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Não houve tempo para especulações sobre quem poderia ser. A mulher, cujo rosto eu já conhecia, deixou o veículo e se juntou à chuva, ficando encharcada em questão de segundos; as pontas dos cabelos ruivos pingando, e a pele de seu corpo aparecendo através
da transparência da roupa.

- Quem é vocė? E o que quer na frente da minha casa?

MAIARA POV

- Quem é você? - Tive que repetir num tom mais alto que a chuva, para que a estranha pudesse me ouvir.

Mas percebi que sua mudez não foi porque teve dificuldades de entender; estava ocupada demais olhando para a transparência da minha roupa.

– Ei! - Estalei os dedos na frente de seu rosto encharcado de água. - Nunca viu um peito? -Gritei, chateada.

- Vamos sair daqui. - Disse, voltando a si, buscando os lados com o olhar. - Ou pegaremos um resfriado. Não tinha nada que ter saído daquele carro.

– Como é que é? -A encarei, mas ela não parecia disposta a explicar.

- Manda logo abrir esse portão. Precisamos sair debaixo dessa

- Está louca? Quem diabos é você? -

Ela penteou a raiz dos cabelos com os dedos, a água que salpicou dos movimentos explodiu no meu rosto, entrando para dentro dos olhos.

- Sou sua guarda-costas. - Revelou, como se tivesse falando de algo sem a mínima importância.

Entreabri os lábios, mas voltei a fechá-los novamente. A chuva que escorria pelo meu rosto obrigou-me a mantê-los fechados. Vi que passou a me observar com interesse, estudando  minha reação:

- Olha só, a gente tem de sair daqui. -Escutei, paralisada. - Disseram que teriam pessoas me esperando, mas ao que parece, os funcionários dessa casa têm medo de chuvisco.

Chuvisco? Ela disse chuvisco? O portão se abriu e o motorista entrou com o carro, me deixando para trás com a tal guarda-costas.

- Vamos?

- Não toca! - Esquivei os ombros, impedindo que sua mão se espalmasse em minhas costas.

Marchei para dentro, irritada, cheia por dentro. A ideia de uma guarda-costas na minha cola era absurdamente revoltante. Segui andando, ela veio seguindo logo atrás, analítica, observadora.

Minha visão periférica flagrou cada movimento de seu corpo, as passadas largas, meio lentas. Enquanto eu dava dois passos, ela dava um. Era tão alta que eu tinha que erguer o queixo para olhá-la. Chegamos na área espaçosa, da mansão, refugiando da chuva. Rosane correu ao meu encontro com uma tolha branca-felpuda e jogou nos meus ombros.

De relance, observei quando a guarda-costas afrouxou a gravata e abriu o terno encharcado. Mas não o tirou. Havia um coldre vazio ao lado de sua cintura.

- Tudo bem aí? - Indagou, numa distância de três metros. Ainda bastante chateada, encurtei a lonjura, chegando perto.

- Que uma coisa fique bem clara aqui. Eu vou fazer de tudo para me ver livre de você. – Ameacei, séria, muito decidida, sem pirraça na voz.

Seu maxilar quadrado endureceu, ficando ainda mais marcado, rigido; se ela tinha a intenção de revidar, ficou apenas na vontade.

Esbarrei em seu ombro, desaparecendo de sua vista, sendo seguida por Rosane que pedia para que a esperasse. Na suíte, parei diante da cama, agitada.

- Você viu? Aquela mulher é minha nova cão de guarda, Rosane. - Contei, indignada.

- Não deve ser tão ruim, menina - Ela se colocou às minhas costas, retirando meu casaco que estava
grudado no corpo. Ensopado.

guarda costa | Mailila adaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora