A R A B E L L A.
Dias atuais.Acordo com o ronco estrondoso de um motor, aos poucos vou recobrando a consciência, minha cabeça lateja enquanto forço a visão observando o ambiente à minha volta. O carro era espaçoso e de um modelo atual, o painel brilhava com diferentes funções e o rádio estava tocando uma música calma, o que agradava meus ouvidos. Olhando um pouco para o lado noto alguém ao lado, o homem que por obséquio não consegui enxergar estava com as mãos no volante enquanto se concentrava na estrada deserta.
Mas que...
Minha cabeça dá voltas tentando se lembrar do que aconteceu.
— Droga! Você quer me sequestrar seu maluco psicótico? -Resmungo rouca sem forças enquanto tento abrir a porta.
Estava travada e me arrependo assim que escuto a minha própria voz ressoando em meus ouvidos, bebi mais que o normal e a dor de cabeça era insuportável demais para aguentar. O homem que estava antes relaxado fica tenso em questão de segundos e agarra minhas mãos. Ele vira seu rosto em minha direção, me inspecionando de cima a baixo.
— Eu não quero te sequestrar, sua maluca. -Afirma, parecendo assustado.
Depois de alguns segundos escuto ele resmungar. Ainda concentrado na estrada.
— Tinha certeza de que faria isso. -Balança a cabeça.
Me recomponho rapidamente, finalmente calma e com um resmungo sôfrego coloco a mão na testa, tentando inutilmente parar aquela dor de alguma forma.
— Acho que meu cérebro vai explodir. -Gemo em protesto.
— É de se esperar. -Ele rebate zombeteiro. — Contando com a quantidade de álcool que está em seu organismo agora, daria menos de 24 horas até você entrar em um estado de coma doentio. -Ele tenta me assustar.
Olho para ele com meu pior olhar mortal enquanto ele dá de ombros. Afundo minha cabeça no estofado de couro extremamente caro enquanto desejo sumir do mundo.
— Não seja rude. Eu apenas exagerei um pouco, ok? -Argumento enquanto flashes invadem a minha mente.
Um garoto, o banheiro, o piano que estava tocando lá de baixo; memórias do mesmo garoto pegando a minha mão enquanto corremos em direção à saída.
— Pedro! -Murmuro, finalmente lembrando do seu nome.
Ele tira os olhos da estrada e olha para mim, tenho quase certeza que escutei uma risada tensa do mesmo.
Olho os borrões de árvores pela janela e minha mente fica mais confusa ainda, estávamos longe da cidade. Muito longe.
— Onde estamos indo, Pedro? -Questiono receosa.
— É surpresa. -Ele tenta me acalmar. — Você vai gostar.
Tenho certeza de que iria colocar tudo para fora se abrisse a boca, então decido ficar calada pelo resto da viagem. Minha mente vaga enquanto me apoio da janela e observo a paisagem verde por detrás do vidro fumê, de relance vejo o garoto me observando de soslaio algumas vezes.
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My Little Problem. -PABLO GAVI
RomancePT/BR Ela é brasileira e está de volta em Barcelona, Arabella Hernández, a filha bastarda e emburrada do treinador, até então desconhecida antes de colocar aqueles lindos olhos desdenhosos em meu encalço e me prender em sua arrogância repentina, por...