar respostas sobre o que estava acontecendo com meu pai, escolhi um dia para ir à incorporadora.

O primeiro rosto que vi foi o de Fernando. Estava muito elegante, como sempre, cheguei a me sentir atraída novamente, e, por uma estúpida tolice, me agarrei a um fio de esperança de que tivesse mudado. Algumas vezes, depois da minha chegada, arranjei desculpas para ir visitar o meu pai à empresa, com o intuito de poder vê-lo.

O que mais me atraia, além de todo o poder e empoderamento que sua imagem e nome carregavam, era sua pele, bem como os lábios felpudos e morenos; os dentes limpos e alvos como nuvem de verão. Quando passava por mim, seu cheiro me atiçava, minha pele ardia e meus pensamentos tornavam-se devassos, cheio de luxúria.

Mas, à medida que minhas visitas se tornavam mais frequentes, eu ficava mais decepcionada. Assistia Fernando tratar mal, e com profunda dureza, seus funcionários; que, em grande maioria, eram mulheres. E o encanto se perdeu de vez quando eu soube que frequentava prostíbulos. Não tỉnha absolutamente nada contra quem levava a vida se prostituindo, mas para mim foi broxante descobrir a verdade. Ainda chegueia segui-la uma única vez, para me convencer, ter absoluta certeza.

Fernando tinha 37 anos, mas por causa de sua linda cor de pele, aparentava ter bem menos. Seu olhar para mim era sempre de cobiça, de posse. Era mais um dia especial. Uma comemoração entre os executivos em razão a uma conquista no ranking de empresas, portanto, mais um coquetel. Meu pai pediu que eu estivesse presente novamente e acatei ao seu pedido. Era sempre a mesma coisa; bebidas, músicas instrumentais, e confortável à audição, e muitas duplas de pessoas conversando.

Como sempre, eu estava bem afastada, torcendo para passar despercebida por todos. Infelizmente não foi assim. Fernando ficou de olho o tempo todo, e, já ao final do coquetel, veio conversar. Depois de passar o evento inteiro me comendo com os olhos, chegou perto e disse uma única frase.

– Uma vez falei que você ia ser minha, Maiara Carla ,e essa profecia está cada vez mais perto de se realizar.

Como da outra vez,achei tudo isso um absurdo, uma sandice desmedida. Mas Fernando disse com tanta certeza, que gelei por dentro, a boca ficando seca. Saí dali; a aflição que me acompanhou até em casa, não me deixou dormir a noite toda. Uma semana depois, prestes a fechar um evento de estética como modelo de rosto, recebi a notícia de que meu pai havia aplicado um desfalque na incorporadora. E, logo após à surpresa da notícia, recebi a pior proposta da minha vida. Uma proposta que eu não podia me dar o prazer de recusar

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Dsclp por possíveis erros

Dêem estrelinhas pfv. Até breve

guarda costa | Mailila adaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora