05. Psicopata não, Estudada

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𝘛𝘢𝘺𝘭𝘰𝘳 𝘊𝘰𝘭𝘭𝘪𝘯𝘴

— Bom dia, Solzinho! — A voz do meu pai me despertou. — Vamos, você está atrasada!

Minha visão estava turva quando vi meu pai indo até a janela. Imediatamente tapei meu rosto com o cobertor quando senti a claridade inundar meu quarto.

— Não, me deixa dormir — murmurei, minha voz soou abafada.

— Nada disso, os dias de folga acabaram! Hora de voltar pra escola. — Ele puxou o cobertor e o jogou no chão.

— Não quero voltar pra aquele inferno — resmunguei.

— Olha só, que absurdo. Quem te ensinou a falar essas coisas? — Ele franziu o cenho e colocou a mão na cintura.

— Você. — Me sentei na cama e arqueei as sobrancelhas em desafio.

— Ensinei não. Você ouviu e reproduziu. É diferente! — Ele ergueu uma das sobrancelhas e deu uma piscadela. — Vamos logo, Solzinho! — Ele olhou o relógio no seu pulso.

Me deitei novamente, coloquei um travesseiro em cima do rosto e soltei um grito alto.

— Tenho mesmo que voltar para lá? — Afastei o travesseiro.

— Tem, NYU não aceita vagabundos! — Ele saiu do quarto.

— Bom dia! — comprimentei, ao entrar na sala.

— Bom dia, querida! — Minha mãe abriu um sorriso e colocou um prato com panquecas em cima da bancada.

— Sol, você acredita que sua filha anda chamando a escola de inferno? Onde será que ela aprendeu essas coisas? — Meu pai abraçou minha mãe por trás e um sorriso se formou em seus lábios.

Christopher e Florença, as duas pessoas responsáveis por aumentar a minha expectativa em viver um grande romance adolescente.

Muitas pessoas costumam dizer: Não existe isso de romance na adolescência, você só se ilude e se machuca. Isso só acontece em filmes e livros.

Porém, meus pais me mostraram o contrário. Eles viveram um grande amor adolescente. Eles se conheceram com 15 anos, na cafeteria do meu avô.

Quando meu pai era adolescente, ele jogava basquete. Depois da vitória de um grande jogo, ele e seus companheiros de equipe resolveram comemorar na cafeteria do meu avô.
Por pura coincidência minha mãe estava ajudando meus avós naquele dia. Meu pai contava que assim que ele viu a minha mãe, ele percebeu que ela era a mulher ideal.

Meu pai apelidou minha mãe de "Sol". Ele dizia: "Só me tornei o que sou hoje graças a Florença, ela me iluminou, assim como o Sol ilumina a Lua".

— Eu não falei isso, eu tenho classe. Isso seria muito antiético! — Me defendi, e sentei na banca de frente para eles.

— Com certeza, você é uma pessoa muito ética. — Minha mãe balançou a cabeça em concordância e soltamos uma risada.

Meu pai me observava brincando com o garfo.

— O que você vai fazer hoje, Solzinho?

— Ir pra escola, voltar da escola, estudar, dormir.

— Por que sua vida é tão triste? — Ele deitou o tronco na bancada.

— A gente estragou ela? — minha mãe perguntou.

— Com certeza, não tenho dúvidas. — Ele levantou.

— Que isso? Me senti insultada. Só pra deixar claro vocês que me criaram. — Apontei para eles com o garfo.

— Pois é, somos péssimos pais. — Minha mãe levou a mão à cabeça, fingiu um drama.

𝗥𝗢𝗧𝗔 𝗗𝗘 𝗖𝗢𝗟𝗜𝗦𝗔̃𝗢  ━  𝐖𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫 𝐒𝐜𝐨𝐛𝐞𝐥𝐥Onde histórias criam vida. Descubra agora