1.| 𝑳𝒊𝒕𝒕𝒍𝐞 𝐩𝐫𝐨𝐛𝐥𝐞𝐦.

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𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀 𝐇𝐄𝐑𝐍𝐀𝐍𝐃𝐄𝐙.☽
𝖭𝖾𝗐 𝖸𝗈𝗋𝗄 - 𝖡𝖺𝗋𝖼𝖾𝗅𝗈𝗇𝖺.
𝘿𝙚𝙘𝙚𝙢𝙗𝙚𝙧 20.

𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎 𝐀𝐓𝐎𝐑𝐃𝐎𝐀𝐃𝐀, o avião balança em meus pés e tenho que prender a respiração para não surtar. Um, dois, três... conto pacientemente até conseguir controlar a maldita respiração, viagens nunca foi o meu forte, ainda mais quando tive que viver em aviões a vida inteira, mais do que na minha própria casa, e digo com total convicção que não foi uma das melhores experiências assim. Estou finalmente de férias, e indo de encontro com meu maior pesadelo.

Não queria ter que sair de Nova York, afinal foi o único lugar onde consegui finalmente me sentir em casa, segura e confortável, o suficiente para nunca mais querer voltar para Barcelona, mas aqui estava eu, totalmente contra a minha vontade. Meu pai me obrigando a voltar para o único lugar que prometi nunca mais pisar, a terra onde chamei de lar por um bom tempo, antes de acabar comigo da pior forma possível.

Observo a paisagem na janela, escura o suficiente para se tornar amedrontadora, olho o visor a minha frente e percebo que faltam poucas horas para desembarcar, ainda é madrugada e a maioria das pessoas se encontram dormindo, levanto da cadeira, agradecendo aos céus pelo assento ao meu lado se encontrar vazio e vou em direção ao banheiro. Assim que entro na minúscula cabine meus olhos vão direto para o espelho, e por um segundo me assustei com meu próprio reflexo.

Meu Deus. -Sussurro baixinho enquanto coloco os dedos abaixo dos meus olhos, observando melhor as olheiras nem um pouco agradáveis.

Não consegui dormir direito desde a notícia que teria que voltar à Barcelona e ajudar meu pai a cuidar da minha irmã mais nova, que estava sem babá, e sem uma mãe. Típico, meu querido progenitor fazia a bagunça e sobrava para mim, caso contrário, adeus dinheiro, meu pai cortaria toda a minha conta, e a contragosto ainda precisava dela. Não dependia financeiramente do meu pai há muitos anos, pelo menos não antes de me fraturar em um acidente trágico e perder o meu cargo de bailarina no melhor ballet de NY, um cargo que lutei anos para conseguir. Eu poderia dar um jeito, afinal eu sempre dava conta, não precisava dele nem de ninguém, mas o tempo estava escasso e logo as contas começariam a surgir, e até lá conseguir um emprego fixo e ser estudante não eram muito compatíveis.

O avião balança e tenho que me segurar na cabine para não cair, até que algo corta meu raciocínio quando uma batida se faz presente na porta e ofego em surpresa.

– Iremos decolar! -A voz abafada da aeromoça detrás da porta se faz presente.

– Já estou saindo. -Alerto a mesma enquanto jogo uma água no rosto para tentar acordar pelo menos um pouco e me preparo para sair da cabine extremamente apertada.

Assim que abro a porta dou um sorriso amarelo para a aeromoça de traços consideravelmente jovens que estava me esperando pacientemente para deixar a cabine e volto em direção ao meu assento, pego meu fone de ouvido na mochila ao lado e coloco, me certificando de que está alto o suficiente assim que a turbulência começa a se mostrar presente. Volto a minha contagem regressiva para não ter uma crise de ansiedade em frente a toda essa gente desconhecida e virar notícia principal nas manchetes assim que pisar os pés em terra fixa, afinal eu e a mídia nunca demos certo, polêmicas e mais polêmicas da "prodígio Hernández".

Todos esperavam muito de mim, coisas que nem eles mesmos eram capazes de fazer, por essa razão tudo que queriam que eu fizesse eu fazia ao contrário, queriam que eu fosse perfeita, mas porra, ninguém é perfeito, então me certifiquei de deixar isso claro para todos que tentavam me controlar, empresários do meu pai, mídia, "fãs".

My Little Problem. -PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora