6- WE WERE RUNNING OUT

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Quando a porta do táxi abriu em frente ao casarão de Florentino Pérez, senti minha mão suar frio e um arrepio tenebroso na espinha, onde eu estava me metendo? Sinceramente estou me perguntando isso desde o dia em que surpreendi a mim mesmo aceitan...

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Quando a porta do táxi abriu em frente ao casarão de Florentino Pérez, senti minha mão suar frio e um arrepio tenebroso na espinha, onde eu estava me metendo? Sinceramente estou me perguntando isso desde o dia em que surpreendi a mim mesmo aceitando com tanta facilidade vir em uma reunião de família, pior ainda, a reunião da família Pérez. A verdade é a seguinte: não pretendia gostar tanto assim de Flora. No começo foi tudo mais pela vontade de conquistá-la e passar um tempo legal com ela, como já fiz com diversas outras garotas, o que eu não previ foi que ela acabaria sendo a garota mais inteligente, bondosa, atraente e interessante que conheço e agora existem poucas coisas que eu não faria por ela, essa sendo obviamente uma delas. Nunca dei muita bola pra toda essa ideia de ter alguém, de conversar sobre as coisas que se passam na minha cabeça, pra falar a verdade sempre achei que elas fossem perturbadoras demais e íntimas demais para serem totalmente divididas, mas no dia em que fomos eliminados precocemente da Copa e eu perdi completamente o chão, só tinha uma pessoas que eu queria ver, que eu soube  que não faria me sentir culpado ou um fracassado, Flora, e isso deixou mais do que claro de que eu não fazia a mínima ideia do que diabos iria fazer com essa situação.

A ruiva saiu na minha frente, parecendo tão apreensiva quanto eu, apoiei minha mão na sua cintura, a acompanhando no caminho de pedras até a porta exageradamente alta. Flora mordiscou os lábios antes de tocar a campainha, já percebi que essa é  uma das suas manias quando está nervosa e acho fofo pra caramba. Ela sorri pra mim um pouco sem graça e acaricio sua pele tentando tranquilizá-la, mesmo sendo eu quem precisa de um calmante ou um dardo tranquilizante que me ponha pra dormir. Alguém finalmente abre a porta, é um homem alto, relativamente mais velho do que eu, ele tem olhos verdes e os cabelos escuros como piche,  franze o cenho em minha direção e seu corpo inteiro se remexe desconfortável, deduzo na hora que aquele deve ser Matteo, o outro irmão mais velho dela. Leo foi relativamente fácil de conquistar, o cara é gente boa e quando nos encontramos na saída de um restaurante no Catar, ele me reconheceu na hora, parte por ser jogador da seleção e outra parte por ter estampado notícias de que estava saindo com sua irmã, felizmente sei ser convincente e não demorou muito para que ele concordasse em me colocar escondido para dentro do hotel que a família Pérez estava hospedada para me explicar. Em compensação, esse outro parece um Pitbull, ele me lembra muito mais a Flora, os olhos redondos e chamativos, as pintinhas espalhadas pelo rosto e principalmente a boca cheia e volumosa, a diferença é que ele me olha como se quisesse arrancar minha cabeça fora.

— Teo – exclama surpresa, o garotão que deve ser três vezes meu tamanho, desvia o olhar em direção a sua irmã e suaviza o ódio nos olhos claros.

— Fala, Florzinha. O vô tá esperando vocês na cozinha.

Engulo em seco, não tenho medo de Florentino, mas sei que estou entrando na toca dos lobos e sou o prato principal. Flora me contou um pouco da reação da família com meu presente e tudo mais, posso dizer que não fiquei surpreso, até meus pais que são tranquilos em relação a tudo acharam a história muito complicada, mas pra sorte da garota, quando ela me mandou aqueles biscoitos e seu recado escrito à mão, ganhou o coração de todo mundo e em compensação eu recebi  um coral de piadas tirando sarro de mim, principalmente Aurora que sempre me viu saindo com garotas e as dispensando, não esperava pelo dia que eu fosse sorrir com um presente de uma delas. Passamos por Mateo, que mede cada centímetro meu com desdém, é um desses garotos folgados e não sei decidir se o odeio ou admiro. Vamos em rumo à cozinha, que está  espalhando um cheiro de gengibre e açúcar pela casa. A ruiva aperta minha mão antes de entrarmos,  dou de cara com uma bancada enorme de pedra com biscoitos de gengibre assados em formatos diferente, confeitos de todo tipo, todas essas coisas de natal além de muitos membros da família com os olhos estalados em nossa direção, a conversa morre de imediato.

Midnights•Pablo Gavira Onde histórias criam vida. Descubra agora