capítulo dez

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Pablo estava aconchegado nos braços de Pedri que lhe fazia um cafuné, se não tivesse com várias coisas em mente, já estaria dormindo.

Aquele dia com certeza ficaria marcado em seus corpos e mente, invisivelmente. Em que foram descobertos, a primeira vez e o embarque.

Daqui uns dias teria uma comissão no estádio, com a presença de torcedores e repórteres. Gavi ansiava para que as horas passassem lentamente, vai estar sozinho, já que seu calmante embarcaria daqui 2 horas.

- podemos conversar? - perguntou González cessando os toques na cabeça do garoto que resmunga em insatisfação.

- sobre?

- Você ter noção que vivia sem mim antes de você chegar no Barcelona. - seus olhos estavam fechados enquanto acariciava o garoto, não iria conseguir viajar sem ter aquela conversa.

- algo me diz para tampar os ouvidos. - murmura convicto ainda nos braços do outro.

- Não. Eu só quero ir sabendo que você está bem. Não vou conseguir aproveitar nada com a cabeça aqui em Barcelona. - abre os olhos encarando o teto branco. - ou melhor, em você.

- eu só tô com...- procurava por palavras certas, mas que foi em vão. Afunda seu rosto na curvatura do pescoço do garoto, derrotado. - Tudo bem.

- também vou contar sobre você para meus pais. - dispara. Abre os olhos ao sentir o garoto sair do seu aconchego com os olhos esbugalhados. - não quero que eles saibam por outras pessoas que... - respira fundo. - sou gay.

Pedri nunca tinha namorado antes. Na verdade, nunca foi de se interessar por garotas, mesmo que seus colegas jogassem várias pra cima dele, nem chegou a pensar na possibilidade de se envolver com uma.

Não tinha desespero para estar com alguém, o problema das pessoas é não ter autocontrole. Antes de aprender isso, culpou a idade, argumentando que não podia perder o foco com bobeiras de relacionamento.

Até um garoto rebelde chegar em sua vida, lhe fazendo ir contra o que acreditava.

- eles vão me odiar. - se joga contra o corpo do garoto. - vão pensar que eu coloquei besteiras na sua cabeça.

- não, não vão não.

Na mente de Pablo já se passavam cenas dele sendo torturado pelo pai do amigo de diversas maneiras diferentes, o que lhe fez gemer de dor, pensando na última possibilidade terrível de sua genital sendo cortada em pedaços com uma faca.

Pedri o fez se deitar sobre si de uma maneira mais confortável, deixou um beijo em seu rosto. Fazia um afago em seus fios castanhos na tentativa de o tranquilizar.

- certo, são seus pais. Você sabe o que está fazendo. - diz ainda incerto daquela ideia. Acabou deixando o amigo surpreso por ter baixado a guarda tão facilmente.

Acompanhar o amadurecimento de Pablo estava sendo uma das suas melhores memórias e dádivas. Pois amadureceu junto dele, ambos entendendo e experimentando as coisas em seu tempo.

Gavi levanta o rosto para encarar os olhos do garoto antes de deixar um selinho em seus lábios, um ato tão puro que fez o coração de Pedri amolecer.

Segurou o rosto do garoto colando suas testas. Gavi deu um dos seus melhores sorrisos daquele dia quando a ponta de seu nariz encostou na do amigo e deslizaram uma na outra.

- Eu amo você.

Três palavras são o bastante pra você fazer uma pessoa feliz, ou destruí-la.

E essas três palavras foram o suficiente parapra fazer o sorriso de Pablo se apagar. Pela primeira vez, o mais velho não sabia identificar as emoções do mais novo.

Em campo • GadriOnde histórias criam vida. Descubra agora