Capítulo 07 - A Fuga

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Depois de aguardar um pouco, Letícia saiu da área de mata alta e entrou no estacionamento do galpão indo em direção ao carro novamente, suas digitais estavam no local, o que seria bom para terminar sua parte no plano.

Tirou a roupa que estava usando, para deixar no carro, agachou e começou a friccionar o braço na terra até sangrar um pouco, depois, passou o sangue nas roupas, ficando só com um short jeans que terminava na altura das coxas e uma regata preta sobre o sutiã da mesma cor. Após isso, jogou as roupas retiradas dentro do automóvel.

Abriu a portinhola do tanque de gasolina com cuidado para a bituca não cair e apagou, em seguida foi até a frente do automóvel, apertou no botão que o ligava sem a chave e girou o veículo em direção à porta do galpão, com sorte, Dante ainda estaria perto e ela podia jogar o carro contra o galpão velho, a estrutura começaria a rachar e ruir, o carro explodiria e, se Lucas ainda estivesse mesmo vivo, morreria.

Entrou novamente no veículo e deixou a porta do seu lado aberta, de ré, foi até o mato e em seguida começou a acelerar pisando fundo no pneu, jogou-se do carro, que foi direto, batendo com força na parede.

A força e o impacto fizeram uma rachadura se abrir e o motor começar a soltar fumaça, tinha dado certo, foi até a parte debaixo do carro e puxou os canos que faziam o óleo ir até o motor fazendo derramar depois correu em direção à entrada.

Ao verificar que não havia ninguém ali, saiu do galpão, mas, parou quando sentiu algo errado, olhou para seu ombro direito reparando num ponto vermelho, se virou e percebeu a razão para isso.

Hélio apontava sua M200 para ela, a mira a laser agora subia para o seu pescoço, próximo à sua jugular, sentiu um frio na espinha imaginando que realmente ia ser morta, mas ele continuou se aproximando.

— Minha mãe confessou. Sai daqui antes que o Dante chegue. — Hélio avisou, tinha vontade de acompanhá-la e fugirem juntos, mas era só um desejo, haveriam outras mulheres por quem ia se apaixonar.

— Está sempre me protegendo. — Letícia comentou, enquanto Hélio caminhava para perto dela, indo em direção ao galpão. — Ele vai morrer, um pequeno acidente com o carro. — Comentou irônica e correu na direção contrária a que ele veio.

Hélio viu o carro bloqueando a entrada do galpão, passou a mão na testa para secá-la depois puxou a gola da camisa até o nariz para evitar inalar fumaça, óleo escorrida embaixo do carro, sinal que estava bem perto de pegar fogo. Quando explodisse, isso faria aquele lugar ceder.

Empurrou a porta e, com cuidado, passou, evitando a parte onde o fogo começava a aparecer, precisaria procurar a outra porta e atirar nas dobradiças para que ela cedesse e ele pudesse arrombar com mais facilidade.

Assim que entrou, viu a cadeira caída e um rastro de sangue indo em direção ao outro lado, colocou a arma no ombro e começou a correr indo em direção à outra saída, precisava ajudar seu irmão a sair dali rápido.

Passou, dando um pulo sobre a cadeira, e afastou algumas caixas que estavam caídas por perto, até encontrá-lo andando cambaleante. Passou o braço por baixo do braço esquerdo do irmão, apoiando-o em si e continuou andando rápido, o sangue estava manchado parte da sua blusa.

— Você ia arrebentar seu ombro bom se jogando contra a porta. — Comentou com seu irmão, que apenas encostou a cabeça em seu ombro, estava febril pela perda contínua de sangue, porém continuaram andando.

Não demoraram muito para chegar na tal porta, mas, antes que Hélio começasse a abri-la, foram jogados para frente a explosão fez a lateral do galpão ceder e a parede desmoronar fazendo uma nuvem de poeira derrubá-los e parte do teto começou a ruir e alguns pedaços caírem próximo dos irmãos.

Hélio caiu, batendo a cabeça com força no chão, e desmaiou, deixando Lucas preocupado. O cheiro de fumaça continuava aumentando, com bastante esforço, sentou-se apoiando-se no braço livre, e começou a chamá-lo para que acordasse, mexeu nos ombros, cutucou e, como não conseguiu, virou o irmão, percebendo que a testa estava com um corte na lateral do rosto que sangrava.

— Lá vamos nós. — Lucas falou ao ficar de quatro e pegar a arma presa ao ombro do seu irmão, pelo menos não tinha disparado com a queda. Colocou-a no ombro bom, continuou engatinhando até perto da porta e mirou numa das dobradiças.

A porta de metal era de espessura grossa, com dificuldade, Lucas mirou nas dobradiças, torcendo para a bala não ricochetear na sua direção ou de seu irmão. Há três anos não atirava.

Apertou o gatilho e, para sua sorte, a dobradiça começou a ficar pêndula após acertar um dos pregos do meio, os outros três pareciam ter ficado frouxos com os tremores devido à explosão, então, fez o mesmo em direção à segunda dobradiça, fazendo a porta estremecer.

Com a arma, empurrou a porta para frente, fazendo-a cair na estrada próxima ao matagal, refez o caminho até seu irmão e sentou-se e com muito esforço e devagar, começou a puxá-lo, apoiando-se no braço bom. Na primeira tentativa, não andaram nem um milímetro, então puxou seu irmão com mais força, e caiu de costas no chão, sentindo dor.

— Acorda, acorda Hélio, por favor. — Falou com medo, cada minuto perdido aumentava o risco de não sobreviverem.

Unidade Especial de Investigação - Vol.01 - O ResgateOnde histórias criam vida. Descubra agora