Capítulo 09 - É realmente o fim?

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Lucas conseguiu tirar Hélio de dentro do galpão, estavam quase chegando na frente quando escutou o som de sirenes, deitou-se na areia, aliviado, e viu seu irmão se mexer e arrastar-se até seu lado.

Hélio olhava para o galpão ainda perdido, o fogo estava começando a tomar conta do lugar, pedaços da parede com a qual o carro colidiu tinham caído e tudo se resumia a poeira, fogo, concreto e barulho, pôs a mão sobre a do irmão e Lucas a segurou antes de começar a perder as forças e fechar os olhos, cansado, Hélio fechou os olhos também.

Alan parou a viatura praticamente dentro do local, chamou Samuel e ambos foram em direção aos sobreviventes, mais atrás, um carro preto parou e o restante da equipe saiu dele indo, na mesma direção, Carlos agradeceu ao motorista, que saiu apressado para não precisar fazer outra corrida louca como aquela.

Carlos se aproximou dos agentes, enquanto Torquato e Diógenes começaram a procurar por mais vítimas ou pelos suspeitos, mas a fumaça estava dificultando muito a visão e tinham medo da estrutura desabar.

— Procurem nos terrenos ao redor, devem ter deixado algum sinal, pegadas, rastros, qualquer coisa. — Carlos falou para os colegas e foi com Samuel e Alan até Hélio e Lucas, ajudou Samuel a carregar Hélio, enquanto Alan pegou Lucas e foram em direção à viatura.

— O apoio está chegando, os bombeiros também, Carlos, eu preciso levá-lo. — Alan falou para o seu chefe andando apressado.

— Vão, eles estão machucados, Lucas foi baleado e perdeu muito sangue pelo jeito e Hélio parece exausto. — Carlos falou para o afilhado e ajudou-o a colocar o agente ferido no banco do passageiro.

Alan foi para o outro lado do carro e sentou-se também, estava preocupado com a febre, não sabia ao certo há quanto tempo ele estava assim e nem o que havia precisado fazer, mas o que importava era que estava vivo.

Samuel ligou o carro e saiu cantando pneu, o policial estava surpreso com o seu primeiro dia de trabalho, nunca imaginou que fosse tão complicado, mas tinha gostado, só não gostava de transparecer para não parecer um garoto no parquinho.

— Cara você está animado, precisa aproveitar para gastar essa adrenalina, pisa fundo. — Alan mandou e Samuel riu animado, acelerou e pulou marchas até a última e seguiu em disparada pela estrada.

Alan pegou seu celular no bolso e digitou o número do seu irmão, Sandro saberia lhe dizer o que fazer até chegarem no hospital.

— Sandro, Lucas desmaiou e acho que perdeu muito sangue, está febril e enfaixado no ombro. Hélio parece exausto, mas está com cortes na testa e no supercílio que não estão sangrando mais, ah, e ele também tem um galo na testa. – Explicou para o médico o que via.

Sandro sentou-se no sofá, aliviado, e Yamamotto pegou sua bengala para se aproximar dele, levando o celular.

Yuri e Luana se apertavam para aparecer na tela com Leandro e Danilo, infelizmente, as notícias tinham chegado a eles através de colegas que não sabiam que estavam por fora.

— Vou passar para o seu amigo idiota. — Yamamotto falou antes de entregar a Sandro o telefone, o que fez o médico chefe resmungar, irritado.

— Leandro, meninos, seu pai está bem, só se machucou no ombro, mas não foi nada grave. — Sandro falou para seu amigo e para as crianças.

— Então ele virá logo para cá e teremos uma conversa. — Leandro falou irritado, tinha sido enganado.

— Brigue com o padrinho também, ele parece que estava sabendo. — Sandro disse para o médico. — Será mais fácil esconder a identidade dele depois de matá-lo agora que trabalha como médico-legista forense. — Brincou tentando manter seu amigo calmo.

Leandro riu nervoso, a situação estava lhe deixando cansado, parecia sua residência, plantões intermináveis, artigos, relatórios, pelo menos seu irmão o ajudava com as crianças, que estavam se comportando.

