Enfermaria

379 49 36
                                    


Robin Arellano

Eu estava puto. Completamente irritado com essa situação. Pode ter sido errado da minha parte seguir Foster e Chiara ontem, sem que eles soubessem disso, e também sei que ninguém gosta de stalkers, mas só o fato disso ter me ajudado a descobrir aquelas coisas sobre Angela, fez tudo isso valer a pena.

Eu estava passando pela área dos atletas quando vi Jake, Angela e os amiguinhos babacas do garoto rindo de Chiara. Quando eu me aproximei para ouvir melhor, descobri a traição e ainda por cima Foster teve a coragem de me chamar de mexicano pé rapado.

A lembrança foi o estopim pra eu partir pra cima de Foster que tentou desviar do meu soco mas falhou miseravelmente. Os dois amigos dele vieram pra cima de mim também mas antes que o da direita pudesse fazer algo, ele foi nocauteado por um chute vindo de trás dele.

Meu Deus, Como eu amo essa italiana.

Acabei levando um soco de Foster e um chute de seu outro amigo por causa da distração. Mas eu ainda não me dei por vencido. Já no chão, eu ainda não tinha me dado por vencido. Dei uma rasteira no amigo de Jake que caiu na minha frente.

Ele tentou vir pra cima de mim e me dar um soco mas eu o segurei e nós rolamos no chão, invertendo as posições e assim que fiquei por cima, comecei a soca-lo tão intensamente a ponto da minha mão já estar suja de sangue e machucada por causa do sangue e dos dentes do garoto.

Quando virei para o lado, vi Chiara e Jake trocando chutes e socos. Chiara tinha uma excelente defesa e isso era perceptível porque ela bloqueava muitos chutes e socos do atleta que, além de ter mais resistência, era maior do que ela.

A coisa ficou mais séria assim que o mesmo chutou a cara garota fazendo o nariz dela sangrar e a mesma soltar um grunhido de dor. Eu não aguentei e parti pra cima dele.

— O que vocês estão fazendo?! Que bagunça é essa?! - a inspetora gritou irritada. - Parem já com isso!

— Inspetora Jones, eu sinto muitíssimo pela minha conduta. - Jake disse fingindo arrependimento. - Mas esses dois brutamontes vieram pra cima dos meus amigos e da minha irmã.

— É mentira stronzo ragazzo! - Chiara disse o fulminando com os olhos. - Srta Jones, eles estavam vindo me espancar mas Arellano interferiu.

— Eu não quero saber! - ela disse furiosa. - Angela me chamou pra resolver isso. Os três vão para a diretoria agora! Não quero saber quem tem culpa ou deixa de ter, a diretora vai resolver isso.

Nós três respiramos fundo e formos caminhando em direção a sala da diretora sendo guiados pela inspetora que estava bem insatisfeita com tudo isso afinal, nós três estamos machucados e por mais que ela pareça chata, eu sei que a Sra Jones só se preocupa muito com a gente.

Desde que a antiga diretora da escola se aposentou e a senhora Owens entrou, a preocupação com a segurança e a diminuição da violência foram colocados em primeiro lugar. Ou seja, eu me fodi muito por causa disso.

Quebra de Tempo

A Senhora Owens nos olhava como se a qualquer momento ela fosse explodir.

— Vocês enlouqueceram?! Querem manchar a reputação da minha escola?! - ela gritou na nossa cara. - Senhorita Castelli, você mal chegou e já está causando problemas?! É a segunda vez que você está aqui por causa de brigas!

— Eu só estava me defendendo. Nas duas vezes eu não fui a primeira a atacar. - Chiara disse sem abaixar a cabeça para o sermão da mulher. - Ou você acha que eu vou ficar parada esperando eles me baterem?

— É muita ousadia você levantar a voz pra mim, não acha? - ela disse se segurando pra não gritar mais. Eu diria quase uma ameaça.

— Não levantei a voz em momento nenhum, apenas defendi o meu ponto de vista e eu ainda continuo defendendo, eu não ataquei primeiro. Eu apenas me defendi. - Chiara falou convicta.

— Ela tem razão. - eu disse antes da Diretora Owens se pronunciar. - Na briga do refeitório eu ataquei primeiro, mesmo tendo saído o mais machucado, fui eu que ataquei primeiro. Hoje, o Foster mandou os amigos pra cima dela. Ela só se defendeu e eu a ajudei porque é covardia três contra uma.

— É mentira diretora Owens! É mentira! - Jake disse desesperado.

— Eu não quero saber o que aconteceu ou deixou de acontecer! Eu vou ligar para os pais de vocês agora e torçam para não serem expulsos! - a Diretora Owens falou quase surtando de ódio. - Vocês vão saber o destino de vocês assim que seus pais chegarem aqui porque eu me recuso a continuar essa conversa com delinquentes levantando a voz pra mim. Saiam da minha sala agora!

Após o chilique da diretora, nós três saímos da sala e paramos no corredor, na frente da sala dela. Foster nos encarava com ódio mas Chiara mantinha seu olhar de superioridade.

— Isso ainda não acabou Castelli. - ele disse esbarrando nela de propósito.

— Pode apostar que isso é apenas o começo Foster. - a italiana disse com seu sotaque carregado enquanto ele saia.

— Seu sotaque não mudou de dois anos pra cá. - falei tentando puxar assunto.

— Acho que não Arelliáno. Vamos, a gente tem que cuidar dos machucados. - falou indo pra enfermaria.

— Acho que não precisa. - eu disse meio inseguro.

— Quem disse que eu te dei escolha? - ela disse me olhando firme. - Você vai e ponto.

Ela pegou meu pulso e começou a me arrastar em direção a enfermaria e eu sem muita escolha fui né.

Quebra de Tempo

Nós dois estávamos em pé do lado de uma bancada onde tinha alguns remédios, pomadas e itens para fazer curativo. Chiara passava alguns remédios nas minhas feridas em um silêncio quase mortal. Estava muito desconfortável mas eu não tinha coragem de quebrar aquele gelo. Ela tratava meus machucados com cuidado, mas foi aí que eu percebi que ela nem ligava para os seus próprios machucados. Isso me preocupa e muito, das últimas vezes que eu vi a garota machucada só aconteceram tragédias.

— Posso te ajudar com os machucados? - quebrei o silêncio.

— Não precisa, eu sei me cuidar. - disse séria terminando de enfaixar a minha mão.

— Eu sei que você sabe se cuidar mas eu quero te ajudar. - falei pegando a mão da garota que corou.

— P-por que? - ela disse gaguejando.

— Porque eu me importo com você. - falei pegando gaze e passando no álcool para tirar o excesso de sangue das feridas.

— Está bem. - ela disse e eu passei a gaze na testa da garota, onde tinha um uma ferida que sangrava.

Em seguida, passei nas mãos da garota onde tinham marcas de dente e enfaixei o local. Machucar a mão é horrível porque dói pra fazer qualquer coisa. Depois disso, passei pomada em alguns roxos no rosto de Chiara e me aproximei da mesma que corou rapidamente.

— Arelliáno? O que você tá fazendo? - ela disse se afastando enquanto eu continuava a me aproximar, já encurralando a mesma na parede.

— Que tal um beijo pra melhorar os machucados. - eu disse encostando as minhas mãos na parede fazendo com que ela não pudesse sair.

A Anja de Denver || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora