capítulo oito

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Todos estavam no refeitório do CT do Barcelona. Duas mesas retangulares eram ocupadas pelos jogadores do clube que discutiam sobre a temporada do ano seguinte, a promessa era ser o ano do time catalão.

Antes do técnico chegar, comentavam sobre a decisão que supostamente Joan, presidente do clube, tomaria de o tirar do cargo.

Segundo os culés que pressionavam o anfitrião geral, especularam que Xavi não estava preparado para tomar conta de um time tão grande como o Barça.

Não era totalmente falsa essa questão. O técnico fazia escolhas erradas dentro e fora dos jogos, o que chegou a incomodar até mesmo os próprios jogadores.

Ninguém imaginava qual seria o destino do homem. Conversavam animadamente sobre Ferran namorar a filha do técnico da Espanha, não perdiam a chance de tirar o sarro de qualquer um ali.

— Vocês estão com inveja. — pega um pouco de pipoca do saco que segurava jogando nos garotos da mesa ao lado que riam escandalosamente. Inclusive nela estava sentada o aniversariante do dia, Pedri.

— Claro, quem iria perder a chance de ser convocado para a seleção? — Busquets exclama fazendo uma carranca se estabelecer no rosto do camisa 11.

— com vocês eu nunca iria. — diz Raphinha. Era quase impossível acontecer, já que o futebolista é do Brasil. - e na próxima copa vamos deixar vocês de chinelo. - sorri convencido tendo como resultado uma vaia.

— perderam de 7 a 1 pra Alemanha, imagine pra gente. — Ferran provoca. Naquela tarde o brasileiro tinha sido o que mais zoou o garoto.

Todos os outros fizeram um "uhh" em coral para adicionar mais lenha na fogueira. O latino iria revidar se não fosse por palmas começarem a ser batidas.

Um dos homens que trabalhavam no CT se aproximou da mesa em que estava sentado Pedri. Tinha um bolo em mãos com grandes faíscas saindo da vela. O garoto corou violentamente, imaginava que iriam fazer algo, mas não tinha se preparado.

Os colegas cantavam animadamente parabéns, Pedri bateu uma palma sobre a outra na tentativa de aliviar a timidez. Se esquivou para ver o rosto de Gavi que sorria observando o garoto envergonhado, achou uma graça, seus olhares se encontraram. O coração de ambos palpitou com aquele ato. Agora o sorriso tímido era de Gavi que teve suas maçãs do rosto coradas. Apenas notaram que a parabenização cessou com uma nova brincadeira tirada por Ferran.

— Vamos lá meu amigo González, faça um pedido. Só não vale ser a mãe do Gavira na sua cama. — em pé sorria maliciosamente indo até o aniversariante.

— olha o respeito! — o caçula dispara com a expressão emburrada fazendo todos rirem.

— você sabe que estou brincando. — manda um beijo no ar para o camisa 30 na ponta da mesa. - ou se quiser poder seu eu na sua cama.

— A oferta ficou mais tentadora. Sua namorada vem junto? — Pedri questiona encarando Ferran que fica pálido. Os jogadores se calam. Poucos segundos de silêncio até Ansu cantarolar uma música de suspense fazendo todos voltarem a rir.

— palhaço. Assopra logo essa coisa que eu tô com fome.

[...]

No vestiário Gavi entrava após Pedri o chamar para conversar. Parecia inquieto, o que preocupou o mais novo que fechou a porta atrás de si.

— Então, aconteceu algo? — parou na frente do mais velho que sentava em cima da mesa do local. Ficou no meio das suas pernas, era perigoso, mas Pedri acreditava que não iriam passar de 5 minutos. Portanto, não tratou de o afastar.

— nada que precise se preocupar —  sorri contido. Como pensou na noite anterior, Gavi era expressivo, dava pra notar tudo através de seu rosto. Inclusive sua preocupação agora que pareceu aliviar mais. — meus pais querem que eu vá esse sábado para casa deles.

— Ou seja, amanhã. 

— sim. — seu sorriso some após o outro parecer desapontado. — Sei que deveria ter avisado com antecedência. — suspirava. — Embarco nessa madrugada. — leva uma de suas mãos até o queixo do garoto na tentativa de o fazer encará-lo.

— Quantos dias? — Gavi murmura tentando baixar a guarda. Não queria que o amigo fosse, mas fazia um tempo que o outro não via seus pais. Não podia ser egoísta. No entanto, não gostava da sensação que a notícia lhe trouxe.

— uma semana.

— tudo isso? É a mesma coisa que você me falar que vamos ficar 7 anos sem nos ver. Como eu vou sobreviver? — leva suas mãos até os ombros do camisa 08. Tinha jogado em marte se iria parecer egoísta. — Quem vai me levar pros lugares e se certificar que estou bem? — levanta os questionamentos. — Quem vai me brigar por andar com os cadarços desamarrados e vai amarrar pra mim? — inclusive Pedri tinha feito isso antes de irem pro CT. — Quem vai ficar de noite olhando pro céu comigo?

Pedri puxa Gavi pela cintura selando seus lábios na tentativa de calar o garoto. Acaba cedendo meio relutante pensando em outras hipóteses.

Calma, pensou ao separar os lábios do mais velho. Seus rostos ainda estavam próximos, suas respirações se misturavam, suas testas permaneciam coladas.

— isso, como eu vou sobreviver sem isso? — pergunta.

Antes de receber uma resposta, se separa ligeiramente quando a porta é aberta.

Lewa e Eric.

Ambos pareciam rir de uma boa piada até abrirem a porta e se depararem com a cena. Seus semblantes pareciam confusos e surpresos.

Eles viram.

Pedri na tentativa de manter a calma ficou calado, assim como Gavi. A diferença era que a face do mais novo pegava fogo.

Lewandowski vai constrangido até seu armário e o abre, puxa sua mochila antes de sair rapidamente dali, trombou o braço em Eric que continuava na porta, parecia ter sido congelado.

— Eric… — Pablo começou, iria tentar procurar uma desculpa. Mas apenas chamar o outro fez com que saísse do transe piscando algumas vezes.

— relaxa — levanta as duas mãos na altura do peito em rendição. — só fiquei meio..surpreso, principalmente com você. — aponta para Gavi que se senta em um dos bancos com as mãos juntas observando o garoto na porta.

Por conta de toda marra que o caçula tinha, acreditava que todos pensavam que ele era hétero.

— só não conta pra ninguém, pelo menos agora. — Pedri tinha o maxilar travado, parecia rígido. Não iria brigar com o garoto, não tinha nenhum direito, só estava nervoso.

— você sabe que não vou. — sorri pequeno mas seus lábios vão para uma linha fina. — só não posso responder pelo Lewa. 

Em campo • GadriOnde histórias criam vida. Descubra agora