— Eu queria fazer isso, mas me contento com ele de ombro enfaixado vindo para cá e passando os próximos cinco anos comigo, talvez longe de encrencas. — Leandro respondeu.

— Tio, cuida do papai tá. — Yuri falou para Sandro e acenou para o avô, mandando um beijo em seguida, Yamamotto retribuiu sorridente o carinho dele.

— Vovô, traz ele, estamos com saudades de vocês. – Yuri e Luana pediram ao avô, Yamamotto a tratava como sua neta do mesmo jeito que os filhos de Yuri.

— Levarei ele e não vou mais deixar que se machuque. — Yamamotto falou para os netos. — Meus netos, vamos deixar seu pai descansar um pouco agora e amanhã eu ligo e falo com vocês. — Falou para os netos, estava anoitecendo lá.

— Estou livre até domingo, peguem o primeiro voo para cá quando ele tiver alta. — Leandro falou para o sogro e Yamamotto concordou.

Alan escutava aquilo irritado, queria saber quais os cuidados que tinha que tomar, e não ter o papo família, já iam em dezembro passar o natal e ano novo com eles.

— As velhas podem me dizer o que devo fazer? — Perguntou ao irmão e a Yamamotto.

— Nada mano, traga eles, Lêda e eu vamos recebê-los. — Sandro avisou.

— Ótimo. — Alan respondeu e desligou, Lucas encostou a cabeça no seu ombro e continuou do seu lado.

Depois de ajudar Alan e Samuel, Carlos, Torquato e Diógenes com ajuda dos policiais de apoio começaram a realizar buscas pelos terrenos ao redor do galpão enquanto o corpo de bombeiros começava a apagar o fogo, o corregedor observava cada canto do lugar em busca da filha, mas torcia para que Letícia não estivesse participando daquilo novamente.

Embrenhou-se no mato com dois policiais e seguiram por uma parte que estava com galhos quebrados e marcas de pés tanto mata a dentro quanto para fora, receoso, enquanto caminhava, tirou sua pistola do coldre e manteve próxima do rosto para atirar caso fossem atacados. Assim, seguiram mata a dentro.

À medida que adentrava o local, o corregedor percebia que estava na pista certa desta vez, os arbustos iam diminuindo e conseguia ver ao fundo uma casa simples de madeira, andando com cuidado para não fazer barulho, continuou.

Ao chegarem na clareira onde a casa estava, Carlos se surpreendeu com Dante sentado lhe aguardando, não carregava nada, apenas o olhava como se estivesse esperando-o, o que o deixou desconfiado, seus colegas foram em direção ao foragido e trataram de algemá-lo.

— Paula está lá dentro amarrada. — Dante avisou e Carlos mandou os dois entrarem, precisava conversar com ele a sós.

— Onde Letícia está? — Carlos perguntou, falando baixo.

— Fugiu, aquela confusão no galpão foi ela quem fez. — O preso respondeu e continuou esperando ser levado.

— Vitória? Onde ela está? — Carlos insistiu.

— Não sei. Não adianta mais me perguntar nada. — Dante cortou, não ia falar mais nada fora do interrogatório.

— Seus irmãos foram para o hospital. — Carlos avisou e entrou no casebre,

Dante abaixou a cabeça e sorriu mais aliviado, estava com medo deles terem sofrido algo sério com a explosão.

Assim que Carlos entrou, os policiais puxavam Paula da cadeira, depois de algemá-la, e ele parou para olhar a mulher que ia ser levada, parecia outra pessoa, a jovem bonita que viu ser levada em meados de dois mil e dez, onze anos atrás, parecia ter envelhecido muito mais que uma década.

— Enfim te pegamos, infelizmente, não pude ter o prazer de prender seu marido e sua nora, mas ela será questão de tempo. — Provocou.

Paula levantou o rosto e sorriu com escárnio, aquilo lembrava muito Yuri, era como se o defunto estivesse ali, olhando para todos assim como se estivesse um passo à frente, irritando o corregedor, porém, diferente dele, Paula continuou calada e seguiu com os policiais para fora da casa.

O que ela quis dizer com esse gesto? Pensou, preocupado, e acompanhou os colegas.

Unidade Especial de Investigação - Vol.01 - O ResgateOnde histórias criam vida. Descubra agora