2- GLITCH

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Pablo Gavira

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Pablo Gavira.
Se para mim esse nome representava apenas nada mais que um jogador qualquer até semana passada, hoje, posso dizer que é o nome que mais escuto.

— É dele de novo? — questiono o Sr. Frederick da portaria, mesmo que saiba a resposta, nenhuma outra pessoa me manda presentes. O porteiro confirma e dou uma risada abafada no interfone. — Tudo bem, estou descendo, obrigada.

Pego minhas chaves na pequena mesinha de centro e destranco a porta surpreendentemente ansiosa, desde o minuto que deixou o Santiago Bernabéu, Pablo Gavira não me deixou em paz. Eu deveria saber pela forma que ele beijou minha mão e deu um sorriso presunçoso com um brilho no olhar de um garoto fazendo arte, mas preciso dar esses pontos a ele, não imaginei que se esforçaria de verdade. No dia seguinte ao jogo vim para meu apartamento em Barcelona, é onde me sinto mais à vontade e consigo sempre ir e voltar da faculdade a hora que quiser, esse prédio pequeno em um bairro arbóreo sempre foi meu refúgio, e agora sinto que foi um pouco invadido. Quando o Sr. Frederick me contou que o buquê  em suas mãos era para mim dei uma risada, afinal, quem mandaria aquelas flores para mim? Meu porteiro sorriu e disse que um cartão estava junto, quando li o nome do jogador do Barcelona desenhado em letras de arabesco, acreditei que era uma pegadinha, provavelmente de Isabel que não calou a boca um minuto sobre a forma que o jogador tinha me olhado no dia do jogo. Porém, no dia seguinte recebi uma caixa de meus macarons favoritos, no outro, ingressos para o próximo amistoso da seleção espanhola, passei a acreditar que aquele menino estava realmente distribuídos presentes na minha portaria, e que tinha contatos muito bons.

— Mais flores?

Meu porteiro negou com a cabeça, desde o primeiro dia posso ver o quanto ele está investido na história, já chegou a me perguntar quando eu vou dar uma chance ao garoto e toda vez que me entrega o presente posso sentir a expectativa crescendo em seu rosto envelhecido pela idade.

— É só uma caixa dessa vez.

Franzo o cenho vendo que, de fato, há somente uma caixa branca com um enorme laço de fita por cima. Tudo bem, Gavira, conseguiu me deixar curiosa, agradeço a Frederick e volto para meu apartamento o mais rápido que consigo. Balanço a caixa perto do meu ouvido, tentando descobrir o que tem dentro, mas não faz um barulho sequer, a apoio no chão me ajoelhando a sua frente, exatamente como fazia com meus presentes de natal quando criança. Hoje é sexta-feira, então tenho a sensação de que é o último presente que vou receber, não quero desperdiçá-lo abrindo com tanta pressa, passo a mão pela caixa sentindo a textura do tecido, e desfazer o laço é um pouco mais difícil do que imaginava, mas quando  ele finalmente cai no chão retiro a tampa com o coração um pouco acelerado de ansiedade. No centro da caixa um pequeno envelope me encara, ele está apoiado em um papel seda vermelho sangue que me  impede de ver com o que realmente o jogador decidiu me presentear, perco um pouco da paciência e puxo a carta de dentro do envelope.

Flores, doces e ingressos, o que falta pro nosso encontro?
Uma roupa nova!
Com muito carinho - Pablo Gavira.

Midnights•Pablo Gavira Onde histórias criam vida. Descubra agora