metas (2/2)

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[tw (leve) : vômito]

Várias tosses ecoavam pelo banheiro do meu corredor. Era um barulho o qual eu não escutava fazia muito tempo, pelo menos vindo de outra pessoa: o de alguém tirando de seu corpo o álcool pela sua boca. Em palavras mais informais, vomitando tudo para fora. Não que esse fosse um específico barulho o qual eu ansiava escutar todo dia, mas só foi um ponto que percebi. Mas me surpreendi: não sabia que a pessoa que estaria me fazendo pensar nisso era Dante.

Eu segurava seus cabelos loiros quase que brancos em um rabo de cavalo com a minha mão, enquanto suas estavam ocupadas de segurar meu vaso. Suas pernas estavam dobradas, com sua coxa em cima de sua panturrilha, enquanto fazia intervalos entre botar tudo pra fora, respirar, depois continuar a botar tudo pra fora.

Senti sua cabeça voltar.

"Des-" Tossiu novamente "Desculpa por isso."

"Não se preocupa com isso não, meu parceiro. Eu vou sacanear da sua cara amanhã, então considere que eu vou dar o troco." Passou as costas da sua mão direita por sua boca, antes de olhar pra mim com um sorriso e olhos semicerrados "Foi?" Assentiu "Tá com dor na garganta, cabeça?" Negou "Ótimo." Soltei cuidadosamente seu cabelo

"Mas eu ainda tô tonto. Eu vou ficar assim pra sempre?" Ri de sua reação exagerada

"Que nada, bobo. Você provavelmente tirou 80% do álcool do seu corpo, mas aquele 20% vai se mostrar bem presente até amanhã de manhã. Enfim, vou arrumar o sofá-cama, ok?" Assentiu, logo levantando-se

"Obrigado por deixar eu dormir aqui... sério." Ele me olhava. Se antes parecia que ele olhava minha alma, agora ele estava analisando as contrações dos meus órgãos e as palpitadas do meu coração

"Nada! Sinta-se privilegiado, aquele sofá é dos deuses. Sério, melhor que minha própria cama." Sorriu, então levantando-se e me acompanhando até meu quarto.

Comparado a antes, Dante agora parecia quase que normal. Não murmurava coisas para si mesmo, nem quase caía logo que andava por conta própria (apenas dando umas cambaleadas ali e aqui). Sua única diferença, como eu disse, era o seu olhar. Não me entenda mal, eu nunca estive, estava, estou ou estaria incomodado com isso.

Chegando ao meu guarda-roupa, peguei o primeiro cobertor e o primeiro travesseiro que me chamaram a atenção que fossem no mínimo deliciosos de se utilizar: uma coberta felpuda branca com manchas pretas, parecendo até uma vaquinha, e um travesseiro macio e duro ao mesmo tempo. Pelo menos para mim, era a combinação perfeita, esperava que para o Dante fosse o mesmo.

Peguei ambos e os segurei com meu braço, fechando a porta do guarda roupa com o peso do seu corpo sobre ela. Fui até a porta, onde tinha um Dante meio bebo olhando para o nada, até perceber eu chegando até ele. Pegou seus confortos, me agradecendo novamente e olhando nos meus olhos. Depois de tanta resistência, desviei o olhar, indo até a sala apenas para puxar as almofadas e transformar aquele simples sofá em uma pequena e uma confortável cama.

"Espero que goste da estadia." Sorri para mu hóspede de hoje, aquele o qual se sentou na sua cama da noite e expressou óbvio conforto

"Valeu." Sorriu, e novamente, insisto em repetir, me observava.

Sentei-me ao seu lado. Afinal de contas, já eram onze da noite do último dia do ano. Para que dormir se eu poderia aproveitar essa oportunidade para manter-me acordado e ver os fogos de artifícios? Afinal de contas, tenho quase certeza de que, naquele momento, o sono não me pegaria.

"De novo, obrigado por me deixar aqui." Virei para meu lado, vendo seu rosto finalmente não virado em minha direção "Foi estupidez minha ter bebido tanto. Foi mal."

únicos || danthur [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora