02. Bolo de Chocolate, Invasões e Etc

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𝘛𝘢𝘺𝘭𝘰𝘳 𝘊𝘰𝘭𝘭𝘪𝘯𝘴

Uma semana. Esse foi o tempo que havia se passado e, infelizmente, eu ainda não havia me acostumado com aqueles olhares de repulsa sobre mim, por mais frequentes que fossem. Ao menos não eram tapas ou puxões de cabelo, que também haviam se tornado mais recorrentes do que eu gostaria.

Eu estava colocando meus livros no armário, quando um grito me assustou. Olhei para trás e um calafrio percorreu minha espinha. Definitivamente, eu nunca me acostumaria com aquele tipo de situação.

Uma garota loira se aproximava. Seus passos eram firmes, suponho que poderiam ser ouvidos até o fim do corredor. Ela estava com suas sobrancelhas franzidas e olhos semicerrados.

A última vez que tive medo ao ouvir meu próprio nome, foi quando eu tinha dez anos e roubei doces do armário sem a permissão da minha mãe.

Antes que eu percebesse, senti minhas costas batendo contra os armários, teria doído mais se minha mochila não tivesse amortecido. Acho que o som do meu corpo contra os armários poderia ter sido ouvido a três corredores. Ouço sussurros. E pela segunda vez só naquela semana o corredor inteiro parou só para me ver apanhar.

Depois Liza me perguntava porque eu era uma pessoa tão antissocial. Deve ser porque toda vez que as pessoas notam a minha existência, coisas ruins acontecem.

Aquela garota era muito mais alta que eu, acho que ela tinha por volta dos 1,75m. Pode até ser uma altura normal para a nossa idade, mas para mim que tinha dez centímetros a menos, era muita coisa.

Ela puxou meu cabelo e pressionou minha cabeça contra o armário, ficando cada vez mais perto, seu rosto estava a centímetros de distância do meu.

— Não quer falar nada não, Collins?

— Na verdade, já que eu vou apanhar, você podia pelo menos falar seu no...

Fui interrompida por um tapa. Minha voz estava falha, aquela dor era insuportável, mal conseguia falar.

Aí vocês perguntam: por quê falar? Você não está em uma posição muito negociável, Taylor.

Eu tinha um problema, podia não falar muito, mas quando abria minha boca era difícil controlar o que saía.

— Cala a boca! Vou fazer sua vida um inferno, Collins. De onde você tirou essa merda que eu traí meu namorado? — ela gritou, seu mau hálito se intensificou ao se aproximar.

Não pude deixar de fazer uma careta.

Diante daquela situação, o que uma pessoa normal faria? Ficaria calada ou então se ajoelharia implorando por piedade. Mas o que eu fiz?

— Já pensou em escovar os dentes? As pessoas levariam suas ameaças mais a sério.

E aí um tapa, bem na minha boca.

Mamãe uma vez disse que isso poderia acontecer, mas não a ouvi. Naquele momento paguei com a língua e seria mais eficaz se isso mudasse minha postura, o que provavelmente não iria acontecer.

Aquela loira oxigenada, com bafo de peixe podre saiu e me deixou lá.

Levei minhas mãos até minha cabeça, massageando, para ver se a dor passava. Meu corpo deslizou pelo armário e me sentei no chão, segurando o choro.

Estava sentada ao lado da caverna do capeta... quer dizer, diretoria. Esperava minha mãe chegar, sinceramente não sabia se ela chegaria gritando comigo ou com a Sra. Evans.

Os sons dos saltos da minha mãe poderiam ser ouvidos a quilômetros de distância. E ali estava ela, Sra. Collins entrando pela porta com passos firmes e um olhar furioso.

𝗥𝗢𝗧𝗔 𝗗𝗘 𝗖𝗢𝗟𝗜𝗦𝗔̃𝗢  ━  𝐖𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫 𝐒𝐜𝐨𝐛𝐞𝐥𝐥Onde histórias criam vida. Descubra agora