Um herói incomum

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(Um ano antes da Revolução das Máquinas)

... Seungmin ...

Seungmin reuniu toda a sua paciência, forçando um sorriso simpático para o cliente indeciso que examinava atentamente o cardápio. Este se encontrava em uma encruzilhada entre um Frappuccino e um Machiatto.

— Senhor, eu posso sugerir nossa especialidade da casa. Uma bebida refrescante para esse dia quente. O que...

— Será que você não está vendo que eu estou escolhendo? — Disse o cliente de forma ríspida. A fila aumentava ainda mais.

— Senhor, precisamos atender os demais clientes.

— Que péssimo atendimento, esse lugar é uma merda. Vou postar nas minhas redes sociais.

Seungmin o ignorou e passou para o próximo cliente da fila, pois os que aguardavam começaram a expressar sua impaciência.

— Vai mesmo me ignorar?

— Não estou te ignorando, Senhor. Estou te dando tempo pra escolher o que quer, enquanto isso irei atender os outros clientes. Quando decidir, volto para atendê-lo.

O homem lançou um olhar furioso, evitando criar um escândalo sabendo que seria repudiado pelos outros clientes na fila, que o encaravam com irritação. Ao receber seu Frappuccino, deliberadamente jogou o líquido em Seungmin, que considerou retaliar, mas optou pela prudência, chamando o segurança da cafeteria para remover o cliente indisciplinado. A máxima "o cliente sempre tem razão" tem suas exceções, especialmente quando o cliente se comporta como um completo idiota.

Seungmin resistiu à tentação de uma vingança épica. Poderia facilmente arruinar a vida do homem com um simples clique de seu mouse, graças às suas habilidades no mundo cibernético. No entanto, ele fez um juramento pessoal de nunca usar seus "poderes" para questões banais. Respirando fundo, ele tirou o avental sujo, pegou um rodo e um pano, decidindo limpar o chão manchado de Frappuccino.

No caminho para casa, Seungmin ansiava por um longo banho, uma boa xícara de café e o início do seu "segundo emprego" – na verdade, mais um hobby peculiar. Ele se dedicava a hackear empresas e políticos corruptos, expondo informações ocultas ao mundo. Utilizava suas habilidades para revelar os bastidores sujos das operações. Durante o dia, era simplesmente Seungmin, um barista discreto que não chamava a atenção. À noite, transformava-se em Minnie Mitnick, o hacker mais procurado do mundo. O emprego na cafeteria servia como um disfarce perfeito para sua vida noturna.

Naquela noite, algo incomum capturou a atenção de Seungmin. Ao observar as telas de seus notebooks, percebeu um estranho ponto de energia que destoava do comum. Dedicou horas a estudar aquele fenômeno, chegando à conclusão de que algo trágico estava prestes a acontecer. Ao decodificar códigos, alcançou uma conclusão surreal que, inicialmente, o fez rir diante da aparente impossibilidade do que descobrira.

— As máquinas vão dominar o mundo — Seungmin riu ao se lembrar dessa frase que seu mentor, um habilidoso hacker, usava quando era vivo — Pois é Mestre, parece que suas previsões estavam certas.

Seungmin foi o único humano que descobriu o que estava prestes a acontecer. Tentou contatar o governo, expor o que estava ocorrendo, criou contas fictícias para divulgar os objetivos das máquinas, mas todos o trataram como um louco, ignorando suas tentativas de alerta. Cansado de tentar provar a iminência do perigo, decidiu aguardar, observando qual seria o destino da sociedade diante do iminente evento.

Tomou as devidas providências para se proteger das máquinas, incluindo a remoção do chip de sua mão, contornando a situação para aparentar que ainda o utilizava. Durante aquele longo ano, continuou a levar uma vida aparentemente normal, sem se preocupar demasiadamente com o destino da raça humana. Na verdade, ele já estava cansado daquele mundo.

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