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- Pode entrar. O senhor Zor está a sua espera. É a primeira porta à esquerda.

- Obrigada. -Agradeci, com a atenção apenas em Fernanda, sem olhar para a outra.

Cheguei à sala indicada, bati e a voz mandou entrar. Entrei e dei de cara com a visão magnífica através das paredes espelhadas e transparentes, que mostravam toda a vista panorâmica do lado de fora.

Dava para ver o parque inteiro de Reneé. Não costumava ficar deslumbrada facilmente, e muito menos demonstrar fascínio por alguma coisa, mas não consegui me conter.

- Bem vinda. - Fernando ergueu o braço e fiz o mesmo, apertando sua mão em cumprimento. - Confesso que esperava sua chegada pela parte da tarde. - Confessou, muito sério, desvencilhando o contato. - Senta, Marília. - Agradeci e sentei:

- Deve imaginar como é. Ficamos na ansiedade para começar. Ainda mais quando se tratando de um trabalho dessa importância e responsabilidade.

- Você é a profissional mais qualificada e completa do estado, e uma das melhores do país, segundo a ASBRA. - Elogiou, folheando uma pasta alta de papéis. Relanceei rapidamente e vi que se tratava da minha ficha.

- Obrigada. Estou à inteira disposição.

- Sei que está. - Sua dura expressão não suavizou, desde que entrei e me cumprimentou. Manteve-se sério, pouco simpático.

Eu a observava e só conseguia ver o quanto parecia ser do tipo impiedoso e carrasco, como já ouvi reclamarem por aí.

Fiz uma pesquisa básica sobre o executivo. Não me afetou nem um pouco. Sabia lidar bem com esse tipo de recepção.

- Seu contrato. Leia e veja se tem alguma objeção a fazer. - Peguei o documento e relaxei um pouco mais na cadeira confortável, recostando as costas nela.- Não tenha pressa. Mas adianto que tudo aí é muito legítimo e correto. - Folheei a lauda, já ia começar a ler as primeiras linhas do contrato, quando ele acrescentou. - Essa é minha esposa, quem você protegerá por 24 horas. Maiara - Fernando esticou o braço, me oferecendo uma foto.

Peguei, minha primeira reação foi prender a respiração e erguer a sobrancelha lá no alto. Depois alternei o olhar entre a fotografia e ele.

Fui soltando ao ar aos poucos; não pude deixar de me surpreender. Fernando estava com a atenção toda em mim; analítico, nem um pouco ansioso.

- Linda, não é? - Como sempre, sua voz saiu fria, mas notei algo a mais nela. Uma hostilidade que não combinava em nada com o elogio. - Quero ficar a par de tudo o que ela fizer na minha ausência. Absolutamente tudo! Um relatório completo. Ligações, visitas à casa de amigas, qualquer movimentação suspeita, lugar diferente.. Tudo. - Aplumou os cotovelos na mesa e se inclinou meramente. - Quero que me diga até quando você chegar a desconfiar de algo, Marília. Mesmo sem ter certeza.

Obviamente eu deveria deixá-lo a par da cena que vi no elevador, mas eu ainda não havia sido contratada, não era oficial.

Senti meus múculos ligeiramente tensos, pois o que me esperava era de extrema responsabilidade. Jamais havia iniciado um trabalho com tantas informações colhidas. Era nítido que Fernando estava querendo uma guarda-costas disfarçada de detetive.

Voltei a encarar a foto, focando na beleza estonteante de Maiara. Maiara... Essa mulher era como a primavera: a mais linda das estações. A mais bonita de todas as mulheres. Sem dúvidas.

- E mais uma coisa. - Fernando recostou na majestosa cadeira, querendo minha atenção. - Mantenha o nível de profissionalismo no pico. Ao extremo. Converse somente o necessário, quando estiver em serviço, perto da minha mulher. Como está vendo, ela é muito bonita. Não preciso dizer que não admito qualquer tipo de intimidade. Certo?

guarda costa | Mailila adaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora