Caminhada

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A caminhada até a sede das máquinas, conhecida como a Cidade do Futuro, estava a quilômetros de distância. A persistente investigação de Lee Know forneceu-lhes uma direção, um caminho que agora poderiam seguir. Graças a isso, tinham conhecimento do destino para onde os escolhidos estavam sendo levados.

As negociações para obter informações seguiam um padrão variado. Inicialmente, Bang Chan abordava o assunto com sua educação acadêmica, geralmente sem obter resultados concretos. Em seguida, Changbin entrava em cena com ameaças, exibindo seus músculos bem definidos e desferindo um soco potente na parede para intimidar a vítima, mas essas táticas também apresentavam limitado êxito. Seungmin, por não ser hábil com pessoas, preferia evitar tentativas de negociação, se fosse para negociar com os androides poderia até tentar. Lee Know, por sua vez, optava por barganhar informações mediante a oferta de dinheiro, remédios e uísques caros, conseguindo êxito em algumas ocasiões. No entanto, todos concordavam que Lee Felix era verdadeiramente o mestre da persuasão, surpreendendo a todos com sua habilidade em conduzir qualquer pessoa em uma conversa para alcançar seus objetivos.

— Você tá muito fodido se usar essa sua magia negra em mim — Dizia Changbin toda vez que Felix conseguia uma informação.

A jornada tornava-se ainda mais desafiadora, uma vez que, além de não poderem utilizar veículos devido ao controle das máquinas sobre eles, precisavam cuidadosamente planejar as rotas para evitar câmeras e robôs monitorando as cidades, fazendo com que os trajetos rurais fossem a opção mais segura. Caminhavam durante a maior parte do dia e, à noite, acampavam ou procuravam casas abandonadas para garantir um descanso seguro.

Ao longo do percurso, aproveitavam o tempo para conversar e se conhecer melhor. Com exceção de Seungmin, que permanecia respondendo com monossílabos. Não apenas tinha dificuldade em iniciar uma conversa, mas também em mantê-la. Se estivessem em um jogo de RPG, ele certamente teria muito a dizer, mas comunicar-se pessoalmente era algo mais complexo para ele.

— Você está bem? — Changbin se aproximou. Seungmin o olhou desconfiado, os outros andando na frente distraídos com seus assuntos.

— Sim — Respondeu Seungmin secamente.

— Então... é... o que você fazia antes? — Changbin se sentia um pouco deslocado para puxar assunto com ele.

— Isso importa agora?

— Importa. Quero te conhecer melhor.

— Por que?

Changbin suspirou, esforçando-se para manter a postura. Nunca havia lidado com uma criança tão difícil. Como uma babá extremamente eficiente, Changbin já cuidara dos piores pequenos diabinhos em corpos de criança, mas Seungmin provava ser mais desafiador do que qualquer um deles.

— Porque agora somos parceiros de resgate. É importante sabermos quem são nossos aliados.

Seungmin revirou os olhos.

— Eu era barista.

— Que legal. Um trabalho que requer muita paciência — Changbin tentava imaginar Seungmin lidando com os clientes, de simpático ele não tinha nada, mas era muito bonito.

— Era um cu. Odeio pessoas.

— É, faz sentido.

— Quer saber a verdade?

Changbin estranhou a pergunta, era o primeiro diálogo que conseguia ter com ele depois de dias tentando.

— Sim. Quero. Não temos mais o porquê esconder quem éramos.

— Eu era um criminoso — Changbin arregalou os olhos, por mais frio e indiferente que Seungmin fosse, ele não parecia nem um pouco um criminoso — Calma, eu não era um assassino nem nada do tipo. Eu era um... pirata.

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